Brian Cloughley ●●●●● tradução: btpsilveira
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Em setembro do ano
passado, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Barak Obama declarou, e não estava sequer tentando ser irônico, que “a História está cheia
de falsos profetas e de impérios decaídos, que acreditavam que estavam sempre
certos no que faziam, e que poderiam continuar assim indefinidamente. Não foi
o que aconteceu”.
Uma semana antes a
aliança militar da OTAN, liderada pelos Estados Unidos, aprovara um plano para dobrar sua força expedicionária para 40.000 tropas e
decidiu criar “mais duas unidades de
forças integradas da OTAN... na Hungria e na Eslováquia, acrescentadas aos
quartéis generais que já existem na Estônia, Lituânia, Letônia, Polônia,
Bulgária e Romênia”, Trata-se nada mais nada menos que um deplorável caso
de continuar acreditando que pode fazer o que quiser enquanto quiser, na
medida em que tais ações não tem qualquer outro propósito a não ser ameaçar a
Rússia, coisa que Washington considera essencial para o crescimento de sua
indústria doméstica de armas e de seu “complexo militar/industrial” de
maneira geral.
(O discurso do
presidente Dwight D. Eisenhower para a nação em 1961, no qual ele cunhou a sugestiva
e acusatória expressão “complexo militar/industrial” é recordado sempre que
um dos discursos mais premonitórios e clarividentes da história dos Estados
Unidos da América).
O Secretário da
Defesa dos EUA, Ash Carter, está orgulhoso do fato de que as forças armadas dos Estados Unidos têm “mais de
450.000 homens e mulheres servindo no estrangeiro, em todos os domínios, nos
ares, na terra e no mar” – o que soma mais que o total de todas as tropas fora
das fronteiras nacionais de todos os países do mundo.
Duas semanas antes
das mais recentes ameaças belicosas dos Estados Unidos/OTAN contra a Rússia, o
destroier USS Lassen, da Marinha dos EUA recebeu ordens de levar a efeito uma
“operação de liberdade de navegação” no Mar do Sul da China, através da
navegação próximo ao território reclamado e ocupado pela China. Essa provocativa
exploração desnecessária aconteceu apenas para tornar claro para China que
estava sendo desafiada militarmente em seu próprio quintal, por um país que
não tem qualquer interesse ou direito territorial na região.
De acordo com a Reuters “um funcionário altamente qualificado da
administração Obama” disse que o objetivo da operação de
confrontação no Mar do Sul da China ocorreu para “prosseguir com nossos
objetivos estratégicos na região do Pacífico, incluindo-se as questões marítimas”.
As atuais percepções (norte)americanas sobre a situação internacional
se parecem cada vez mais com as da Guerra Fria, quando o presidente Reagan,
por exemplo, mostrou uma propaganda eleitoral
que
dizia basicamente o seguinte: “Há um urso
na floresta. Alguns o veem facilmente. Outros não. Alguns dizem que o urso é
inofensivo. Outros,
que é mau e perigoso. Já que ninguém tem certeza quando à verdade sobre o urso,
não seria mais inteligente ser tão forte quanto ele?”
Estava na cara que o urso era a Rússia. O perigosamente belicoso
General Breedlove, líder militar do grupo EUA/OTAN, disse que “por muito tempo, os Estados Unidos
‘abraçaram o urso’ da Rússia. Mas agora, diz ele, está na hora de endurecer.
Esse endurecimento poderia vir na forma de mais tropas dos Estados Unidos na
Europa, continuou, e mais treinamento de ‘nível superior’, a fim de preparar
os (norte)americanos para uma potencial batalha contra o antigo inimigo dos
tempos da Guerra Fria.»
É claro que ele
está na mais completa ignorância de que a Rússia quer forjar laços comerciais
mutuamente benéficos com seus vizinhos, especialmente com os países da União Europeia,
e que é inútil tentar cortar tais laços econômicos.
O urso só quer
comerciar e prosperar. Mas se o urso for provocado, se for impedido e se a
provocação maldosa prosseguir, talvez a nação “indispensável” possa vir a encontrar alguns problemas mais à frente.
* * *
Ao tentarmos
contemplar o futuro, seria aconselhável refletir à resposta dada por Napoleão,
quando perguntado durante seu exílio final, quanto ao que considerava ele
deveria a maior preocupação do mundo nos séculos vindouros. Afirma-se que ele
declarou que poderia ser “quando o Dragão acordar”.
