Começou a corrida para Raqqa – a Síria
precisa vencer para manter o país unido
por Moon Of Alabama
tradução: btpsilveira
Fevereiro de 2016 "Information Clearing House" - "Moon Of Alabama" – A corrida
para Raqqa começou. A Síria e seus aliados competem com os Estados Unidos e
seus aliados quem tomará a cidade das mãos do Estado Islâmico.
Situada na região oriental da Síria,
Raqqa está nas mãos do Estado Islâmico, bem como outras cidades ao longo do rio
Eufrates, em direção ao Iraque. Derrotar o Estado Islâmico em Raqqa, Deir Ezzor
e outras cidades no leste da Síria, liberando-as das garras do EI, é o objetivo
declarado de todos os supostos inimigos daquela organização terrorista, mas a
questão não é simples e deve ser analisada em um contexto mais amplo.
Caso os Estados Unidos e seus aliados
consigam capturar Raqqa e Deir Ezzor, juntamente com outras partes do leste da
Síria, poderiam usar o fato como moeda de troca para qualquer futura negociação
sobre o poder na Síria, bem como o futuro de seus aliados no país. Como
alternativa, criar-se-ia um Estado Sunita no leste da Síria e oeste do Iraque. A
cidade de Mosul passaria a fazer parte desse Estado Sunita e provavelmente
colocado sob a tutela da Turquia. Há algum tempo surgiram planos dos Estados Unidos no sentido de criar um "Sunistão" na região com uma revisão das
fronteiras Sykes-Picot.
A manutenção da unidade da Síria, por
sua vez, é o objetivo principal da Síria e de seus aliados. Seria uma perda de
proporções cataclísmicas deixar que Raqqa e os campos de petróleo do leste do
país passem para as mãos dos Estados Unidos. Consequentemente, a Síria e seus
aliados devem vencer os Estados Unidos e seus aliados na corrida para Raqqa e
toda a região oriental do país.
De acordo com o site Southfront a
Síria acaba de fazer o primeiro movimento. Uma brigada do Exército Árabe Sírio
atacou posições do Estado Islâmico a partir de Ithriyah para a estrada de
Raqqa. Houve a tomada da cidade de Tal Abu Zayhn, como direcionamento para o
primeiro dos principais objetivos, o aeroporto militar de Tabaqah. Forças
adicionais de apoio de vários grupos aliados estão se reunindo em Ithriyah para
reforçar o ataque em seguida.
Ainda está em preparação a movimentação
dos Estados Unidos para o leste da Síria. Inicialmente, os EUA queriam usar as
forças curdas do YPG no nordeste sírio. Essas forças foram denominadas Forças
Democráticas Sírias depois de atacar alguns lutadores de Tribos Árabes.
Poderiam então ter atacado Raqqa a partir do norte, mas os curdos não têm
interesse em invadir terras árabes que não poderão manter. Seu objetivo é
conectar-se ao enclave curdo no noroeste da Síria, ao longo da fronteira turca.
Agora, os Estados Unidos querem colocar
em prática um novo plano. Deste plano se sabe apenas alguns esboços e as
informações a seguir são apenas especulações baseadas em informações escassas.
Os Estados Unidos aumentaram a extensão da pista do aeroporto agrícola
de Rumeilan/Abu Hajar (mapa) na área controlada
pelos curdos no noroeste da Síria, para ser capaz de fornecer suprimentos e
apoio a uma operação de larga escala na região:
C130 |
O local foi escolhido porque está a apenas 160 km das linhas de frente
do Estado Islâmico e seus lucrativos campos de petróleo, e ao mesmo tempo, bem
dentro do território controlado pelos lutadores curdos do YPG. A pista
praticamente dobrará sua extensão, passando de 700 para 1320 metros, o
suficiente, consta, para receber aviões de transporte C130. Um anexo para
estacionamento também está sendo construído.
Fala-se que algumas forças operacionais
especiais dos Estados Unidos já estariam atuando na região. Seria a vanguarda
de uma missão de reconhecimento.
