Erdogan se movimenta
para anexar Mosul
por Moon of
Alabama – traduzido por btpsilveira
06 de dezembro de
2015 "Information
Clearing House" - "Moon
Of Alabama" Erdogan, o aspirante a sultão, não conseguirá cumprir seus
objetivos na Síria, onde planejava capturar e anexar Aleppo. Os Russos
trabalharam bem para evitar isso. Agora, ele se dirige para seu plano “B”, um
alvo secundário, Mosul, no Iraque, que muitos turcos veem historicamente como
parte da Turquia.
A cidade de Mosul |
No final da
Primeira Guerra Mundial em outubro de 1918, depois da assinatura do armistício
de Mudros, as forças britânicas ocuparam Mosul. Depois da guerra, a cidade e as
áreas que a circundam passaram a fazer parte da Administração do Território
Inimigo Ocupado (1918/1920), e em seguida, passou compulsoriamente para o
Iraque (1920/1932). O mandato foi contestado pela Turquia a qual perseverou em
requerer a área baseada no fato de que aquele território estava sobre controle
Otomano na época da assinatura do armistício. Quando do Tratado de Lausanne, a
disputa por Mosul foi objeto de resolução pela Liga das Nações. A posse de
Mosul para o Iraque foi confirmada pela Liga das Nações, que mediou um acordo
entre Turquia e a Grã Bretanha em 1926. A antiga Vilayet (forma de denominação de unidades administrativas ou províncias do
Império Otomano – NT) de Mosul
eventualmente se tornou a província de Nínive, do Iraque, com Mosul
permanecendo como a Capital Provincial.
Atualmente, a
cidade de Mosul, segunda maior do Iraque, com cerca de um milhão de habitantes,
está ocupada pelo Estado Islâmico.
Na última sexta
feira, uma coluna de cerca de 1.200 soldados turcos acompanhados de 20 tanques
e artilharia pesada entrou no Iraque, acampando próximo de Mosul. O acampamento
está em uma das quatro pequenas áreas de treinamento nas quais a Turquia tem
treinado Curdos e alguns Iraquianos árabes sunitas para lutar contra o Estado
Islâmico. Os pequenos campos de treinamento, localizados ao norte da área curda
já
existem no local desde os anos 1990s. Foram estabelecidos originalmente
para lutar contra o PKK. Posteriormente, a presença turca foi justificada como
sendo para monitorização dos acordos de cessar fogo que deveriam dar fim às
guerras internas entre as forças do KDP, leais ao clã Barzani, e os lutadores
das forças PUK do clã Talabani.
Na realidade, as bases foram usadas para
monitorar os movimentos do PKK, que luta pela independência curda contra a
Turquia.
A pequena base
perto de Mosul foi criada alegadamente somente para o treinamento com armas
leves. Mas tanques e artilharia pesada mudam tudo e fazem uma enorme diferença
de qualidade quando se compara a alguns fuzis de treinamento AK-47. A Turquia
afirma que deverá aumentar
o número desssas bases em mais de 2.000 soldados.
O Estado Islâmico
deve ser eliminado de Mosul e a Turquia estará habilitada por suas armas
pesadas a assumir a cidade a menos que o governo Iraquiano use todo o seu poder
para lutar contra a pretensão. Caso a cidade continue nas mãos do Estado
Islâmico, a Turquia deverá fazer com a organização um acordo para agir como seu
protetor. A Turquia se beneficiará dos
campos de petróleo que existem na área de Mosul, com o petróleo sendo
transferido através do norte do Iraque para a Turquia e daí para o mercado
mundial. Resumindo: trata-se de um esforço para se apoderar dos campos de
petróleo do norte Iraquiano.
Mas o plano
envolve alguns riscos. Os turcos nem pediram permissão, nem informaram o
governo iraquiano de que iriam invadir o país.
Os turcos afirmam
que estão no local a pedido dos curdos:
O jornal Hürriyet informa que, assim que as
forças turcas que alegadamente treinam a milícia Peshmerga forem reforçadas, a
Turquia terá uma base permanente na região de Bashiga, perto de Mosul.
O acordo sobre a
base foi assinado entre o presidente do Governo Regional do Curdistão (Kurdistan Regional Government, KRG, em
inglês – NT), Massoud Barzani e
o Ministro de Relações Exteriores da Turquia, Feridun Sinirlioğlu,
durante a visita deste último à região em 04 de novembro.
Há dois problemas
em relação a esse acordo: Primeiro: Massoud Barzani em breve não será mais
presidente do KRG. Seu mandato está terminando e o parlamento se recusou a
estendê-lo. Segundo: Mosul e a região de Bashiga não fazem parte do KRG. Barzani
fazer um acordo sobre a região é como se tivesse feito um acordo sobre a cidade
de Paris.
Abadi |
O governo do
Iraque e a maior parte dos partidos políticos do país, veem a invasão da
Turquia como um ato de
hostilidade contra o Iraque. Abadi ordenou a retirada
imediata das forças turcas mas é improvável que a Turquia vá obedecer ao
comando. Já há políticos iraquianos que pretendem o envio imediato da força
aérea iraquiana para bombardear os turcos nas proximidades de Mosul. Essa é
provavelmente a melhor solução, mas o Premier instalado no poder pelos Estados
Unidos é muito tímido para tomar tais iniciativas. O pensamento dominante em
Bagdá é que a Turquia pode ser retirada depois que o Estado Islâmico for
derrotado. Ocorre que este é um bom motivo para que a Turquia mantenha o Estado
Islâmico em Mosul se isso estiver de acordo com seus objetivos. Qualquer câncer
deve ser extirpado enquanto ainda está pequeno.
O Curdistão
dominado por Barzani está em situação tão crítica que chegou a confiscar contas
bancárias estrangeiras para pagar suas dívidas. Talvez seja essa razão pela
qual Barzani assinou o acordo neste instante. Mas as raízes do problemas são
mais profundas. Barzani está vendendo petróleo roubado do governo iraquiano de
forma ilegal para a Turquia. A família Barzani ocupa não só o gabinete
presidencial, mas a posição de Primeiro Ministro e os serviços secretos locais.
O negócio de petróleo roubado é gerenciado por sua família, que recebe quantias
substanciais para fazer isso.
Já no lado turco, quem toca o negócio é a família
do presidente Erdogan. O seu genro, que agora é Ministro da Energia, detinha o
direito exclusivo de transportar o petróleo curdo através da Turquia. Já o
filho de Erdogan controla a empresa que faz o transporte do petróleo por via
marítima para os clientes, na maioria das vezes, Israel. Também o petróleo
roubado pelo Estado Islâmico faz essa mesma rota. Tais são as empresas
familiares que lucram centenas de milhões de dólares todo ano.
É bastante improvável
que os Estados Unidos façam qualquer coisa em relação aos acontecimentos, se é
que não estão por trás de tudo. O melhor
que o Iraque pode fazer é pedir imediatamente ajuda aos russos e apoio militar
ativo. Os turcos insistiram muito na preservação de sua soberania quando emboscaram,
um jato russo que tangenciou suas fronteiras sem a menor intenção de atacar a
Turquia. O Iraque também deve insistir na defesa de sua soberania, pedindo que
os russos chutem imediatamente os turcos para fora. Quanto mais demorar para
agir, maior o problema e a Turquia poderá mesmo chegar a incorporar Mosul.
Moon of Alabama
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