Agora, o Dragão
está acordado, e por isso está sendo desafiado.
O mar
do Sul da China faz litoral para nove Estados e a maioria deles tem
reivindicações de soberania em suas águas, alguns de forma mais razoável que
os outros. Já os Estados Unidos dispõe de uma enorme frota com bases militares
em toda a extensão do Pacífico ocidental, em volta da China e ainda ameaçando
a Rússia na Europa. (“tem 450.000 homens de mulheres servindo no estrangeiro,
em todos os domínios, em terra, mar e ar” como declarou orgulhosamente o
Secretário de Defesa Ash Carter, o qual, afirma a Forbes, foi “consultor para
empresários da defesa, tanto que quando voltou para o Pentágono em 2009, foi
obrigado a obter uma dispensa especial, devido ao seu trabalho para várias
empresa, entre elas e MITRE Corp., bem como a Global Technology Partiners,
uma firma que oferece consultoria de defesa”.)
Nenhuma das pequenas ilhas
do Mar do Sul da China foi apropriada pelos imperialistas na época de sua
expansão colonial, mas em épocas mais recentes há um crescente interesse pela
região. Interesse baseado, é claro, em imperativos econômicos, embora as
estimativas sobre a quantidade de petróleo, gás e minerais raros sob as ondas
variem muito.
Não interessa as
vantagens nacionais que podem ser obtidas, sempre haverá problemas nas
repartições legais de afloramentos rochosos entre países. A Convenção das
Nações Unidas sobre a Legislação Marítima – ratificada pela China, mas não pelos Estados Unidos – é sensata ao estatuir que “as rochas que não se prestam à habitação
humana ou para sustentar uma vida econômica própria não devem ser possuidoras
de Zona Econômica Exclusiva ou direitos à Plataformas Continentais”. Ocorre que se de repente um jorro de
petróleo subaquático jorra nas proximidades destas ilhotas, você corre para
construir uma plataforma sobre as rochas, onde planta alguns vegetais e
grãos, cultiva legumes e declara que seu pequeno paraíso rochoso é habitado e
autossuficiente. Portanto, faz jus a uma Zona Econômica Exclusiva que se
estende por 200 milhas náuticas em volta. Os Estados Unidos não concordam com isso.
Então, ao longo dos
anos os Estados Unidos fazem crescer seu poderio militar pela região – neste instante,
tem 70 navios de guerra, mais de 300 aviões de combate e 40.000 marines para
confrontar a China em seu próprio quintal. O chefe do Pentágono declara aos
quatro ventos que faz isso em nome da “liberdade de navegação” – ignorando deliberadamente o fato de
nenhuma embarcação comercial jamais foi nem será bloqueada pela China ou
impedida de navegar atravessando o Mar do Sul da China. Na realidade, sequer
tentar qualquer coisa parecida como interferência nesse tipo de transporte
representaria para Pequim uma espécie de suicídio comercial, já que é esse
transporte que garante a expedição de imensas quantidades de exportação e
importação do país.
Os Estados Unidos
estão claramente a desafiar a China, e o fato de que as provocações não
cessam é quase culpa das posições da China, que, nas palavras do jornal Xinhua é a seguinte: “a árvore sempre anseia a calma, mas o vento
não cessa de soprar”. Uma coisa, porém, é certa: se os ventos de
Washington aumentarem a intensidade, para a árvore chinesa não restará senão
a alternativa de chicotear de volta. Tanto China quanto Rússia sabem quem o
mundo inteiro anseia por calma, mas estão sendo forçados a perceber que, se a
máquina de guerra dos Estados Unidos está fora de controle em uma onda
expansionista de energia sem precedentes, procurando teimosamente pela
dominação global.
O presidente Obama gaba-se de que os
Estados Unidos “são a nação
indispensável no cenário mundial” mas deveria ser aconselhado sabiamente
para exercitar um pouco de cuidado em suas confrontações agressivas.
Os fazedores de
guerra de Washington deveriam ouvir as palavras de Napoleão dois séculos
atrás, quando ele entendeu que o dragão chinês estava acordando. Não é sábio
cutucar o dragão quando ele já acordou. Aliás, deveriam ter cuidado também
com os ursos.
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Como sempre excelente análise.Enquanto isso essa corrupta burguesia brasileira querem entregar nossos recursos estratégicos aos Eua
ResponderExcluirComo sempre excelente análise.Enquanto isso essa corrupta burguesia brasileira querem entregar nossos recursos estratégicos aos Eua
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