A Arábia Saudita está na iminência da troca de regime
por Petr Lvov - NEO
tradução btpsilveira
O Rei Salman |
Vários especialistas previram a transformação que aparentemente começa a sofrer a Arábia Saudita. Tornou-se óbvia depois que o atual rei Salman bin Abdulaziz Al Saud substituiu seu falecido irmão Abdullah bin Abdulaziz Al Saud no trono em janeiro de 2015, e em seguida promoveu uma série de medidas dentro da elite governante, nomeando o presidente do Ministério do Interior Muhammad bin Nayef, do clã Abdullah, como príncipe coroado, enquanto o filho do novo rei, Mohammad bin Salman Al Saud, de 33 anos de idade e pertencente ao clã Sudairy, recebeu a nomeação de segundo na linha de sucessão ao trono.
Para tomar decisão dessa magnitude, ele deve estar preparado
para levar a efeito um Golpe de Estado com a aprovação do Comitê de Sucessão, o
qual é formado, de acordo com fontes diferentes, por entre 7 a 11 membros da dinastia
Saud.
Parece que as rodas da
máquina política começarão a se movimentar novamente. Na última semana,
reportagens originadas em Riad indicaram que a doença do rei começa a cobrar seu
preço e ele se veria forçado a renunciar em favor do príncipe coroado. Mas os
dirigentes de Estados vizinhos, especialmente Catar e os Emirados Árabes Unidos
Começaram discretamente a sugerir que os membros da família real, que
juntamente com os sheiks das tribos mais fortes formam a base onde se assenta o
regime saudita, estariam extremamente insatisfeitos com a forte deterioração na
situação econômica e social no país, que está levando a uma queda acentuada em
suas receitas pessoais.
Não é segredo
para ninguém que a Arábia Saudita aumentou drasticamente sua produção de
petróleo em uma tentativa de enfraquecer seus principais concorrentes – Rússia,
Irã e Venezuela. Mas o reino também teve que suportar a pancada, sendo forçado
a usar seus fundos de reserva e a cortar o financiamento de vários programas
sociais.
Em seguida aconteceram as
execuções de 47 pessoas, entre as quais Nimr Baqir al-Nimr, clérigo xiita e
popular ativista de direitos humanos. As execuções foram pensadas como uma
forma de retaliar o Irã e o Hezbollah pelo apoio que providenciaram ao povo
sírio na sua luta contra os militantes apoiados pela Arábia Saudita. A medida
provocou grande agitação nas áreas de população xiita do reino, justamente onde
se localizam as áreas da maior parte da produção de petróleo saudita. O país
acabou se colocando ao mesmo tempo à beira de uma guerra civil em suas
entranhas e um conflito com o Irã fora de suas fronteiras, o que provocou
irritação e descontentamento no ocidente.
Afinal, o ocidente precisa de um Irã
politicamente leal, já que se trata de um país onde deverão ser feitos grandes
investimentos, especialmente no setor de petróleo e gás natural, na intenção de
deslocar a Rússia para fora do mercado europeu de gás e do mercado mundial de
petróleo ao mesmo tempo. Apesar disso, neste contexto, o Irã é obrigado a
continuar contando com Moscou na sua confrontação com a Arábia Saudita para
assegurar a própria segurança e continuar providenciando assistência militar
para a Síria, Iraque e os rebeldes xiitas no Iêmen.
Agora, o altamente
respeitado Institute for Gulf Affairs (instituto
sediado em Washington, EUA, para estudo das relações internacionais e questões
políticas e sociais no Golfo Pérsico – NT) informa que o rei saudita,
Salman bin Abdulaziz Al Saud estaria preparando para renunciar ao trono em
favor de seu filho Mohammad bin Salman, levando o país para a beira de um
desastre.
Tudo isso significa que o
rei saudita de 80 anos de idade tenta desesperadamente convencer seus irmãos da
linha de sucessão a permitir que ele mude as regras de sucessão do trono
saudita que ele está pronto para deixar, mas não tão pronto para permitir que
seu sobrinho Mohammad bin Nayef (Ministro do Interior) governe o país. O rei
alega que tudo o que está fazendo teria o objetivo “de manter a estabilidade do
reino”, embora a realidade da situação seja clara – caso o rei consiga
sustentar sua posição, a desintegração do país será iminente, com certas áreas
de população majoritariamente xiita tentando separar-se do reino, enquanto as
regiões na fronteira com o Iêmen, que são habitadas principalmente por tribos
iemenitas ficarão muito contentes em voltar para casa.
