Maior Risco para a Segurança Nacional dos EUA: a Estupidez

Como pode querer ser levada a sério uma nação que supostamente seria a líder do mundo, mas é governada por um imbecil cercado de lacaios?

Texto de Finian Cunningham – trad: btpsilveira ( @btpsilveira )

21 de junho de 2020 – A Casa Branca quer proibir o livro de memórias de John  Bolton, afirmando que ele revela conversas com o presidente Trump que supostamente representam uma “risco para a segurança nacional” dos Estados Unidos.


A questão seria que o antigo conselheiro de segurança nacional poderia, com o livro, divulgar informações que inimigos externos podem explorar para penetrar as defesas (norte)americanas.

Juristas especulam se Bolton estaria infringindo a lei ao tornar públicos detalhes secretos. Trump afirma que todas as conversações levadas a efeito pelo pessoal da Casa Branca são secretas. O Departamento de Justiça pretende conseguir uma ordem de restrição à publicação do livro, mas pode ter chegado atrasado. Vários meios de comunicação já publicaram excertos vazados do livro de memórias.

No entanto, pelo que já foi publicado do texto – que deverá ser divulgado no todo na próxima semana, caso a administração Trump não consiga bani-lo – o maior risco para a segurança nacional dos Estados Unidos não é qualquer informação enigmática ou sensível que tenha a ver com defesa ou crimes horrorosos. Em vez disso, trata-se de um problema bem mais prosaico: o conhecimento claro de que o presidente dos Estados Unidos – supostamente ocupando o cargo mais poderoso do mundo – não passa de um palhaço desprezível.

Como pode querer ser levada a sério uma nação que supostamente seria a líder do mundo, mas é governada por um imbecil cercado de lacaios?

Pelo que podemos concluir do que foi revelado até agora das memórias de Bolton, o presidente Trump não faz a menor ideia de assuntos relacionados com geografia básica ou geopolítica. Ele pensa que a Finlândia é parte da Rússia, não sabia que o Reino Unido possui armas nucleares, parece acreditar seriamente que a Venezuela faz parte do território dos Estados Unidos e que uma invasão daquele país seria “bacana”.

Não há limites para a vaidade e venalidade de Trump, de acordo com seu antigo conselheiro, que foi demitido pelo presidente em setembro de 2019, depois de mais de um ano no posto de conselheiro de segurança nacional. Bolton afirma que ano passado Trump implorou ao presidente chinês Xi Jinping ajuda para ser reeleito nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Quando Xi se recusou a participar do esquema, a resposta ressentida de Trump foi intensificar a guerra comercial e a vilificação da China na questão da pandemia COVID-19. Se uma Guerra Fria pode ser detonada por causa de uma estúpida raivinha pessoal do presidente, então os Estados Unidos e por consequência o mundo estão em grave perigo.

Você consegue imaginar se tais acusações fossem feitas contra o presidente Putin, da Rússia, por um antigo conselheiro? Ou contra o presidente chinês Xi Jinping? Uivos de horror soariam na mídia ocidental, dadas as implicações para a segurança mundial.

Mas Bolton também não sai desse debate mergulhado em glória.

Há um cheiro forte de rato no ar. Ele se negou a fazer essas acusações de impropriedade contra Trump nas audiências do congresso durante o processo de impeachment contra o presidente no final do ano passado. Aparentemente, a ganância de Bolton falou mais alto, guardando essas revelações para as suas memórias, que supostamente lhe renderão dois milhões de dólares por manter a roupa suja por algum tempo debaixo do tapete. Não dá para acreditar que agora está “dizendo tudo” por integridade ou questões de princípios.

Pode ser que Trump tenha tido razão ao demitir o antigo conselheiro por ser “um idiota chato e rabugento”. Também não há dúvidas de que os apoiadores mais entusiasmados de Trump não serão dissuadidos de votar nele em novembro, depois do que acham ser uma “traição” de Bolton.


Donald J. Trump (no twitter em 18 de junho de 2020)

O livro “chato pra caramba” (New York Times) do doidão do John Bolton é cheio de mentiras e histórias “fakes”. Disse coisas boas sobre mim (tudo printado) até o dia em que o despedi. Um idiota chato e rabugento que só queria saber de guerras. Nunca foi esperto, foi colocado no ostracismo e felizmente, até que enfim despedido. Coisa mais irritante!


Como o propagandista-em-chefe da antiga administração de G W Bush, onde fabricou o caso fraudulento que levou à guerra genocida no Iraque, assim como por tentar todo o tempo bombardear o Irã para mudança de regime e ainda outras incontáveis agressões, Bolton na realidade tem um problema sério de credibilidade, para dizer o mínimo. Também se sabe que foi posto no olho da rua por Trump sob a acusação de que ele “nunca viu uma guerra da qual não gostasse”. Assim, é mais que justo assumir que John “Chapeleiro louco” Bolton, tem um ou dois esqueletos escondidos no armário, e portanto o que ele diz a respeito de seu antigo chefe deve ser ouvido com um ou dois grilos atrás da orelha.

Trata-se de um estigma do ofício de presidente dos Estados Unidos as questiúnculas indecorosas que acabam por surgir. Neste caso, um antigo conselheiro sobre assuntos globais de importância prefere mergulhar no esgoto em troca de um cheque de pagamento polpudo.

Enquanto isso, o presidente cumpre o papel de um velho bobo resmungão ao zombar de seu antigo conselheiro de segurança, posição supostamente de enorme responsabilidade. Não há vencedores, mas no final das contas, quem tem o maior prejuízo é a imagem dos Estados Unidos.

Não obstante, somando-se o que já se sabe sobre as gafes anteriores de Trump, parece que existe algo de verdade nas descrições de Bolton. Afinal, este é o presidente que acredita que injetar água sanitária nas pessoas é meio legítimo de cura da COVID-19, além das muitas teorias de conspiração encampadas por Trump. Sua egomania frágil e insaciável faz com que qualquer coisa de menor importância dispare uma ira incontrolável.

A maior ameaça à segurança nacional dos EUA é o conhecimento de que o sujeito que tem um dedo sobre o botão nuclear é um bufão completo.
Como pode um país governar adequadamente seu povo, quando o cargo mais alto da república é ocupado por um palhaço? Este é o perigo real no livro de Bolton.

Finian Cunningham escreve extensivamente sobre questões internacionais, com artigos publicados em várias linguagens.

http://www.informationclearinghouse.info/55253.htm

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