Evém aí o Grande Colapso dos EUA

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21/7/2017, James Howard Kunstler,* Russia Insider, tradução pelo Coletivo VILA VUDU


"Para mim, vendo as coisas pelas lentes da história, é cada vez mais parecido com Frenesi de Caça às Bruxas de Salem que encontra a Revolução Francesa, com um borrifo de confusão quântica por cima."

Se se consideram os tropeços e solavancos de seu meio ano como presidente (tosse de ironia), Donald Trump parece ter mais vidas que o Gato de Schrödinger. Ou, talvez, só pareça ter. Ou, talvez, absolutamente nem esteja lá (como o noticiário da mídia-empresa, hoje em dia, sempre criando eventos que no máximo aconteceram só parcialmente). Trump talvez apenas represente uma probabilidade cômica num número infinito de universos de probabilidades umas cômicas, umas trágicas. Começo a entender por que o pessoal em Hollywood está tendo chiliques por causa do chefe do Executivo: não é possível roteirizar o feladaputa; é como deixar os Três Patetas por conta deles num estúdio de som, para refazerem "E o Vento Levou".



Mas então, o sujeito começa a pensar: a Rússia está mesmo lá, ou é também apenas mais um fiapo de possibilidade? Nem tente esclarecer essa questão com as observações oraculares do The Washington Post. Atualmente, a Rússia parece estar simultaneamente em todos os pontos e em lugar algum, 
como o Demônio, no norte de Boston em 1693. Por exemplo, esse sujeito das audiências, [o Advogado Geral] Jeff Sessions, quando depôs na Comissão de Inteligência do Senado na 3ª-feira. Vocês perceberam que o nome do homem rima com "russos" [ing. russians e Sessions] Hmmmm... Aí tem coisa. E não foi ele talvez visto de conversinhas com o Embaixador da Rússia na mesma convenção de Republicanos que escolheu o conhecido 'agente de colusão' Donald Trump para concorrer à presidência?! Abundam provas e mais provas, só não vê quem não quer! [É ver o Brasil do Jucá, Temer e STF-com-tudo (NTs)].


É, as coisas hoje em dia andam realmente estranhas nas maiores democracias do mundo. Para mim, vendo tudo pelas lentes da história, é cada vez mais parecido com Frenesi de Caça às Bruxas de Salem que encontra a Revolução Francesa, e um borrifo de confusão quântica por cima. Nesse momento, estamos na primeira fase, pura doideira política. Crenças deixam de ter qualquer raiz nos fatos da vida. O cara cujo destino ou alguma brincadeira macabra de alguma divindade põe na Casa Branca, não corresponde ao molde dos mais infames chefes-de-estado que o mundo conheceu. Lamento ter de envolver o velho Adolf, mas, francamente, até Hitler sempre deu a impressão de saber com mais clareza o que fazia, do que Trump.


O fiasco da reforma do ObamaCare parece ser um ponto de virada na direção de um surto de paralisia política tóxica que pode literalmente matar o governo como o conhecemos. Ao longo de muitos meses de debate, o Congresso jamais sequer chegou perto de levantar a questão importante: que cerca de 18% da economia que a "atenção à saúde" representa é pura e simples negociata, só bandidagem. Bom... essa, com certeza, deixaram passar.


Os maiores partidos estão-se desintegrando diante dos nossos olhos, apesar do que senadores oferecem pela TV como se fosse senso de decoro. A opinião pública parece estar mentalmente em férias, roncando à beira-mar em pleno inferno de metade do verão. Mas há algo doentio no vento que sopra ao largo.


Eu realmente adianto aqui o cenário de "golpe-de-estado soft" no caso de Trump ser realmente atropelado pela 25ª Emenda [desde 1967, a 
25ª Emenda permite que o(a) vice-presidente(a) assuma o governo dos EUA no caso de "morte, renúncia, derrubada (orig. removal from office) ou incapacitação que impeça o(a) presidente(a) em exercício de cumprir seus deveres" (NTs)].


Sim, claro, acontecerá sem dúvida, mas não satisfará ninguém. 


Mike Pence rapidamente provará que é tão inoperante e impopular quanto Trump, e se estará afogando em problemas fiscais e financeiros, e não terá ajuda alguma do Congresso para ajudá-lo a (realmente e eficazmente) resolver qualquer daqueles problemas, e sem demora pode muito bem haver um general na Casa Branca — ou tentando comandar o país de algum outro lugar, se conseguir. Esse espetáculo nauseabundo será saudado por revolta popular, região contra região, tribo contra tribo, numa grande explosão civil, porque de algum modo é necessário extravasar a angústia sufocante.


Excesso de sórdidas forças dormitavam ociosas por aí, agora se estão somando vetorialmente em cena, para derrubar os EUA, estado-dos-sonhos. Muitas delas envolvem dinheiro (“money” como dizem muitos) e as questões de como nós arranjaremos dinheiro para pagar o modo como vivemos nesse país, e quem precisamente vive refestelado com a ex-riqueza de todas as comunidades enferrujadas e esburacadas nesse país? Vai começar nas bolsas e mercados de ações e não tarda. E então o Tesouro dos EUA destruirá o dólar para tentar (outra vez) salvar os bancos. E as contas bancárias serão congeladas. E ninguém mais pagará empréstimos. E os SNAP cards vão parar de funcionar, e sem demora as entregas just-in-time para supermercados também pararão, e parará o reabastecimento dos postos de gasolina, e Mike Pence absolutamente não poderá fazer coisa alguma. Será deposto, e os militares serão obrigados a tentar restabelecer a ordem nesse país. Quando o fizerem, já não haverá o país sobre o qual cantávamos no 5º ano da escola.


Numa nuvem em algum lugar por cima de Ohio, quem sabe, o Gato de Schrödinger olhará para baixo, para nós, rindo de orelha a orelha.


* O autor é conhecido crítico social, blogueiro e podcaster. É autor, dentre outros feitos, de uma série de novelas de science fiction em que narra a vida depois do colapso da sociedade moderna, evento que ele considera bem possível, como se vê nesse artigo. Acaba de lançar nova novela sobre o movimento da contracultura do final dos anos 60s.

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Muito obrigado ao autor por chamar a atenção para o fato importantíssimo de que 18% da economia dos EUA é completa merda, consistindo basicamente de conversa suja que só interessa à gangue do crime organizado que se conhece como 'responsáveis pela atenção à saúde dos cidadãos'.



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