Além disso, o Ministro
do Interior (príncipe coroado) é habitual usuário de cocaína, tendo sido capaz
de “produzir” apenas duas filhas, e agora não é mais capaz de “produzir”
crianças. Se o rei saudita conseguir finalizar o esquema acima descrito, será o
primeiro monarca saudita a deixar o trono para o próprio filho.
O fato de que existe uma
crise crescente no reino árabe se torna evidente quando se examinam os cortes
em subsídios e bônus que o rei Salman começou a fazer no início do ano para
reduzir a dependência do país da produção de petróleo. Depois de décadas de
largo uso das receitas oriundas do petróleo para subsidiar os altos salários pagos
pelas companhias sauditas e fornecer benefícios sociais, a queda dos preços
feriu a Arábia Saudita no coração.
Basta dizer que as receitas cm o petróleo se
reduziram à metade em 2015 em comparação com anos anteriores. Analisando pelos
últimos meses, não dá para dizer quem sofreu mais com a redução dos preços do
petróleo. Rússia ou a própria Arábia Saudita, já que a última virtualmente não dispõe
de outros setores para suportar a economia do país. O economista saudita Turki
Fadaad acredita que a Arábia Saudita está tentando abandonar a política do “bem
estar universal”, levando a uma mudança de posição psicológica nas mentes dos
dirigentes do país. Fadaak se convenceu que o objetivo final do rei Salman é
eliminar a dependência crônica da economia saudita em relação ao petróleo. Isto
é factível? De acordo com a maioria dos especialistas a resposta é um eloquente
e sonoro “não”, acrescida da informação de que todos os argumentos em contrário
não passam de fantasia.
No início parecia que
Salman, que veio ao poder depois da morte de seu irmão, Rei Abdullah,
continuaria seu curso, já que depois de assumir o trono, Salman gastou generosamente
30 bilhões de dólares do orçamento em bônus para servidores civis, pessoal
militar a estudantes. Além disso, os preços de bens e serviços básicos,
incluindo-se combustível, eletricidade e preços da água foram rebaixados para
níveis muito baixos, devido aos subsídios governamentais oriundos das receitas
petrolíferas.
No entanto, devido à queda dos preços e sob a pressão desses
gastos o orçamento começou a entrar em colapso. Hoje, a coisa mais importante para
o reino é fazer a transição de um sistema social extremamente generoso para uma
economia produtiva, o que fará com que os súditos do reino sejam forçados a
cortar os próprios gastos/custos, e parece que eles não estão propensos a
concordar com a ideia. Os indícios de um iminente colapso econômico devem fazer
com que Salman se apresse em seguir seu caminho para fora do trono, e é melhor
sair agora, antes que os protestos comecem de verdade.
É curioso notar que a
manutenção do preço do petróleo por volta de $29 dólares por barril foi o motivo
que fez a Arábia Saudita de repente se tornar realista quanto ao seu próprio
orçamento para o ano de 2016. No último ano, o orçamento saudita somou um
débito de quase 98 bilhões de dólares, causado em grande parte pelos bônus
largamente concedidos para servidores civis, pessoal militar e aposentados.
Para o ano de 2016, as autoridades do país resolveram colocar 49 bilhões de dólares
em um fundo de emergência que poderia então financiar projetos importantes caso
o preço do petróleo continuasse baixo no futuro. Acontece que foi a própria Arábia
Saudita que desde 2014 propôs a adoção de novas táticas para a OPEP, sugerindo
que não haveria cortes na produção de petróleo, levando o preço, em
consequência, para os níveis atuais.
Entendemos, portanto, que
Riad em breve terá que escolher entre dois caminhos: ou deixa que o reino sofra
um profundo e irrevogável colapso, ou dão mais poder aos jovens tecnocratas e
pragmáticos que conduzirão a uma política petrolífera mais abrangente. De
qualquer forma, a Arábia Saudita será forçada a colocar um fim em suas
caríssimas aventuras militares na Síria e no Iêmen bem como em suas
confrontações com a Rússia e o Irã.
Petr Lvov
Este artigo foi publicado
originalmente em: http://journal-neo.org/2016/01/23/saudi-arabia-is-on-the-brink-of-regime-change/
Olá! Boa tarde a todos... A maravilhosa Matemática, nos faculta a possibilidade de ¨mantermos Fixas, as demais Variáveis¨, quando pretendemos Determinar um ¨Ponto¨...
ResponderExcluirJá em Economia, apenas em ¨tese¨ essa ¨Máxima¨ pode ser admitida, porque na prática, todas as ¨Variáveis¨, invariavelmente, teimam em Variar,(principalmente quando a Equipe Econômica não é do ramo) a despeito das ¨Vontades/Políticas¨ dos Estadistas... Conclusão: - Crise, com provável troca de Regime...