O
Legado de Obama no Oriente Médio... que Legado?
por Martin Berger,
traduzido por btpsilveira
É necessária uma reavaliação da desastrosa administração
Obama, tanto nos
Estados Unidos quanto no
exterior, com a aproximação do final do seu mandato.
A Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental
(ESCWA, na sigla em inglês) das Nações Unidas chegou mesmo a redigir um relato
especial para avaliar o dano infligido sobre o Oriente Médio pelas assim
chamadas revoluções da “Primavera Árabe”, que foram encenadas durante a
administração Obama, pelas agências de inteligência dos Estados Unidos.
O
relatório observa que os protestos na Tunísia funcionaram como um catalisador
para as revoltas ou protestos em vários outros países árabes, entre eles Egito,
Iêmen, Síria, Barein, Líbia, Oman, Jordânia e Marrocos. A seguir, uma
intervenção militar dos Estados Unidos provocou a queda do governo de Muammar
Kadaffi na Líbia. Ao mesmo tempo, Washington não tinha qualquer plano de
estabilização pós guerra depois que terminou sua intervenção militar. O
presidente “pato manco” dos Estados Unidos mais tarde chamou isso de “um grande
erro”, e descreveu a situação na Líbia como um caos total.
O
relato
acima mencionado deixou estabelecido que a Primavera Árabe resultou
na espantosa soma de 614 bilhões de dólares de perda de crescimento nos países
árabes. Estima-se que os conflitos na região entre 2011 e 2015 deixaram uma
rede de perdas equivalente a 6% do PIB da região.
Na Síria, quando os protestos antigovernamentais
eclodiram, desaguaram em um conflito que foi arquitetado por potências estrangeiras.
As perdas de capital e do PIB foram de 259 bilhões de dólares desde 2011, de
acordo com a Agenda Nacional para o Futuro da Síria, da ESCWA.
Quando Obama assumiu o poder em 2009, ele buscou
uma reaproximação com a maioria do mundo muçulmano. Em seu discurso histórico
no Cairo, em junho daquele ano, ele descreveu a situação da Palestina como “intolerável”,
e prometeu perseguir – “com toda a paciência e dedicação que o assunto requer” –
uma política de “dois Estados, onde palestinos e judeus possam viver em paz e
segurança”. Mas Obama acabou fazendo muito pouca coisa e não alcançou qualquer
progresso nestes assuntos. Agora ele deixa o gabinete sem cumprir nenhuma de
suas principais promessas, o que constitui um fracasso monumental do laureado
com o Prêmio Nobel da Paz.
Os conflitos não têm fim na Síria, Iraque, Iêmen e
Líbia; uma cadeia constante de ataques terroristas continua sendo organizada na
Tunísia, Turquia e Líbano; tudo enquanto os habitantes da Cisjordânia ocupada insistem
em demonstrar sua revolta. Sem dúvida,
tudo isso mostra bem o que é o legado de Obama. A presidência de Barak Obama
está a um passo do fracasso completo, como bem assevera o professor de relações
internacionais da Faculdade Kennedy em Harvard na sua entrevista concedida para
a rede Al-Jazeera.
A administração Obama é responsável por quase todas
as guerras no Oriente Médio, na maioria dos países da região, que, com exceção
da Tunísia e Oman, estão no momento atolados
em uma crise perpétua. Como dizem alguns analistas, a política dos Estados
Unidos para o Oriente Médio é um “Castelo de Cartas” que desaguou em fracasso
total, mesmo porque baseado em mentiras e trapaças. As políticas efetuadas pela
administração Obama facilitaram a criação de um quadro regional no qual os
Estados Unidos continuam a desempenhar o papel de um força externa invasora, em
vez de fazer esforços no sentido de conseguir a estabilização da região.
A falta de inteligência e de visão estratégica da
Casa Branca resultou em uma crise de refugiados em andamento, enquanto os
grupos terroristas, como percebem vários analistas, permanecem ainda no estágio
pan-arabista, pelo menos no futuro previsível. Pior: não há como impedir o
retorno dos mercenários recrutados na Europa e nos próprios Estados Unidos para
lutar no exterior.
Uma forma de resolução para a crise na Síria deverá
ser de alta prioridade para a próxima administração a Casa Branca, mas para
conquistar esse objetivo, deverá ser abandonada a ideia de derrubar o
presidente Bashar al-Assad, e ter em mente que os assuntos regionais atualmente
não podem ser resolvidos sem a participação da Rússia.
Mesmo na medida em que o público (norte)americano
está ficando cada vez mais cansado das idas e vindas dos EUA no Oriente Médio,
a região continuará sendo estrategicamente importante para a política externa
dos Estados Unidos nos próximos anos.
Martin Berger é um jornalista
freelance e analista geopolítico, exclusivamente para a revista online “New
Eastern Outlook.”
Comentários
Postar um comentário