texto de Eric Margolis, tradução de btpsilveira
Abril
de 2017 "Information Clearing House" – Talvez nosso presidente dos EUA creia que
obteve uma vitória espetacular sobre aqueles malvados bandidos da Síria, por
ter despejado alguns mísseis de cruzeiro contra uma de suas bases
semidesérticas. Talvez Trump esteja acreditando que deixou os diabos russos
tremendo de medo e levou aqueles chineses em sampans (barco rústico usado na China, feito de três pranchas de madeira e
impulsionado a remo – aqui usado pelo autor significando que Trump acredita que
os chineses são primitivos. A palavra tem origem no cantonês sam[três]/bam[pranchas]
– NT) à mais submissa obediência.
Sua
Mãe de Todas as Bombas, de 11.000 quilos, despejada contra o Afeganistão deve
manter os malfeitores do Talibã sossegados por algum tempo, embora o Pentágono
tenha afirmado que o alvo era um grupo – Khorasan – que na realidade talvez nem
exista.
Os
maiores malfeitores, aqueles loucos da Coreia do Norte, poderiam estar na iminência
de sentir a força do porrete militar (norte)americano se não se comportarem.
Não
contente de estar a ponto de iniciar uma nova Guerra com a Coreia do Norte, o presidente
Trump agora está apontando o porrete para outro bicho papão predileto dos EUA,
o Irã. Para os Trump, o Irã é veneno puro.
Atualmente,
o presidente Trump tem ameaçado renunciar unilateralmente ao acordo assinado
com mais cinco potências nucleares para congelar ou diminuir a infraestrutura
nuclear iraniana. Esse pacto extremamente delicado foi assinado durante a
administração Obama pelos seguintes países: Estados Unidos, Inglaterra, França,
Rússia, Alemanha e China. Aparentemente, Trump quer simplesmente revogar o
tratado ultrajando assim as outras potências apenas porque ele odeia o Irã por
alguma razão, bem como, aparentemente, os muçulmanos em geral.
A
administração Trump parece cada vez mais influenciada pela extrema direita
israelense do governo Netanyahu. Na realidade, o Primeiro Ministro Netanyahu
acaba parecendo o membro mais moderado de sua coalizão de direita, dominada
pelos colonizadores militantes da Cisjordânia.
Trump
se cercou com os mais ardentes defensores da extrema direita de Israel. Um de
seus maiores financiadores é o magnata dos cassinos Sheldon Adelson, fanático
apoiador da expansão judaica na Cisjordânia ilegalmente ocupada.
O
Irã se tornou uma espécie de fetiche para a direita de Israel, que não se cansa
de vociferar pedindo a guerra contra a República Islâmica. No entanto, o
poderoso lobby israelense fracassou nas tentativas de forçar a administração Obama
a atacar o Irã. O congresso (norte)americano, em contraste, está totalmente sob
controle israelense e respeita mais o Primeiro Ministro Netanyahu que o
Presidente (norte)americano. Quem paga, manda...
De
fato, o congresso tentou bloquear vendas de aviões comerciais da Boeing para o
Irã, um negócio de 16.6 bilhões de dólares, mesmo sabendo que isso custaria o
emprego de milhares de cidadãos (norte)americanos. Desde que foi assinado, o congresso
tenta sabotar o acordo nuclear com o Irã, colocando os interesses nacionais
(norte)americanos em risco, em benefício dos interesses da direita israelense.
Agora,
o presidente Trump afirma que encontrou novos motivos para sabotar o acordo
assinado pelas seis potências: o Irã, assevera Trump, apoia o “terrorismo” e
está cheio de más intenções. Esta acusação está no ar há décadas, impulsionada
por Israel como uma razão maior para atacar o Irã, porque a República Islâmica
supostamente apoiaria o movimento “terrorista” libanês Hezbollah e a
organização palestina Hamas.
A acusação de “terrorista” é brandida contra todos os inimigos de Israel
e dos Estados Unidos. É um codinome que de tão usado perdeu significado, e que
ao ser usado, automaticamente nega aos acusados justiça moral ou política.
Estive
com o exército israelense quanto este invadiu o Líbano em 1982 e sou testemunha
de primeira mão de como a sua arrogância transformou os xiitas, que eram
apoiadores de Israel em lutadores anti-israelenses. Na realidade, Israel
encorajou e pode até ter financiado secretamente o crescimento do Hezbollah e
do Hamas, na esperança de que eles poderiam arruinar o apoio concedido à
Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e à milícia libanesa Amal.
Hoje, Israel odeia o Hezbollah e o Hamas e está determinado a erradicá-los.
Há muito tempo que o principal apoiador do Hezbollah e do Hamas tem sido a
Síria. Grandes partes da Síria foram destruídas por revoltas engendradas pelos
Estados Unidos e por bandos de mercenários financiados pela Arábia Saudita.
Isso deixou o Irã como o maior apoiador do Hamas e do Hezbollah e como o grande
patrocinador do governo Assad. A OLP se tornou um títere de Israel e dos
Estados Unidos.
Assim,
agora Israel está determinado a destruir o Hezbollah e seus quartéis generais
no Líbano e depois esmagar o Hamas com as bênçãos de Trump, acabando de vez com
a esperança de um Estado Palestino. Neste momento, o Irã está sendo acusado por
todo e qualquer problema de Washington no Oriente Médio. Assim, voltou a febre da
guerra contra o Irã.
O
interessante é que o Irã, que tem 79.1 milhões de habitantes, não está
encolhido de medo com a ameaça. Como a Corei do Norte, a força aérea e a
marinha do Irã são alvos fáceis. Mas o Irã tem uma infantaria muito forte,
cerca de 500.000 homens, incluindo a Guarda Revolucionária. Estão armadas com
armas obsoletas, mas mostraram espírito de luta resoluto na guerra Irã-Iraque.
Qualquer invasão dos Estados Unidos certamente encontrará resistência feroz.
Um
comandante iraniano me disse: “que os (norte)Americanos venham e invadam. Eles
quebrarão os dentes no Irã. Daí, vamos expulsá-los de vez do Oriente Médio.”
Bem
arrogante, mas não impossível. O Irã pode se mostrar mais do que os Estados
Unidos podem morder. O presidente Trump ainda não tem consciência perfeita
desse fato, e ainda está na fase divertida de seus novos brinquedos militares.
Seu problema é que ele não consegue decidir onde atacar primeiro.
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