por
John V. Walsh
tradução: btpsilveira
30 de dezembro de 2015 "Information Clearing House" - "Counterpunch" Quem é o
racista mor, Hillary Clinton ou Donald Trump? Para
responder a questão, temos que fazer outra pergunta. O que é pior: denegrir
alguns membros de determinada etnia, grupo ou religião – ou matá-los aos
milhões, mutilar outros milhões deles e deslocar ainda mais milhões? O que é mais “racista”? Tendo isto em mente, quem é mais racista, Hillary
ou Donald?
Por
acaso os liberais que criticam Trump mas não Hillary esqueceram o slogan “Parem
os bombardeios racistas” usado durante os movimentos contra a guerra do Vietnã?
E o que
causa mais retaliações, mais ataques de vingança pelas vítimas – denegri-las
com palavras ou matar seus filhos e amigos com bombardeios e sanções?
Consideremos em
seguida as carreiras e declarações de Hillary Clinton e Donald Trump. Restará
alguma dúvida sobre quem é o grande criminoso em termos de hostilidade aos
muçulmanos? Mesmo assim, recaem sobre Trump todas as acusações de “racismo” nas
páginas de editoriais do New York Times
e nos sites “progressistas” da Internet e em geral, mas não há acusações de
racismo contra Hillary Clinton. Torna-se então fácil de ver o quanto é profunda
uma das doenças do imperialismo, a incapacidade de ver o que é cristalinamente
claro. Dá também para ver como é
abrangente a dominação das elites nos meios de comunicação da mídia empresária
e mesmo naqueles consideradas alternativas.
O que Trump tem a
dizer? Vamos analisar algumas de suas declarações, principalmente depois do último debate de
2015 entre os candidatos do Partido Republicano:
TRUMP: Em minha
opinião, nós gastamos $4 trilhões de dólares tentando derrubar algumas pessoas
que, francamente, se eles ficassem onde estavam e nós tivéssemos gasto essa
dinheirama toda nos Estados Unidos, consertando nossas rodovias, nossas pontes,
e todos os nossos vários problemas; nossos aeroportos e todos os outros
problemas que temos, teríamos ganhado muito mais. Posso dizer isso a vocês tranquilamente.
Nós
estamos prestando um tremendo desserviço, não apenas para o Oriente Médio, mas para a humanidade inteira. Pessoas foram
mortas, pessoas foram simplesmente apagadas, e para que? Isso não me
parece uma vitória.
Virou uma bagunça.
O Oriente Médio está totalmente desestabilizado. Uma bagunça completa. Eu
queria que a gente ainda tivesse aqueles $4 ou $5 trilhões. Eu queria que a
gente os gastasse aqui mesmo nos Estados Unidos, em nossas escolas, hospitais,
rodovias, aeroportos, e em tudo que está caindo aos pedaços (declaração importante – o autor).
O
ativista católico antiguerra Doug Fuda descreveu esta declaração como sendo “quase
um apelo desesperado para um arrependimento que os Estados Unidos necessitam
desesperadamente”.
Você
pode alegar que não passa de retórica de campanha – embora você dificilmente vá
ouvir coisa semelhante do resto dos candidatos, especialmente sobre o valor que
deveriam ter as vidas que os Estados Unidos mataram através de bombardeios
estúpidos até a destruição completa. Pois considere então o que foi dito por
Trump em uma entrevista para a Esquire em 2004:
“Veja
a confusão em que se encontra agora a Guerra no Iraque. Eu jamais lidaria com
as coisas dessa maneira. Será o Benedito que alguém acredita de verdade que o
Iraque vai se tornar uma democracia onde o povo irá para as urnas colocar
gentilmente seus votos nas cédulas, e o vencedor das eleições liderará
alegremente o país entre a felicidade geral da nação? Tenham a santa
paciência... Dois minutos depois que sairmos de lá, haverá uma revolução e o
pior sujeito, o mais forte, malvado e bandido assumirá o poder.”
“Qual
foi o propósito de tudo isso? Centenas e centenas de jovens assassinados. E o
que dizer das pessoas que perderam seus braços e suas pernas? Para não falar do pior: todas aquelas
crianças iraquianas que foram feitas em pedaços pelos bombardeios. E ainda por
cima se descobre que as razões para fazer a guerra eram escandalosamente
erradas. Tudo isso por nada!” (declaração
também importante – o autor).
Esta
declaração foi feita há onze anos quando Trump era ainda apenas uma sensação na
TV e não um candidato presidencial. A simples medida da passagem do tempo entre
a declaração de um candidato e o dia das eleições é o maior atestado da
sinceridade do que declara. Pois com as declarações em 2004 você também pode
auferir o sentimento expressado por Hillary Clinton em seu apoio à guerra
contra o Iraque, quando declarou, em conjunto com a sua colega Madeleine
Albright, quando questionada sobre as duras sanções contra o Iraque e sobre uma
guerra que matou centenas de milhares de pessoas, entre elas quinhentas mil
crianças, e Hillary Clinton afirmou que “valeu a pena” apenas para derrubar Saddam
Hussein! Depois Hillary passou tempos “vendendo” as guerras contra a Líbia e
agora a Síria. E como é que podem ainda assim os liberais progressistas acusarem Trump e não Hillary de “racista”? Como é que podem ignorar as palavras de
compaixão de Trump com todos os que estavam “do outro lado”? Tais palavras
foram proferidas pelos candidatos a presidente na mesma época e deveriam dar a
Trump um apelido diferente de “novo Hitler” ou “racista”. Os autodenominados
progressistas estão por acaso perdendo contato com a realidade?
Agora, Hillary
alega que Trump colocou lenha na fogueira do Daesh. A fogueira Daesh está
queimando há muito mais tempo que a aparição de Trump na cena política nacional
dos Estados Unidos. E queima porque as guerras causadas pela demente da Hillary
Clinton e o resto da elite política de Washington providenciaram o combustível
que alimentou a chama jihadista. Se as palavras de Trump alimentaram essa
fogueira quando disse que os Estados Unidos deveriam suspender temporariamente
a entrada de muçulmanos no país, funcionaram como meros cavacos perto da floresta
de lenha seca que as guerras de Hillary providenciaram para a consolidação do
que é hoje o Daesh (ISIS/ISIL/EI). Mas não é nada estranho que Hillary minta
mais uma vez como é de seu costume, incluindo a acusação de que o Daesh teria
feito um vídeo com Trump.
Como aconteceu na
última noite, na aparição de Hillary na TV onde, apesar do sangue de
não-brancos que escorre de suas mãos teve a falta de vergonha de dizer que
Trump é “perigoso”. Com certeza ele é perigoso, mas apenas para as pretensões
de Hillary de se tornar a nova presidente dos Estados Unidos. Mas para ela, não
passa de um joguinho nojento agir para parecer que se importa, por pouco que seja,
com as vidas de pessoas de cor, especialmente Árabes e muçulmanos.
Na
trama da campanha presidencial, meus amigos autointitulados liberais
progressistas podem ir em frente e acusar acremente Donald Trump por qualquer
ato racista ou intolerante que ele cometa. Eles têm agido exatamente dessa
maneira. Este escritor se congratula com eles por agirem assim. Mas não devem
fazer isso sem mencionar os recordes de Hillary, que derramou o sangue de
milhões de muçulmanos pelo mundo afora, como faz o New York Times. Na melhor das hipóteses estariam contando apenas meia
verdade, o que é a mesma coisa que uma mentira total.
John V. Walsh pode
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