Quem está
perseguindo Angela Merkel?
Andrey
Fomin
Publicação
original: http://www.voltairenet.org/article190082.html
- REDE VOLTAIRE
Tradução Marisa Choguill
Continua a
operação premeditada de estupros de Ano Novo, em Colônia e em outros lugares,
com a denúncia da responsabilidade da Chanceler Federal Angela Merkel. Um
estudo do tráfego de mensagens de computador mostra que as contas de Twitter
que organizaram esse protesto baseiam-se na costa oeste dos Estados Unidos.
Em setembro
passado, publicamos um resumo da análise produzida pelo investigador russo
Vladimir Shalak sobre os aspectos ocultos da campanha baseada no Twitter para
atrair os refugiados do Oriente Médio à Alemanha [1].
Tendo estudado 19000 tweets originais relacionados com refugiados, Shalak
alegou que o grande êxodo para a Europa continental foi artificialmente
organizado por atores não-europeus. A mais recente onda de violência causada
por migrantes em inúmeras cidades europeias na véspera de Ano Novo provocou
outra intensa campanha anti-Merkel em mídias sociais alemãs e europeias, e
rendeu dados adicionais para uma investigação aprofundada de Shalak.
Abaixo, vamos
compartilhar seus resultados preliminares. Mas, antes, nós vamos dar uma olhada
em duas fotos demonstrando uma mudança drástica na narrativa pública sobre
refugiados, na Alemanha, em apenas 4 meses:
Foi essa mudança
um desenvolvimento trágico mas espontâneo, ou uma PSYOP [PSYOP: do inglês psychological
operation; operação psicológica] deliberada por um agente externo? Para
chegarmos a uma conclusão informada, temos que olhar brevemente as relações
atuais entre EUA e Alemanha.
Desde a
reunificação da Crimeia em março de 2014 com a Rússia, a Chanceler alemã Angela
Merkel encontrou-se entre o martelo e a bigorna. Sob forte pressão de
Washington, ela teve que levar a família europeia a reforçar as crescentes
sanções contra a Rússia, enquanto as grandes empresas e seus adversários
políticos ficavam cada vez mais relutantes em sustentá-las perante as terríveis
consequências para a economia alemã. Pesando duas abordagens contraditórias,
ela optou por realizar o contrato comercial de 2011 para construir a Segunda
Fase do Gasoduto Nord Stream [Torrente do Norte], que traria mais gás natural
da Rússia para a Alemanha através do mar Báltico, apesar de um crescente rugido
do exterior.
Outra dimensão das
tensões transatlânticas está conectada às conversações sobre o acordo TTIP [do
inglês Transatlantic Trade and Investment Partnership: Parceria
Transatlântica de Comércio de Investimento] desde 2013, a portas fechadas. A
névoa de propaganda maciça em torno dessas conversações dificilmente pode
ocultar o fato de que a questão principal, onde as espadas são cruzadas, é o
status dos tribunais de arbitragem privada americana dentro do sistema jurídico
europeu. As empresas transnacionais (do inglês Transnational Corporations:
TNC) globais pressionam para que essas empresas possam processar Estados em
tribunais de arbitragem privada por qualquer ação que influencie negativamente
seus lucros.
Em termos práticos, isso significa a perda total da soberania dos
Estados europeus, visto que os tribunais de arbitragem privada serão capazes de
ditar os direitos aduaneiros dos Estados-nação (influenciando diretamente os
lucros, é claro), as normas sanitárias e fitossanitárias (a UE terá que revogar
suas barreiras rígidas aos OGMs [Organismos Geneticamente Modificados] e aos
produtos de carne com hormônio), as regras financeiras e de investimento de
bancos europeus e até mesmo subsídios. Não é de admirar que uma coalizão de
partidos governistas na Alemanha categoricamente protesta contra as negociações
do TTIP. Uma manifestação pública de massa anti-TTIP atingiu Berlim em outubro
de 2015. Como resultado, agora, Frau Merkel está sendo enfaticamente cuidadosa
em sua avaliação do projeto TTIP.