Os Estados Unidos anunciaram publicamente de que uma brigada da sua
101ª Divisão Aerotransportada deveria chegar ao Iraque para treinamento,
aconselhamento e assistência às forças iraquianas para um ataque contra Mosul.
Cerca de 1.800
soldados originários do Quartel General da 101ª e seu grupo de combate da 2ª
Brigada deverão ser transportados até Bagdá e depois para Irbil, para treinar e
fornecer aconselhamento militar para o Exército Iraquiano e as forças curdas
peshmerga, dos quais se espera que nos próximos meses devem se mover para
Mosul, o quartel general de fato do Estado Islâmico no Iraque.
Fui informado hoje
que duas brigadas da 101ª Divisão Aerotransportada estão indo para o Iraque, não
apenas uma. Provavelmente, isto foi
informado ao gigante saudita.
O “colosso” saudita recentemente
anunciou sua pretensão de enviar tropas para a Síria. Ninguém estava levando a
sério, mas agora isso começa a fazer sentido. Hoje os sauditas confirmaram sua intenção:
O porta voz militar saudita
anunciou na quinta feira que a decisão de enviar tropas para a Síria como
tentativa de consolidar e reforçar esforços contra militantes é “final” e “irreversível”.
O Brigadeiro General
Ahmed Al-Assiri disse que Riad está “pronto” e deverá lutar ao lado da coalizão liderada pelos Estados
Unidos para derrotar o Estado Islâmico na Síria, asseverando no entanto que
os EUA são mais indicados para responder a quaisquer questões sobre as futuras
operação no campo de batalha.
...
A declaração veio na
sequência de uma visita feita pelo vice príncipe coroado e Ministro da Defesa
Mohammed bin Salman ao quartel general da OTAN em Bruxelas para discutir a
guerra civil na Síria.
Os sauditas lutariam sob controle de
uma brigada da 101ª que alegadamente não iria para Mosul. Os sauditas seriam
transportados desde a Arábia Saudita para uma pista de pouso no oeste do Iraque
em direção à Síria, enquanto outra brigada da 101ª provavelmente seria
implementada a partir da área controlada pelos curdos no norte iraniano através
das áreas curdas no noroeste da Síria em direção a Raqqa. Dessa maneira, Raqqa
poderia ser atacada ao mesmo tempo por forças que viriam do noroeste e do sudeste.
O aeroporto de Rumeilan/AbuHajar seria a principal base para o fornecimento de
suprimentos.
Movimento de forças dessa magnitude
seria enorme e as distâncias a serem percorridas seriam longas. No entanto, a
maior parte da área é desértica e uma força motorizada poderia cobrir as
distâncias a transpor em um dia ou dois. Assim, as tropas sauditas seriam
colocadas na Síria e se eles tomassem Raqqa ou Deir Ezzor e seus campos de
petróleo e depois disso JAMAIS iriam
deixar o local a menos que a Síria se submetesse às exigências sauditas de
instalação de um governo islâmico.
O plano pode funcionar, mas também desencadearia uma
grande mobilização de forças xiitas, o que pode levar a um conflito de gigantescas
proporções. O primeiro ministro russo Medvedev alertou hoje (ontem) que a presença de forças
sauditas dentro da Síria levaria a uma guerra de proporções muito maiores.
A operação dos sauditas, conforme
declarado, deve começar dentro de dois meses. As forças do governo sírio e de
seus aliados agora têm que correr para o leste, a fim de manter a unidade do
país. Os Estados Unidos por sua vez, vai querer criar obstáculos ao avanço
sírio por quaisquer meios que disponha – talvez até – através de alguns “bombardeios
errados”.
A corrida para Raqqa e para o futuro da
Síria já começou.
Olá! Boa noite a todos... Uma Brilhante Análise apresentada, Moon Of Alabama, parabéns e muito obrigado pelos esclarecimentos...
ResponderExcluir