Moon of Alabama, tradução de btpsilveira
O
Assessor para a Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, pediu exoneração
depois de apenas três semanas na função. Mesmo não sendo fã de Flynn ou mesmo
de Trump, penso que esse descarte é um acontecimento muito perigoso. Impedirá
uma grande mudança nas políticas externas dos EUA, como imaginado por Trump.
A
demissão ocorreu na sequência de uma campanha minuciosamente orquestrada contra Flynn por funcionários da inteligência dos
EUA, a mídia e algumas pessoas dentro da Casa Branca.
Depois
da vitória inesperada de Trump nas eleições, a administração Obama disparou
sanções contra a Rússia e mandou funcionários da embaixada russa de volta para
Moscou. Esse movimento tinha a intenção de bloquear a política de melhores
relações com a Rússia, desejada por Trump. Em seguida, Flynn falou com o
embaixador russo, e como consequência direta da conversa, os russos não
responderam às expulsões e sanções de Obama na mesma moeda. Totalmente de acordo
com as políticas já anunciadas por Trump, esse foi um movimento decididamente
positivo. Um movimento parecido com esse foi feito por Henry Kissinger, que
visitou a embaixada russa semanas antes de se juntar ao NSC (Conselho de
Segurança Nacional – NT) de Nixon. Durante a eleição de 2012, o próprio Obama
fez um “acordo” similar
com os russos numa situação também bastante parecida:
O Presidente Barak Obama foi flagrado pelas câmeras
na segunda feira, assegurando ao atual Presidente Russo Dmitry Medvedev que “será
mais flexível” ao tratar de assuntos contenciosos como a defesa por mísseis,
depois da eleição presidencial.
Apesar
dos inumeráveis vazamentos para a imprensa que fluem da Casa Branca, ainda não
estou totalmente seguro quanto ao que realmente aconteceu. Inimigos de Trump e
alguns funcionários da inteligência acusaram Flynn de ter mentido sobre o
telefonema para o embaixador russo. Não ficou claro quais são as tais alegadas
mentiras e porque elas seriam importantes.
A dissimulação faz parte inerente de qualquer coisa que tenha a ver com
a Casa Branca. Caso Flynn tivesse falado secretamente com o embaixador de Israel
(como deve provavelmente ter feito), ninguém ousaria atacá-lo.
Então,
por que Flynn ficou realmente pressionado e por que Trump não veio em seu
apoio? Seria muito fácil para Trump dizer: “Fui eu que mandei que ele fizesse
isso. Obama fez a mesma coisa. Nos dois casos foi um grande sucesso. EUA! EUA!
EUA!” Ninguém seria capaz de atacar Flynn posteriormente se tivesse acontecido
um movimento de cobertura como esse.
Mas
Trump, totalmente fora de seu estilo, calou sua boca e nada fez. O que poderia
ter acontecido na Casa branca para refreá-lo, impedindo a ajuda a Flynn?
Com certeza a queixa que outras
pessoas tem com Flynn nada tem a ver com a Rússia e sim com
assuntos mais quentes, como seus planos para reformar os serviços de
inteligência. Acontece que ao deixar Flynn ser jogado tão facilmente às feras,
Trump abriu um flanco que permitirá que ele mesmo seja atacado posteriormente.
Ficou
parecendo que um pequeno grupo de atuais e antigos funcionários da inteligência
– com a inestimável ajuda da imprensa – chutou Flynn para fora da Casa Branca.
Eles não vão parar por aí.
Agora
há sangue nas ruas e as hienas terão sede por mais. A mágica de Trump foi quebrada. Ele mostrou
sua vulnerabilidade. Agora, eles vão atrás do próximo elo fraco da
administração Trump, e do próximo e do próximo indefinidamente até conseguirem
isolar Trump e colocar uma coleira em seu pescoço. Ele convidou os inimigos
para fazer exatamente isslobbied for Turkey. Todos os principais movimentos políticos externos
de Trump serão barrados. Os entendimentos com a Rússia provavelmente já
fracassaram, antes de começar.
Há
ainda outro país negligenciado onde a posição de Flynn no NSC influenciou decisões
políticas. Há tempos Flyn pressiona a favor
da Turquia e
por boas relações com o governo de Erdogan. No dia da eleição presidencial um
editorial de sua autoria foi publicado, desancando o inimigo de Erdogan,
Güllen, e louvando as posições da Turquia.
Depois
da posse de Trump e de novas falas sobre zonas de exclusão aérea, o presidente
turco Erdogan fez mais uma de suas famosas reviravoltas de 180 graus.
Desde
o início da Guerra Erdogan quer uma zona de exclusão aérea (que seria também
conhecida como ‘Protetorado Turco’) na Síria. A administração Obama não lhe deu
uma e nos últimos anos o rejeitou. Erdogan correu para a Rússia, mas lhe foi
dito que teria que renunciar a algumas de suas ambições na Síria: nada de zona
de exclusão aérea, nada de marcha turca para Manjib ou Raqqa. Erdogan
concordou. Mas com Trump falando em novas sanções e com Flynn instalado no
centro do poder, Erdogan mudou sua posição mais uma vez. Começou a pedir novamente
por uma zona de exclusão aérea e prometeu mais uma vez conquistar Manjib (nas
mãos dos curdos) e Raqqa (tomada pelo Estado Islâmico). Qualquer dessas
tentativas pode ser perfeitamente impossível. O exército turco e suas forças de
aliados islâmicos estão tentando tomar a muito menor Al-Bab das mãos do Estado
Islâmico já há quatro meses, e até
agora não conseguiu.
Evidentemente,
os russos, que não são bobos, estão anotando esse comportamento irresponsável.
Pode-se imaginar o que Erdogan está sentindo agora que seu lobista foi apeado
do poder na administração Trump. Se a administração Trump passar a agir contra
seus planos, como Obama o fez, ele vai correr de volta para Putin e pedir
perdão? Será aceito?
Flynn
não é lá uma grande perda para o mundo, para os Estados Unidos e mesmo para a
administração Trump. Mas Trump perdeu a iniciativa. Ele tem mantido o prumo e a
pauta do dia da mídia através de observações ácidas ou de tweets ultrajantes.,
Agora, não tem mais esse handicap, que lhe foi tomado através de algumas
alegações sem sentido e pela sua fraqueza em não defender um de seus principais
quadros.
Ele
ainda lamentará o dia em que deixou que isso acontecesse.
Comentários
Postar um comentário