Síria: O cerco de Alepo oriental está perto do fim
por Moon Of Alabama
tradução: btpsilveira
05 de dezembro de 2016 è Information Clearing House - Moon Of Alabama – Esta é a situação na parte oriental de
Alepo em 04 de dezembro, 6PM ET. A área verde cercada, ainda na posse da
al-Qaeda e seus aliados deve desaparecer em breve.
Mapa: Fabrice Balanche - bigger
O Governo britânico disse
que a cada vez mais próxima vitória do governo sírio em Alepo, no fim das
contas não será uma vitória. Besteiradas. O que é claro é que ele e seus pares
estão desistindo da questão e agora querem livrar a cara com um coro de
lamentações. A aliança da Síria está vencendo, os Estados Unidos devem mudar sua política externa e o fim da guerra já
pode ser dado como previsível.
A operação de propaganda enganosa do
MI6, denominada “Bana Alabed” terminou. A estrela maior da operação seria uma
menina de sete anos na parte oriental da cidade que pode até não falar inglês,
mas no twitter escreve de forma impecável questões políticas nessa língua, mesmo
quando em Alepo não havia mais qualquer possibilidade de conexão com a
internet. Agora sumiu como por encanto. Parece mais com uma das primeiras
operações de propaganda enganosa em Alepo, a “garota homossexual em Damasco”
que também sumiu como por encanto em
2011, um pouco antes de seu operador (um homem) na Escócia ser desmascarado. Com
que cara os meios de comunicação que caíram neste absurdo chamado “Bana” vão
agora se explicar com seus leitores e expectadores?
Desde o início da Ofensiva do exército
sírio na parte oriental de Alepo, dominada pelos Takfiri, mais de 21.000 civis deixaram a região em direção
às áreas dominadas pelo governo na parte ocidental da cidade. Vários relatos
confirmam que estes civis eram tratados pelos Takfiris como reféns e tiveram fugir sob fogo:
“Nós éramos pressionados de todas
as maneiras, financeira e psicologicamente. Os atiradores estavam tentando
evitar nossa saída até que exército chegasse,” disse Amina Rwein, de 36 anos,
que fugiu com seu marido, sete filhas e três filhos.
Ela afirmou que “nós estávamos sendo
alvejados por atiradores, até que o exército atingiu o minarete de onde estavam
disparando e então conseguimos cruzar”.
Entre os moradores fugitivos, cerca de
500 eram lutadores rebeldes que se entregaram ao exército sírio. 480 dentre
eles eram antigos moradores de Alepo, aos quais se permitiu irem embora, depois
de prometerem não lutar mais contra o governo.
Os rebeldes remanescentes querem continuar na cidade e lutar até o fim.
Isso inutiliza os planos de Secretário de Estado Kerry que tenta conseguir mais um cessar fogo no qual alguns
lutadores da al-Qaeda poderiam deixar a cidade mas outros Takfiris continuariam
a manter o controle da parte oriental de Alepo. De qualquer forma, Kerry chegou
tarde mais uma vez. O acordo já não estava mais sobre a mesa de conversações.
Os Estados Unidos tem sempre ideias erradas – pretendiam subornar o governo sírio para deixar alguns
Jihadistas ainda no poder. Só pode ser piada! As forças russas e sírias não
deixarão sequer um inimigo vivo na área e nem uma polegada de terreno de Alepo
ocupado por terceiros. Mais tarde, o mesmo será aplicado a toda a Síria.
Novas saídas controladas para civis e
lutadores que quiserem deixar a cidade deverão acontecer em breve. Todas as antigas áreas de
saída na parte norte da cidade estão agora completamente sob controle do
governo sírio.
Duvido que haja muitos civis na área de
conflito, se é que ainda há. Como já disse na estimativa feita em 15 de outubro:
Com base nos números de Daraya e outras cidades anteriormente sob cerco
na Síria, provavelmente existem não mais que 4/5.000 lutadores e cerca de 3 a 5
civis por lutador, quer dizer, que representam suas famílias, na parte oriental
de Alepo. O total pode muito bem ser menor que 20.000.
A Agência de Refugiados das Nações
Unidas e vários altos funcionários da ONU espalharam contos da carochinha sobre cerca de 270.000 civis cercados na parte oriental de
Alepo. Esses números foram exaustivamente repetidos pela mídia ocidental sem
ressalvas. Mais de 60% das áreas foram libertadas. A Cruz Azul Internacional foi até os locais. Eles estavam vazios. Onde
estarão as centenas de milhares de pessoas que a ONU imaginava?
Ainda acontecem ataques diários por mísseis
disparados de áreas dominadas por Takfiris contra as áreas dominadas pelas
tropas governamentais na parte ocidental de Alepo e cada ataque desses cobra seu
preço em vidas. UPDATE: De acordo com a agência SANA,8 pessoas foram mortas e
25 feridas hoje quando os Takfiris lançaram mísseis contra áreas residenciais
de Alepo ocidental. Um hospital de campo russo instalado nos últimos dias para
ajudar refugiados de Alepo oriental foi atacado pelos Takfiris “moderados”. Uma
médica russa morreu e várias outras pessoas foram feridas,
enquanto o hospital foi destruído (fotos).
Estes ataques tornam inequívoca a urgência
de drenar o caldeirão o mais cedo possível. Além disso, há várias outras razões
também urgentes para atacar mais rapidamente que o esperado a parte oriental de
Alepo.
Nas ocasiões em que os ataques foram
retardados pelo exército sírio e seus aliados, os jihadistas mesmo assim se
mantiveram ocupados dentro do Caldeirão, em lutas intestinas. Ontem, o grupo da
al-Qaeda, Jabhat al-Nusra, juntou-se ao grupo Zinki, equipado pela CIA, para
atacar os quartéis generais de outros grupos armados na cidade, que detinham o
controle sobre locais de armazenamento de comida e munição. Estes momentos de
luta interna são ideais para que as forças sírias ataquem de forma inesperada.
As forças do governo sírio não seguem a
linha estratégica esperada pelos militares profissionais. Eles não atacam ao
longo das principais rodovias ou contra os eixos óbvios cheios de postos de
controle do inimigo e com armadilhas previamente montadas. Em vez disso, ficam
tateando até encontrar um ponto fraco e por ali atacam com toda a força para
surpreender os postos de controle do inimigo pela retaguarda. Os 25.000
soldados sírios e as 10.000 tropas aliadas estrangeiras (4.000 do Iraque, 4.000
iranianos e 2.000 libaneses do Hezbollah) contam com apoio sem precedentes da
Força Aérea Síria através de aviões e helicópteros. Relatos de “bombardeios
russos” na Alepo oriental são todos falsos e são falsos pelas últimas seis
semanas. Apenas a Força Aérea da Síria está em atividade na área.
O plano geral é concentrar todos os
Takfiris em uma pequena área na Alepo oriental (talvez a “cidade Velha”), e
então negociar sua partida para Idlib, no nordeste da Síria. A própria Idlib já
é palco de lutas internas entre grupos jihadistas de vários matizes, aos quais
foi oferecida a oportunidade de sair de outras áreas de conflito ao redor de
Damasco, como Homs e Hama. Logo se tornará alvo para as Forças Aéreas da Rússia
e da Síria. Os jihadistas então fugirão para a Turquia, o que representa a
tempestade perfeita e o pesadelo de Erdogan, e talvez, através da Turquia, se
dirijam para as cidades europeias “ocidentais”. Ali, serão tratados a pão de
ló, mimados e poderão descansar até que seus patrões os convoquem para outra guerra.
Comentários
Postar um comentário