O que realmente mudaria na presidência democrata?
O que realmente mudaria na Presidência
Democrata?
Texto
de Moon of Alabama – tradução btpsilveira
Pepe
Escobar se mostra tão pessimista quanto a provável administração Biden quanto
eu. A política externa que ocorrerá poderá parecer com o retorno da bolha que desencadeou sete
guerras no transcorrer da administração Obama/Biden:
Embasado no conteúdo do TIP,
imaginemos o retorno dos Democratas à Casa Branca, com a perspectiva de Kamala
Harris assumindo rapidamente a presidência. Seria o Retorno da Bolha.
Trump chama isso de “o pântano”. Ben
Rhodes, um bajulador desprezível e antigo vice Conselheiro de Segurança
Nacional sob Obama – pelo menos cunhou a cômica “Bolha”, para denominar a gangue incestuosa
responsável pela política externa de Washington – think tanks, academia,
jornais (do Washington Post ao New York Times) e a revista Foreign Affairs como
a bíblia não oficial.
De imediato, a presidência Democrata
precisará encarar as implicações de duas guerras: a Guerra Fria 2.0 contra a
China e a interminável e trilhardária GWOT (Global War on Terror – Guerra
global contra o terrorismo), renomeada como OCO (Overseas Contingency
Operations – Operações Externas de Contingência) pela administração
Obama/Biden.
A
equipe dos Democratas na Casa Branca que Escobar descreve (Clinton, Blinken,
Flournoy, Rice) como nada menos que uma assembleia de senhores da guerra,
sempre buscará políticas belicistas. Os principais inimigos (Rússia e China)
serão os mesmos que foram sob Trump. Síria, Venezuela, Irã e outros poderão
continuar na lista de alvos da política externa dos Estados Unidos. Assim, essa
abordagem dificilmente mudará pela simples passagem da versão Trump para a
versão Biden e pode até ser executada com competência mais mortal.
Porém
Escobar vê os desenvolvimentos potenciais:
Em contraste, os atrativos podem ser
o retorno dos Estados Unidos ao JCPOA, ou acordo nuclear do Irã, única
conquista da política externa da administração Obama/Biden, e o recomeço das
negociações de desarmamento nuclear com a Rússia. Este último pode implicar não
numa guerra fria total, e sim na contenção da Rússia, embora Biden tenha sido
assertivo ao declarar que a Rússia é a “maior ameaça” aos Estados Unidos.
Acredito
que Harris e Biden serão desapontadores nas duas questões. Os neoconservadores já
infestaram o campo de Harris (Biden). Assegurarão que o JCPOA não será reativado:
Noite
passada, em vídeo conferência online oficial da campanha de Biden, liderada
pelo grupo “Judeus norte-americanos por Biden” e moderada por Ann Lewis, da “Maioria
Democrata por Israel” dois neocons Republicanos proeminentes apoiaram Biden,
primariamente porque o caráter de Trump representaria um perigo para a democracia.
Mas ambos enfatizaram que Biden poderia ser mais propenso a usar a força no
Oriente Médio e asseveraram aos judeus que os assistiam que Biden poderia
despolitizar o apoio a Israel, não retornando necessariamente ao acordo com o
Irã e cercando-se com conselheiros que apoiam Israel e acreditam na intervenção
militar dos Estados Unidos.
Antigo
diplomata e consultor de Dick Cheney, Eric Edelman disse que o plano de paz de
Trump alentou uma divisão política aberta nos Estados Unidos sobre Israel, ...
Já
Eliot Cohen, professor universitário e assessor de Bush, repercutiu o medo de
que Israel esteja sendo politizado. ...
Cohen
e Edelman foram opositores do acordo com o Irã feito por Obama, e previram que
Biden será linha dura com o Irã.
“Vozes
serão ouvidas” na administração Biden visando um retorno ao acordo com o Irã, “mas
o relógio já andou quatro anos e estamos em cenário totalmente diverso”, disse
ele. E “será difícil para Biden não usar a alavancagem promovidas pelas
sanções, em parte porque o Irã não respeita os limites do acordo nuclear...
Estão a três, talvez quatro meses de ter material físsil suficiente para desenvolver
uma arma nuclear.”
Para
levantar as sanções contra o Irã, a administração Harris/Biden exigirá muito
mais que o mero retorno do Irã aos limites do JCPOA. O Irã rejeitará qualquer
exigência nova, seja quanto à restrição de seus mísseis seja quanto à limitação
de seu apoio à Síria. Portanto, o conflito continuará a acelerar.
Questão
diversa é o controle de armamento. Na medida em que a administração Harris
(Biden) pode aceitar a oferta de Putin para prolongar incondicionalmente o
acordo New-START por um ano, com certeza exigirá mais
concessões do que a Rússia seria capaz de aceitar. Atualmente a Rússia supera
os EUA em armas estratégicas, com mísseis hipersônicos e novas plataformas já
em funcionamento. Os Estados Unidos hão de querer reduzir essa “lacuna de
mísseis” e o complexo militar/industrial está de prontidão para lucrar com a
situação. O prolongamento do acordo New-START pode eventualmente terminar e não
vejo como os Estados Unidos possam concordar com novos termos enquanto a Rússia
possuir superioridade tecnológica.
Também
não se verão grandes diferenças nas políticas domésticas sob a presidência
democrata. Como afirma Krystal Ball aqui, a partir de um podcast da Rolling
Stones:
“Mesmo
com a vitória de Biden, penso que, para a política, isso não significará muito.”
“Minha
previsão para a era Biden é que na realidade muito pouco acontecerá,” disse
Ball. “Democratas são especialistas em se fingir de impotentes. Nas audiências SCOTUS tivemos bom exemplo
disso. São muito bons em alegar razões tipo ‘nossa, aqueles republicanos maus,
até parece que queríamos melhores salários e saúde, mas, meu Deus do céu, Mitch
McConnel, ele é tão maquiavélico, não pudemos fazer nada.’”
“Mudança”,
era slogan central do marketing de Obama para empurrar suas políticas
Republicanas amenizadas. Mudança real nunca ocorreu. A administração Harris
(Biden) deve ser vista à mesma luz.
Dessa
forma, acolho o sentimento com o qual Escobar encerra seu artigo:
Resumindo, uma administração
Biden/Harris pode acarretar “O Retorno da Bolha” com ganas de vingança.
Biden/Harris pode se tornar Obama/Biden 3.0. Lembrem-se daquelas sete guerras.
Lembrem-se dos ataques. Não se esqueçam das listas de assassinatos. Ou da
Líbia. Lembrem-se da Síria. Do “golpe soft no Brasil. Não se esqueçam de
Maidan.
Vocês foram avisados.
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