por Pat Buchanan, tradução de btpsilveira
Fevereiro, 2017 – "Information Clearing House" – Quando o
General Michael Flynn marchou garbosamente pela Casa Branca, até a Sala de
Imprensa para declarar que “o Irã está oficialmente avisado”, ele desenhou uma
linha vermelha para o Presidente Trump. No tweet sobre a ameaça, Trump
concordou.
Ocorre que agora sua credibilidade
subiu no telhado.
Afinal, o que disparou o ultimato
virtual?
Flynn afirmou que o Irã está apoiando
os rebeldes Houthis, que atacaram um navio de guerra saudita e Teerã teria
testado um míssil, minando a “segurança, prosperidade e estabilidade através do
oriente Médio”, colocando “vidas (norte)americanas em risco”.
E daí?
Os sauditas estão bombardeando os
rebeldes Houthis e destruindo seu país, o Iêmen, já há dois anos. Será que eles
deveriam ser protegidos contra qualquer retaliação em uma guerra que eles
mesmos começaram?
Onde está, afinal, a evidência que o Irã
teve qualquer papel desempenhado no ataque contra o navio saudita no Mar
Vermelho? Por que o presidente Trump quer fazer dessa guerra a sua guerra?
Já em relação ao teste de mísseis, a
resolução 2015 da ONU “solicita” que o Irã se abstenha de realizar testes com
mísseis capazes de ataque nuclear. Não proíbe o Irã de testar mísseis convencionais,
como o país insiste que é exatamente o caso.
Estarão os Estados Unidos fazendo exigências
ao Irã que não constam de qualquer tratado ou Lei Internacional – só para
provocar um confronto?
Flynn estaria já coordenado com nossos
aliados sobre a ameaça de uma possível ação militar contra o Irã? Será que a
OTAN está obrigada a se juntar a qualquer ação que tomarmos?
Ou estaremos executando seja lá qual
for a retaliação sozinhos, enquanto nossos aliados da OTAN ficam de lado só
olhando, e os israelenses, árabes do Golfo, sauditas e o Partido da Guerra de
Beltway, que gostariam muito de se livrar de Trump ficam só provocando?
Bibi Netanyahu comemorou a declaração
de Flynn, chamando os testes de mísseis do Irã de flagrante violação da
resolução da ONU e declarando que “a agressão iraniana não pode ficar sem
resposta”. Quem responderá, além de nós?
O rei saudita falou com Trump no
domingo. Teria ele persuadido o presidente a fazer com que os EUA se envolvam
mais fortemente contra o Irã?
O presidente do Comitê do Senado para
Relações Externas, Bob Corker está entre aqueles deliciados com a ameaça da
Casa Branca:
“O
Irã não tem mais permissão para suas violações repetidas de testes com mísseis
balísticos, apoio contínuo ao terrorismo, abuso de direitos humanos e outras
atividades que ameaçam a paz e a segurança internacionais”.
O problema de fazer uma ameaça pública –
“o Irã está avisado” – é que isso torna quase impossível para Irã ou para Trump
voltar atrás.
O Irã se vê quase obrigado a arrostar a
ameaça, em especial a exigência de cessar os testes de mísseis convencionais
para sua própria defesa.
Quase com certeza, essa ameaça feita
pelos EUA servirão para fortalecer os iranianos que se opõem ao acordo nuclear
e que querem ver seus arquitetos, o Presidente Hassan Rouhani e o Ministro de
Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif perderem as eleições deste ano.
Caso Rex Tillerson não queira se tornar
um Secretário de Estado em tempos de guerra como Colin Powell ou Dean Rusk,
terá que falar com os iranianos, mas não com declarações desafiadoras e sim com
um diálogo diplomático.
Tillerson, claro, é aquele que, como se
sabe, disse que os chineses seriam impedidos de visitar a meia dúzia de ilhotas
fortificadas que estão construindo em rochas e recifes no Mar do Sul da China
Uma predição: os chineses não vão sair
de suas ilhas, e os iranianos desafiarão a ameaça dos EUA sobre os testes de
seus mísseis.
As declarações da Casa Branca de quarta
feira fazem um embate com o Irã quase inevitável e uma guerra contra o Irã
perfeitamente possível.
Por que diabos Trump e Flynn sentiram a
necessidade de fazer isso agora?
Já há enormes problemas suficientes na
política externa esperando pelo novo presidente em apenas duas semanas de sua
administração, com os rebeldes na Ucrânia sofrendo ataques de artilharia
novamente, e a ameaça nuclear da Coreia do Norte, que, ao contrário do Irã, é
real e ainda está para ser resolvida.
Entre as principais razões pelas quais
as pessoas votaram em Trump está o seu entendimento de que George W. Bush errou
terrivelmente quando lançou uma guerra não provocada e desnecessária contra o
Iraque.
Paralelamente com os 15 anos de Guerra no
Afeganistão e as guerras na Líbia, Síria e Iêmen, as nossas guerras no Oriente
Médio nos custaram trilhões de solares e milhares de mortes. Produziram ódio
generalizado contra os EUA, aproveitado pela Al Qaeda e Estado Islâmico para
recrutar jihadistas que matam e massacram ocidentais.
A maior conquista de Osama Bin Laden não
foi derrubar as torres gêmeas, matando 3.000 (norte)americanos (embora hoje existam sérias e razoáveis
dúvidas se foi mesmo Osama Bin Laden quem fez isso – NT) mas incitar os
Estados Unidos a entrar de cabeça nos conflitos do Oriente Médio, uma aventura
imprudente e custosa, que custou aos EUA a sua primazia global depois da guerra
fria.
Trump parecia reconhecer isso, ao contrário
de outros candidatos.
Pensava-se que ele poderia nos
desconectar dessas guerras, não ficar sacudindo sabres contra o Irã, três vezes
maior que o Iraque, e que tem como seu principal fornecedor de armas e aliado a
Rússia de Vladimir Putin.
Quando Barak Obama riscou no chão da
imprudência a sua linha vermelha contra o uso de armas químicas por Bashar Al
Assad e este aparentemente a cruzou, Obama subitamente descobriu que seus
compatriotas não queriam lutar a guerra que as suas ações militares poderiam desencadear.
Obama teve que voltar atrás, humilhado.
Hoje, nem o Aiatolá Khamenei nem Trump
parecem ter disposição para voltar atrás, especialmente agora, que o presidente
dos EUA tornou sua ameaça pública.
Patrick J. Buchanan - é o autor de um novo livro: "The
Greatest Comeback: How Richard Nixon Rose From Defeat to Create the New
Majority." para saber mais sobre Patrick Buchanan e ler seus artigos visite
o site www.creators.com
Favor, traduzam esse texto para que todos possam ler esse belo artigo do Dimitri Orlov. http://cluborlov.blogspot.ru/2017/01/its-saudis-stupid.html#more
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