Agora, a imagem é
mais ou menos clara: a Bundeskanzlerin [Chanceler Federal, em alemão] joga um
jogo inteligente, tentando manter a soberania europeia enquanto, formalmente,
respeitando as exigências dos EUA nas faixas secundárias. Sem dúvida esse jogo
já foi decodificado por Washington e o único fator que impede a imediata
expulsão dela de seu posto é a ausência de um sucessor preparado e gerenciável.
No entanto, uma campanha da mídia contra Frau Merkel, a pretexto do escândalo
dos estupros dos refugiados, está em pleno andamento.
No início de
janeiro, o famoso especulador e patrocinador confesso do tráfego de refugiados
para a Europa, George Soros, deu uma entrevista explícita para Wirtschafts
Woche onde ele amargamente criticou a política europeia de refugiados
rigorosa de Merkel, sugerindo que "custaria sua Chancelaria" [2].
Simultaneamente, a hashtag #ArrestMerkel [#PrendaMerkel] e o lema "Merkel
Tem Que Sair" apareceram no Twitter e ganharam uma impressionante
circulação. Uma análise realizada mostrou que essa hashtag #ArrestMerkel foi
originalmente transmitida por duas grandes contas de Twitter, @Trainspotter001
e @AmyMek. Ela foi retomada e espalhada por diversas outras contas poderosas.
O mapa inteiro de
retweeters #ArrestMerkel. O tamanho dos círculos corresponde ao número de
seguidores que reenviaram esse hashtag.
@Trainspotter001 e
@AmyMek não têm qualquer afiliação regional; mas a análise da média horária de
atividade mostrou os seguintes resultados:
Como você vê, em
ambos os casos, a atividade mínima é observada entre 07:00 e 3 PM GMT, que
provavelmente corresponde ao horário na região do Pacífico nos das Montanhas
Rochosas. Estes ativistas do Twitter estão, portanto, ativos durante o dia na
costa oeste dos EEUU.
Agora, a conta de
@Trainspotter001 fez quase 27K [27000] tweets desde março de 2015, ou cerca de
88 tweets por dia, o que é muito para um operador humano (por exemplo, toda a
equipe de Twitter CNN está fazendo cerca de 23 tweets/dia). Concluímos que
@Trainspotter001 é um robô [bot] programado, enquanto a @AmyMek (27K tweets
desde 2012) é provável que também seja.
Indo ainda mais
adiante e examinando um grande número de retweeters vemos que @Genophilia é o
robô líder aqui (107K tweets desde setembro de 2012, ou aproximadamente 87
tweets/dia). Sua região não é indicada; mas, pesquisa de hora média de
atividade mostra que é operado da costa do Pacífico dos EEUU também. Duas outras
contas notáveis são: @jjauthor, um robô baseado em Nevada fazendo 300 posts por
dia desde 2010 (!), e @LadyAodh, um outro perfil artificial loiro, criado nos
Estados Unidos e lutando contra o "genocídio branco" desde março de
2015. Como você viu no primeiro gráfico, todas essas contas-robô estão
intimamente entrelaçadas e, assim, multiplicam o efeito de uma e de outra ao
cobrir audiências de milhões de pessoas.
A evidência
apresentada demonstra claramente que todo o Agrupamento de Refugiados foi
organizado por agentes baseados nos EUA para enquadrar a Chanceler Merkel e
avisá-la contra sua rebeldia e posicionamento independente pela soberania
europeia. Bastante notável é que plataformas de polo aparentemente oposto (a
ultra liberal de George Soros e a vagamente de extrema-direita dos robôs do
Twitter localizados nos EEUU) eventualmente prosseguem com o mesmo objetivo
político – expulsar a líder alemã de seu posto e impor o TTIP à Europa.
Comentários
Postar um comentário