Recadinho aos apoiadores de Hillary: Trump
venceu, parem com a choradeira e cresçam.
Por Raynard Jackson
tradução:
btpsilveira
Há alguns anos, escrevi uma das mais difíceis
colunas de minha vida. Nesta coluna em particular, tive que lidar publicamente
com minha sexualidade, e no fim, finalmente confessei a todos que eu era heterossexual.
Estava cansado de viver nas sombras mas consegui de uma vez por
todas a coragem necessária para colocar a cara fora da toca. Tinha ouvido de
todos os meus amigos e de minha família sobre a admiração que tinham pela minha
coragem. Muitos amigos e amigas célebres me ligaram e falaram que estavam
orgulhosos de mim e que entendiam que finalmente eu tivera a ousadia de admitir
publicamente que gosto mesmo é de mulher.
Neste instante, enfrento uma confissão quase tão difícil de
fazer. Espero sinceramente que esta minha confissão não venha a prejudicar o
afeto que vocês sempre sentiram ao pensar em mim.
Depois de ter votado em Donald Trump nas eleições presidenciais
de 2016 e desta forma apoiado incondicionalmente o Partido Republicano, ao
final entrei em acordo comigo mesmo quanto ao fato de que sou um racista. Sou
xenófobo; odeio mulheres; detesto muçulmanos (sou islamófobo). Aliás, também
devo odiar os Estados Unidos, porque sou um fascista.
Obviamente, porque me recusei a votar em Hillary, odeio negros e
outras minorias, mesmo sendo eu mesmo um negro. Odeio todos os imigrantes e
definitivamente quero mandar todas mulheres de volta para a Idade da Pedra, os
velhos bons tempos quando elas simplesmente faziam o que a gente mandava.
Como é que descobri que estava bem no meio da “cesta de deploráveis” de Hillary? Bom.
Foi porque estava, como sempre, assistindo TV a cabo e lendo jornais da
imprensa corporativista. Também ouço sempre analistas da mídia negra liberal
como Roland Martin, Van Jones, Angela Rye, o presidente da Liga Urbana Nacional
Marc Morial e o presidente da NAACP Cornell Brooks.
Todos eles disseram que desde que votasse para Donald Trump como
presidente, eu deveria ser todas estas coisas: racista, xenófobo, misógino e
islamófobo. A classe política liberal também pontificava que, para que me
livrasse de meus pecados, teria que confessar que Hillary só perdeu por causa
dos raivosos e machistas Homens Brancos que votaram contra ela.
Ouvir desses liberais a choradeira e reclamação prova que eles
ainda não entenderam porque sua candidata perdeu.
Um recadinho para vocês: o eleitor sempre tem razão.
Como analista político, estou estupefato ao ver que os apoiadores
de Hillaryt Clinton estão na realidade culpando os eleitores pela sua derrota. Estão
chamando os eleitores de estúpidos, raivosos, racistas, ignorantes, ou, nas
palavras da própria Hillary, eles seriam “uma
cesta de deploráveis”. Isso nunca é uma boa ideia.
Donald Trump recebeu 29% dos votos hispânicos e 8% dos votos de
eleitores negros. Eles também são estúpidos e racistas?
Estudantes por todo o país afirmam que estão tão traumatizados
pela eleição de Trump que algumas escolas como a Universidade de Yale concelou provas e providenciou
psicólogos para consolar os estudantes.
Não, não estou brincando. Isso aconteceu mesmo.
O que é mais incrível sobre a semana depois da eleição é a
reação dos eleitores de Clinton. Não há nenhuma acusação de que a eleição não
tenha sido justa. Eles simplesmente não gostaram do resultado e partiram para
as ruas para marchar em protesto.
Nem mesmo a controversa eleição presidencial de 2000 entre o então
presidente do Texas e o vice presidente Al Gore fez surgir tal nível de
protesto. Não havia disputa sobre a justiça da eleição. Eles estavam na fase de
recontagem de votos. Eventualmente, Gore aceitou o resultado e o país seguiu em
frente.
Acontece hoje que muitas pessoas que protestaram na última
semana simplesmente não gostaram do resultado da eleição. Recadinho para vocês,
apoiadores de Clinton: Donald Trump ganhou. Então, deixa pra lá. Parem com a
choradeira e cresçam!
Hillary e seus apoiadores parecem sentir que tinham uma espécie
de direito ao gabinete presidencial. Eles pensavam que mereciam o gabinete,
porque, afinal, ela é uma mulher que tem o sobrenome Clinton. Ela estava
destinada à presidência durante todo o transcorrer de sua vida, e agora que
estava tão perto, eles se recusam a aceitar o fato de que os (norte)americanos
rejeitaram a candidata e sua mensagem.
Trump venceu com o tema de campanha “Torne os EUA grandes
novamente”. A resposta liberal foi: “e quando os EUA foram grandes?”
Os Estados Unidos foram grandes quando o presidente Lincoln
libertou os escravos. Os Estados Unidos foram grandes quando o presidente
Johnson assinou a Lei dos Direitos Civis e a Lei do Direito ao Voto nos anos
60. Os Estados Unidos foram grandes quando elegeram o primeiro presidente negro
em 2008.
Os Estados Unidos sempre serão sempre grandes quando os
eleitores aceitarem a vontade de seus conterrâneos quando eles comparecem a
eleições livres e justas. Você não precisa gostar da escolha dos eleitores, mas
deve aceitar o resultado.
Raynard Jackson – é fundador da firma
de consultoria industrial e política Raynard
Jackson & Associados, baseada em Washington, DC
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