Apenas mais um crime de
guerra dos EUA ou nova provocação em Alepo?
por Martin Berger
traduzido por btpsilveira
Bastou a instalação pela Rússia de seu avançado sistema de mísseis
defensivos S-400 na Síria, conforme relatado pelo jornal Daily Mail, para
que Washington começasse subitamente a sentir-se desconfortável para fazer
novas provocações contra a Rússia, como aquela quando do ataque levado a efeito
pela Força Aérea (norte)americana em 17 de setembro, quando o exército sírio se
viu repentinamente sob fogo pesado.
Não por outro motivo, os Estados Unidos começaram a delegar para seus
aliados, tanto nas fileiras dos terroristas da Jabhat Al Nusra quanto nas de
seus aliados na assim chamada Coalizão Ocidental, os trabalhos sujos que já não
se atrevem a fazer.
Pelo que parece, a administração Obama já não tem mais ilusões sobre o
futuro da primazia mundial dos EUA, uma vez que a Força Aérea Russa ao lado das
tropas do exército sírio terminem seu assalto contra Alepo, não deixando
qualquer chance para uma vitória de último momento da Casa Branca no conflito
sírio. Por essa razão, Washington soltou seus cães raivosos de propaganda
enganosa contra a Rússia e a Síria, numa tentativa de apresentar tanto Moscou
quanto Damasco como dois “regimes do mal”, que estariam alegadamente
massacrando a população síria só para se divertir.
Como parte do esforço de propaganda enganosa em curso, o Conselho de
Relações Exteriores da União Europeia denunciou os ataques aéreos da Síria em
Alepo, acusando Damasco de “alvejar deliberadamente” escolas e hospitais,
acusando também os pilotos russos. Quando da denúncia, anunciou-se que desde o
início da ofensiva contra Alepo, pelo “regime” e seus aliados, em particular a
Rússia, Alepo teria sido submetida a bombardeio aéreo desproporcional. O
Conselho de Relações Exteriores da União Europeia acredita que já está na hora
de levar os “crimes de guerra” que Damasco alegadamente cometeu ao conhecimento
da Corte Criminal Internacional.
Pois bem. Agora temos um pretexto perfeito exatamente para esse
procedimento, desde que na noite de 18 de outubro, a vila síria de Hassager
sofreu um bombardeio não anunciado que resultou na morte de seis pessoas,
ferindo mais quatro. Isso foi levado a conhecimento na sequência dos ataques
que os aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos estavam operando na
área, enquanto os aviões sírios e russos estavam em operação em Alepo. Diga-se
em particular que radares operando do solo flagraram dois F-16 belgas, o que
resultou de um pedido de explicações de Moscou para Bruxelas e Washington, ao
lado da condenação do ataque.
Leve-se em consideração que existe um total de seis F-16 da Força Aérea
belga em operação na Síria dentro do quadro da autodenominada coalizão liderada
pelos Estados Unidos, os quais, conforme declarações recentes do Ministro da
Defesa do Reino, estão cumprindo “uma vasta gama de missões”.
Como resposta aos questionamentos russos, Washington decidiu manter-se
em silêncio e deu uma pausa, não fazendo qualquer comentário sobre a situação.
Quanto a Bruxelas, está tentando com todas as forças minimizar seu
envolvimento no ataque, chegando mesmo a contatar nosso site NEO através do
Twitter. Foi a forma encontrada pelo Ministro da Defesa belga, Steven Vandeput para
afirmar que a Bélgica não está envolvida no ataque contra Alepo e que se trata
de uma tentativa russa de desinformação. Entretanto, apesar dessas declarações,
sabe-se que o Parlamento Belga exigiu de seu Ministro da Defesa mais transparência
em relação às operações que vem sendo desenvolvidas pela Bélgica no Oriente
Médio.
Considerando que há tempos o espaço aéreo sírio é monitorado muito de
perto por uma pletora de atores internacionais na arena do conflito, e que que
é inegável que houve atividade de F-16 vistos na área, pintados com as cores e
temas da Força Aérea Belga, pode-se considerar uma outra hipótese: aqueles era
aviões (norte)americanos que foram repintados para parecer com os usados por
Bruxelas na Síria. Ocorre que desta vez
a Casa Branca decidiu repintar seus aviões no tema e cores da Força Aérea
Belga, depois de terem sido surpreendidos repintando seus aviões para parecer
com jatos russos. Deve ser por isso que a Casa Branca continua em silêncio.
Precisa de algum tempo para repintar mais uma vez as aeronaves usadas no
ataque, para “cobrir as pegadas”.
O fato é que na atualidade, os Estados Unidos são reconhecidos pelo que
são: um império de mentiras. Mas agora os analistas internacionais têm que fiar
atentos a mais uma coisa: a paixão dos (norte)americanos por tintas, pincéis e
estojos de pintura!
De qualquer forma, é duvidoso que tais “truques” possam permitir que
Washington e seus aliados escapem da responsabilidade de desencadear esse tipo
de Guerra contra a Síria, pelas incontáveis mortes de civis e pelo êxodo de
centenas de milhares do que um dia foi a Síria, o Iraque, o Afeganistão e
Líbia, de onde os cidadãos tentam escapar em direção à Europa, para fugir das
bombas (norte)americanas de chovem sobre suas cabeças.
Martin Berger é um
jornalista freelance e analista geopolítico, escrevendo aqui exclusivamente
para a revista online “New Eastern Outlook”.
Postagem original: http://journal-neo.org/2016/10/20/aleppo-a-new-provocation-or-just-another-war-crime/
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