Foi o ocidente que apontou a arma que
assassinou o embaixador russo
Finian Cunningham, traduzido por btpsilveira
O assassinato brutal do embaixador russo Andrey Karlov em Ancara mandou
ondas de choque pelo mundo afora. Condenações do ato de barbárie foram emitidas
por Washington e estados Europeus contra o ato de terrorismo por um atirador
que alvejou Karlov pelas costas enquanto ele estava discursando na capital
turca.
Na sequência do ataque, a Casa Branca condenou o que chamou de
“ataque odioso”, enquanto a chefe para relações exteriores da União Europeia
Federica Mogheriuni prometeu solidariedade com a Rússia.
Brado de uma manchete: “União Europeia e
Estados Unidos chocados pela morte do embaixador russo na Turquia”.
Quando se pensa nos meses do desnecessário e implacável aviltamento da
Rússia pelos Estados Unidos e União Europeia por causa do conflito na Síria, a
frase “lágrimas de crocodilo” teima em ficar em minha mente, relacionada às
suas “condenações” do homicídio do embaixador.
Horas depois, no mesmo domingo da atrocidade em Ancara, um segundo
atentado também aparentemente terrorista aconteceu na capital da Alemanha,
Berlim, quando um refugiado paquistanês jogou um caminhão contra a multidão em
um mercado natalino, matando ao menos 12 pessoas e ferindo outras 50. Tomados
em conjunto, os eventos fizeram aumentar exponencialmente as medidas de
segurança estatais através da Europa. Mais uma vez, uma ironia cruel,
dada a culpabilidade dos estados europeus ao semear as sementes da violência.
Karlov (62) exerceu a carreira diplomática por quarto décadas, tendo
assumido seu posto na Turquia em 2013. Ele trabalhou habilmente nos bastidores
para facilitar o recente diálogo entre Rússia, Irã e Turquia, que possibilitou
um acordo para evacuar civis e militantes do campo de batalha na cidade síria
de Alepo.
Outin e Erdogan foram unânimes ao declarar que o assassinato
foi uma “provocação”, destinada a minar as sensíveis negociações em andamento
para encontrar um acordo político para o conflito na Síria. As conversações
tiveram lugar no dia seguinte ao homicídio, quando os ministros de relações
exteriores dos dois países, mais o Irã, se encontraram em Moscou como planejado
na terça feira.
Significativamente, os Estados Unidos e seus aliados europeus foram
deixados de lado nas negociações entre Rússia, Irá e Turquia, embora se saiba
que os estados ocidentais são parte da guerra que se desenrola já a quase seis
anos na Síria, tendo armado e financiado várias facções militantes
antigovernamentais.
Em um discurso na TV, desde o Kremlin, Putin disse que as investigações
sobre o assassinato do embaixador Karlov precisam encontrar “quem dirigiu
encobertamente o atirador”.
O atirador foi rapidamente morto pelas forças especiais sírias, que
invadiram a galeria de fotos. Ele se chamava Melut Mert Altintas, um policial
de folga de 22 anos, membro das forças antimotim da polícia turca. Gravações
feitas por sobreviventes entre o público que estava no evento mostram o
assassino declarando apoio ao povo de Alepo, e gritando “Allah u Akbar”
(Deus é grande)... “Isto é uma vingança por Alepo”, enquanto Karlov agonizava
no chão.
Mais tarde, as autoridades turcas declararam que o atirador era filiado
ao movimento Gulenista, ao qual já culparam anteriormente pela tentativa
fracassada de golpe de estado em Julho passado. Essa declaração turca pode ser
na realidade uma forma de contornar a embaraçosa situação de ter um dos membros
de sua força policial filiado aos movimentos terroristas na Síria.
Alguns legisladores russos chegaram a afirmar que o assassinato de
Karlov poderia ter sido orquestrado pela OTAN, aliança militar liderada pelos
Estados Unidos. A liberação de Alepo na última semana, efetuada pelo exército
sírio com a ajuda da Rússia, Irã e milícias libanesas, representa uma derrota
estratégica importante para as potências da OTAN, que estão lutando uma guerra
encoberta para a mudança de regime na Síria.
Também sugiram relatos durante o final de
semana de que vários membros de forças especiais da OTAN tinham sido capturados
pelas tropas sírias em Alepo. A presença encoberta de pessoal da OTAN em Alepo,
presumivelmente para treinar e orientar terroristas jihadistas, pode muito bem
ser a prova definitiva de uma conspiração criminosa para levar a guerra para a
Síria.
Quanto ao assassinato do embaixador russo na Turquia, Karlov, resta
saber se o policial que o matou não agiu sob direção de serviços de
inteligência da OTAN.
