Os três principais líderes da resistência em 2016
Neste ano de resistência, três
pessoas em particular mudaram o curso dos acontecimentos. Aqui, como eles
fizeram isso.
Adam Garrie, THE DURAN, em 31 de dezembro de 2016 – tradução por mberublue
VLADIMIR LENIN disse: “Há décadas nas quais nada acontece, mas também há semanas onde acontece
toda uma década”. O ritmo frenético de 2016 demonstrou que este foi um ano
cheio de semanas onde décadas aconteceram. Começando em 1991, quando a União
Soviética foi ilegalmente arrasada, o mundo geopolítico entrou em estagnação.
As políticas neoliberais dos Estados Unidos mudariam o mundo. Pequenos países
seriam subjugados ante ações militares, a era industrial foi substituída por
uma era de acordos corruptos de “livre comércio” e a soberania das nações deixou
e ser sagrada.
Com o final do bloco soviético que se opunha aos Estados Unidos, o
resultado não foi o retorno de velhos cowboys para casa e sim um novo rodeio
onde as populações foram tratadas como gado em nome do assim chamado
intervencionismo. Por anos, muitos tentaram resistir a essa tendência, mas
todas as tentativas resultaram em fracasso, até este ano, o ano da resistência.
Três pessoas em particular, forjaram o curso desse ano de resistência. Aqui, tentaremos
mostrar como eles fizeram isso.
Vladimir
Putin
O presidente russo
nunca foi um líder fraco. Seus primeiros mandatos ajudaram a tirar a Rússia do
horror dos anos 1990s e restauraram a estabilidade, prosperidade e a paz
interna na Rússia. Seu período como
Primeiro Ministro ajudou a cimentar o fato de que a Rússia voltou a ser uma
nação orgulhosa de si mesma, patriótica e digna, que jamais seria uma colônia
submissa para a potência (norte)americana, tanto quanto o Império Russo jamais
se submeteu à ocupação pela Suécia, a Comunidade Polônia/Lituânia, o Império
Otomano, França ou Alemanha.
Enquanto
isso, em 2016, embora a mídia corporativista ocidental tenha dito que Putin
estava implicando com o mundo inteiro, na realidade o mundo veio até Putin e a
Rússia. Organizações como a Organização para Cooperação de Xangai, o emergente
grupo dos países BRICS e a União Econômica Eurasiana todos sinalizam que muitos
países da antiga União Soviética, bem como a China e outros aliados asiáticos
poderosos como a Índia estão buscando uma forma de aliança coletiva sob a
liderança política de Moscou.
Na Síria,
Putin demonstrou que a Rússia não receia usar sua restaurada força militar fora
do país, mas só o fará quando houver um pedido de aliados. As ações militares
na Síria mostraram que o poderio militar russo deverá ser usado para preservar
o mapa geopolítico, não para redesenhá-lo.
É seguro
dizer, pela primeira vez desde a era depois de Watergate/Brezhnev, que a influência
da Rússia eclipsou aquela dos Estados Unidos. As recentes reuniões do grupo
trilateral para a paz na Síria, das quais os Estados Unidos foram excluídos é
um exemplo disso. Seja em Ancara, Pequim, Nova Deli e agora no Cairo,
Islamabad, Manila e em partes da América Latina, os líderes políticos julgam
seus próximos movimentos tendo em conta o que vem de Moscou e não apenas da
Casa Branca. O mundo se tornou funcionalmente multipolar e nele, a Rússia hoje
tem peso político de liderança.
Bashar
al-Assad
Quando Bashar
al-Assad se tornou o presidente da Síria depois da morte de seu pai, muitos o
viam como uma espécie de líder mais fraco, com menos peso e uma versão mais
pobre de seu poderoso predecessor. Ele era um oftalmologista com base na
Inglaterra, era gentil e seus maneirismos nunca lhe permitiram dar discursos
apaixonados como aqueles de Saddam Hussein ou de Muammar Kadafi, discursos que
eram sempre dirigidos para o ocidente. Na vida de qualquer pessoa, raramente se
escolhe o momento crucial, mas quando este chegou para Assad, ele o agarrou com
uma força inesperada.
Ele saiu da
posição de oftalmologista chefe ao qual o ocidente pensou que seria fácil
colocar de lado, para um digno líder, forte e de alto nível, de um dos últimos
Estados Modernos Árabes, a Síria secular e multi religiosa. Além disso, extraordinariamente,
ele se tornou o primeiro líder árabe depois de Nasser a resistir com sucesso às
tentativas ocidentais de mudança de regime. A Batalha de Alepo se tornou a
Stalingrado das mudanças de regime e mesmo que a imprensa prostituta ocidental
nunca admita, qualquer um pode ver que enquanto Assad permaneceu no poder, seus
detratores (norte)Americanos e Europeus estão saindo de cena.
Donald Trump
Desde os idos
dos anos 1990s, tanto o Partido Democrata quanto os Republicanos sempre
adotaram a mesma política externa. Esta envolvia uma cruzada
neoconservadora/neoliberal contra qualquer nação quer resistisse a este estilo
de governo. Qualquer pessoa é capaz de se lembrar que desde a presidência de
George H. W. Bush até Barak Obama os Estados Unidos têm bombardeado o Iraque,
apenas para citar o exemplo mais marcante.
Desde que a
Rússia começou a batalha para assegurar a sua soberania depois dos anos 1990s,
seu relacionamento com os Estados Unidos está se tornando cada vez mais tenso.
Em 2016, esse nível está em seu estado mais baixo desde sempre. Pois pense em
Donald Trump, um homem que disse que os EUA “devem entrar em acordo com a
Rússia” e que disse que ele pessoalmente certamente “entrará em acordo com
Putin”. Conheça um homem que baseou a sua campanha em uma política externa que
se oporá a mudanças de regime e intervenção em países que não sejam os Estados
Unidos.
Republicanos
e por algumas vezes libertários como Ron Paul tentaram a presidência dos
Estados Unidos dizendo essas mesmas coisas, mas enquanto Paul se tornou apenas
uma voz nobre no meio da selvageria, Trump fez o que prometeu fazer. Ele
venceu, venceu e venceu. Seu estilo Pat Buchannan contra a globalização e seu
estilo Ron Paul de oposição às intervenções no exterior fizeram da dinastia
Clinton os perdedores. As mentiras da imprensa prostituta ocidental não
conseguiram deter Trump, a máquina bem azeitada do Partido Democrata também não
e nem mesmo o fraco apoio do Partido Republicano ao seu próprio candidato
conseguiram derrotá-lo.
Trump se
mostrou um mestre na arte de lidar com a mídia social e com novas fontes de
informação como a RT e novos e influentes sites da internet que estão
substituindo rapidamente a letárgica imprensa corporativa como fonte de
notícias. Se Assad resistiu a um esquema militar de mudança de regime, Trump
está liderando uma mudança de regime democrática. Somos tentados a imaginar uma
multidão de apoiadores de Trump deitando abaixo um símbolo da CNN e pisoteando-o
a seguir. Esta seria uma imagem surpreendentemente emblemática das conquistas
de Trump. Ele fez mais para mudar os Estados Unidos com um smartphone e com o
Twitter que todo o ouro da Arábia Saudita e do Qatar puderam fazer por Hillary
Clinton.
Nos Estados Unidos, que pareciam mergulhados no pântano
da estagnação política e manipulação por uma imprensa desonesta, Trump mudou o
jogo, e o que é melhor, não parece ter mudado de opinião, método ou posição
política desde que venceu a eleição.
http://theduran.com/top-3-leaders-2016-resistance/
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