O pior pesadelo de Erdogan: a aliança
entre a Rússia e os curdos sírios
VIA SPUTNIK - http://br.sputniknews.com/mundo/20160201/3458665/russia-siria-turquia-luta-terrorismo-curdos.html
O
envolvimento russo na situação síria destruiu as aspirações regionais de
Erdogan e mudou dramaticamente o equilíbrio de poder no Oriente Médio, de
acordo com uma estação de rádio alemã.
A emissora pública
Deutschlandfunk referiu-se à campanha aérea de Moscou como decisiva, como tendo
"mudado o jogo", e como sendo um "golpe duro" para Ancara.
Segundo a
emissora, logo que os aviões russos realizaram suas primeiras missões contra o
grupo terrorista Daesh, a liderança turca compreendeu que os planos que tinha
para a Síria já não poderiam ser realizados.
"É impossível
estabelecer uma zona de exclusão aérea no norte da Síria. Não será criada a
zona de 120 quilómetros de comprimento e 20 quilómetros de profundeza na
fronteira [da Síria] com a Turquia", notou Deutschlandfunk.
Enquanto isso, a
decisão da Rússia de iniciar a operação contraterrorista após o pedido oficial
de Damasco "tornou a política de Erdogan na Síria enormemente
ineficaz", sublinhou a mídia alemã.
Os contatos da
Rússia com os curdos sírios ainda agravam mais a situação para Erdogan: esta
intensidade de contatos é "um pesadelo contínuo" para a parte turca.
Como é sabido, a
liderança turca encara todos os curdos como uma ameaça para a segurança e a
estabilidade da Turquia.
Ancara afirma
estar realizando uma operação contra o terrorismo nas regiões do sudeste sírio,
habitadas principalmente por curdos. Enquanto isso, a campanha militar turca
contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK na sigla em curdo) já
tinha sido várias vezes condenada como uma guerra civil e até mesmo um
massacre.
Erdogan começou a
operação em 2015, após o cessar-fogo que durou dois anos, com o objetivo de
cumprir a sua agenda política, opinou a emissora alemã.
Militantes do
Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)
O Partido da
Justiça e Desenvolvimento (AKP na sigla em turco) fundado por Erdogan e que
está atualmente no poder na Turquia, obteve uma grande vitória nas eleições
parlamentares em novembro. Mas essa política pode vir a ter um efeito
bumerangue, porque muitos vêm a operação contra os militantes do PKK como uma
"guerra contra os curdos", observou Deutschlandfunk.
Quando a Rússia
começou, a pedido do presidente sírio Bashar Assad, a operação aérea contra
terrorismo em setembro, a Turquia fazia parte da coalizão internacional contra
terrorismo liderada pelos EUA. Mas o foco principal turco foi combater os
curdos e suportar os rebeldes que lutam contra Assad.
Além disso, a
liderança turca falhou em garantir segurança da sua fronteira com a Síria, que
os terroristas do Daesh usaram para contrabandear homens, armas e
abastecimentos para os combates. Este fato fez levantar um grande número de
questões para a Turquia e colocou a luta de Ancara contra o terrorismo,
nomeadamente contra o Daesh, em uma perspectiva muito diferente.
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