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O pior pesadelo de Erdogan: a aliança 
entre a Rússia e os curdos sírios



O envolvimento russo na situação síria destruiu as aspirações regionais de Erdogan e mudou dramaticamente o equilíbrio de poder no Oriente Médio, de acordo com uma estação de rádio alemã.
A emissora pública Deutschlandfunk referiu-se à campanha aérea de Moscou como decisiva, como tendo "mudado o jogo", e como sendo um "golpe duro" para Ancara.

Segundo a emissora, logo que os aviões russos realizaram suas primeiras missões contra o grupo terrorista Daesh, a liderança turca compreendeu que os planos que tinha para a Síria já não poderiam ser realizados.


"É impossível estabelecer uma zona de exclusão aérea no norte da Síria. Não será criada a zona de 120 quilómetros de comprimento e 20 quilómetros de profundeza na fronteira [da Síria] com a Turquia", notou Deutschlandfunk.


Enquanto isso, a decisão da Rússia de iniciar a operação contraterrorista após o pedido oficial de Damasco "tornou a política de Erdogan na Síria enormemente ineficaz", sublinhou a mídia alemã.

Os contatos da Rússia com os curdos sírios ainda agravam mais a situação para Erdogan: esta intensidade de contatos é "um pesadelo contínuo" para a parte turca.

Como é sabido, a liderança turca encara todos os curdos como uma ameaça para a segurança e a estabilidade da Turquia.

Ancara afirma estar realizando uma operação contra o terrorismo nas regiões do sudeste sírio, habitadas principalmente por curdos. Enquanto isso, a campanha militar turca contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK na sigla em curdo) já tinha sido várias vezes condenada como uma guerra civil e até mesmo um massacre.

Erdogan começou a operação em 2015, após o cessar-fogo que durou dois anos, com o objetivo de cumprir a sua agenda política, opinou a emissora alemã.

Militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)
Militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP na sigla em turco) fundado por Erdogan e que está atualmente no poder na Turquia, obteve uma grande vitória nas eleições parlamentares em novembro. Mas essa política pode vir a ter um efeito bumerangue, porque muitos vêm a operação contra os militantes do PKK como uma "guerra contra os curdos", observou Deutschlandfunk.


Quando a Rússia começou, a pedido do presidente sírio Bashar Assad, a operação aérea contra terrorismo em setembro, a Turquia fazia parte da coalizão internacional contra terrorismo liderada pelos EUA. Mas o foco principal turco foi combater os curdos e suportar os rebeldes que lutam contra Assad. 

Além disso, a liderança turca falhou em garantir segurança da sua fronteira com a Síria, que os terroristas do Daesh usaram para contrabandear homens, armas e abastecimentos para os combates. Este fato fez levantar um grande número de questões para a Turquia e colocou a luta de Ancara contra o terrorismo, nomeadamente contra o Daesh, em uma perspectiva muito diferente.




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