No entanto, mesmo tendo agido como “lobo solitário”, ainda pode ser dito
que os governos ocidentais e sua mídia vassala são responsáveis em larga
medida, por ter “orientado sua ação”.
O amontoado de condenações, entre as quais as do secretário da ONU Ban
Ki Moon, dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, foi coordenado
pelo Secretário de Estado John Kerry e por Samantha Power, embaixadora dos
Estados Unidos para a ONU. Apenas alguns dias antes da morte de Andrey Karlov,
os países ocidentais e altos funcionários da ONU estavam lançando uma intensa
campanha na imprensa alegando que a Rússia teria cometido crimes de guerra
durante a ofensiva para a retomada de Alepo.
John Kerry denunciou o que ele chamou de “massacre” em Alepo. Já
Samantha Power foi quase histérica quando, no Conselho de Segurança da ONU, admoestou a Rússia, que
seria “incapaz de se envergonhar”, fazendo acusações imprudentes e sem
fundamento de que mulheres e crianças estariam sendo executadas em Alepo.
Durante os últimos meses, houve um crescimento contínuo das condenações
de governos ocidentais e da imprensa, que chegou a um clímax quando Alepo foi
finalmente retomada das mãos dos terroristas pelo exército sírio e seus aliados.
Citando fontes suspeitas e ligadas aos grupos de terror que promoviam o cerco à
parte oriental de Alepo, o ocidente demonizou a Rússia como opressora de civis,
autora de crimes contra a humanidade.
Diplomatas Britânicos, (norte)americanos e Franceses distorceram
grosseiramente os fatos, servindo-se de analogias para comparar as atitudes da
Rússia e a Síria às depredações da Alemanha nazista e à Espanha fascista do General
Franco.
Lembrem-se de quando os escritórios do consulado russo na Síria foram
alvejados por foguetes lançados por militantes, os países ocidentais se
recusaram a condenar a violação estúpida, ou quando o Secretário Britânico para
Relações Exteriores Boris Johnson incentivou protestos públicos
fora da embaixada russa em Londres. Também não se pode esquecer quando duas
enfermeiras russas foram mortas em ataque terrorista com foguetes em um
hospital móvel em Alepo, os países ocidentais permaneceram em um silêncio desrespeitoso
ao invés de condenar os ataques. Da várias maneiras, sutis ou nem tanto, os
governos ocidentais e sua imprensa têm tratado a Rússia como um vilão que
merece ser atacado.
O auge das condenações atingiu Alturas inconcebíveis na última semana,
quando Washington, seus aliados ocidentais e a ONU – todos devidamente
amplificados incondicionalmente pela mídia ocidental – vilificaram a Rússia por
estar alegadamente massacrando civis em Alepo oriental. A embaixadora
(norte)americana Samantha Power citou especificamente relatos não verificados
de crianças sendo mortas em um abrigo subterrâneo na Síria por forças russas.
Apo contrário do que diz a histeria ocidental, a realidade é que está
ocorrendo uma evacuação ordeira e calma de dezenas de milhares de civis em
Alepo. Não há sequer uma evidência de quaisquer massacres ou crimes contra a
humanidade dos quais falam tão estridentemente funcionários ocidentais e da
ONU. Ao contrário. Inúmeros civis estão expressando sua gratidão ao serem
libertados pelas forças sírias e russas de um reino de terror imposto a eles
por quatro anos pelos terroristas financiados pelo ocidente.
Virtualmente tudo o que as fontes oficiais ocidentais têm dito sobre a
liberação de Alepo e de maneira mais geral sobre a guerra na Síria não passa de
um monte de mentiras grotescas.
O congressista russo Alexey Pushkov, do Comitê de Política Externa da
Duma russa, está correto ao afirmar que na sequência da morte do diplomata
russo, a responsabilidade deve ser jogada às costas da histeria e das
falsidades espalhadas pelo ocidente sobre os acontecimentos em Alepo, que levou
a um clima de ódio imerecido contra a Rússia.
Quando o assassino turco levantou a arma com a qual disparara contra
Karlov, declarou que estava agindo em memória dos “civis que foram mortos em
Alepo”. Mas quem deu a ele a imagem da Rússia como sendo um alvo legítimo para
uma “vingança”? Quem encheu sua cabeça com as imagens FALSAS de carnificina e
horror contra civis em Alepo?
Ao responder essas questões com honestidade, a conclusão forçosa é que
os governos ocidentais, diplomatas e imprensa todos estavam com as mãos na arma
quando ela disparou para matar o embaixador Andrey Karlov.
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