“Tanques Russos
estão em toda parte”
por Martin Berger, com
tradução de btpsilveira.
A todo momento, a mídia
corporativista ocidental relata em reportagens sensacionalistas que tanques,
canhões, veículos blindados e milhares de soldados russos em uniforme das
Forças Armadas da Federação Russa estão por aqui ou ali em nações aliadas
ocidentais pelo mundo afora. O que é pior, estas declarações são seguidas
caninamente como verdade e são espalhadas por vários políticos de alta plumagem
em Washington e nos quartéis generais da OTAN bem como nas capitais de vários
Estados europeus.
Recentemente,
ao discursar para soldados das Forças Armadas ucranianas, o Presidente da Ucrânia,
Petro Poroshenko anunciou que o território de seu país, teria sido alegadamente
ocupado por 700 tanques, 1250 sistemas de artilharia, mais de 1000 veículos
blindados e 300 high mobility artillery rocket system – HIMARS (Sistema
Múltiplo de Lançamento de Foguetes de Alta Mobilidade, na sigla em inglês - NT).
A fim
de se prevenir contra uma suposta “ameaça iminente da Rússia” alguns países
Bálticos entregam a suas crianças manuais intitulados “Guia para lutar contra
agressores Russos”. Em novembro passado, de acordo com BaltNews.Iv, uma delegação que consistia em representantes do
Ministério da Defesa, milícias civis bem como soldados da 173ª Brigada de
Infantaria dos Estados Unidos, ministraram uma palestra para estudantes letões
sobre “como proteger o país no caso de um ataque russo”. Além disso, sabe-se
que essas palestras tem acontecido de forma constante para menores da Letônia durante
anos. Durante os dois últimos, de abril de 2015 a abril de 2016, as forças
militares visitaram 100 escolas da Letônia.
É necessário salientar que o mito de uma “Ameaça Russa” não está
sendo fabricado apenas pela imprensa ocidental, mas também por unidades
militares dos Estados Unidos e do Reino Unido, que se esforçam na tarefa de
promover falsos eventos de “agressão”.
Há algum tempo, o site NEO relatou
(você deve ver – o título é: Why Would Pentagon Pretend to Fly Russia’a Military Jets? – O que quer o Pentágono ao
fingir pilotar aviões russos?) estar a internet cheia de fotos de
pilotos (norte)americanos correndo na direção de aviões dos Estados Unidos
camuflados para imitar aviões russos SU-34, com padrões reconhecidamente
diferentes daqueles usados pelos EUA, mas que parecem muito com as cores
rotineiramente usadas pelos aviões da Força Aérea da Federação Russa.
Atualmente
não é segredo nenhum que as forças militares dos Estados Unidos estão tentando
mimetizar as Forças Armadas russas ao usar equipamento militar “russo”. Este
papel lamentável é desempenhado oficialmente pelo 11º Regimento de Cavalaria
das Forças Armadas dos EUA, conhecido como “Cavalo Negro”, o qual foi
parcialmente reorganizado em torno de um modelo russo de desenvolvimento e que
foi equipado com veículos blindados que lembram aqueles usados pelas Forças
Armadas da Federação Russa. Mais uma vez, os Estados Unidos aparentemente
precisam de “agressores profissionais” para personificar um inimigo durante
jogos militares e assim desencadeou provocações por toda a Europa. Com esse
objetivo, o 11º Regimento Blindado de Cavalaria foi equipado com veículos
blindados M113 que foram reconstruídos para parecer com os russos BMP-2 e
BRDM-2.
A
julgar pelos comunicados para a imprensa (press-releases
no original) do 11º Regimento, todos estes veículos são usados de forma rotineira
para participar de jogos militares em conjunto com a 3ª Brigada Blindada da 34ª
Divisão de Infantaria. Outros esquadrões do regimento já participaram desses
treinamentos como uma unidade especial do exército dos Estados Unidos – denominada
Stryker Brigade Combat Team (Equipe de Combate de Brigada Stryke – “Stryke” é
um veículo blindado que em vez de lagartas tem oito rodas. Tem mais agilidade e
menos exigências logísticas que um tanque - NT). Tudo junto, o “Cavalo Negro”
leva a efeito 15 “treinos educacionais” por ano.
Depois da retirada das tropas dos Estados Unidos do Iraque em
2011, “agressores profissionais” puderam retornar à rotina de personificar um
certo tipo de “inimigo imaginário”, até que a crise da Ucrânia veio à tona,
causando um crescimento da tensão na Europa.
Alguns meses antes, a Força Aérea dos Estados Unidos publicou
fotos de F-16 personificados como “agressores”, no 64º Esquadrão Especial de
Nevada. Esses aviões receberam esquemas de pintura que não só imitavam os jatos
russos, como também exibiam nas asas as estrelas vermelhas que são tradicionais
para o exército da Rússia.
Além disso, Washington insistiu pela criação de unidades
especiais de “agressores” em unidades de exércitos estrangeiros como os da
Inglaterra, Coréia do Sul e Israel. Recentemente, a Planície de Salisburgo presenciou
tropas combatendo unidades “agressoras” que imitavam forças armadas russas,
fingindo esforçadamente uma invasão da Estônia. Tais “agressores” estavam
armados com velhos tanques T-72 e T-55 produzidos na Polônia e trazidos de
museus.
Pense
nisso: na medida em que essas unidades estão espalhadas pelos Estados Bálticos
e em vários outros países da Europa Oriental, estas “unidades agressoras” que
podem personificar o exército russo com sucesso, também podem criar “evidências
de um iminente ataque russo”. Por isso, antes de acreditar nessas reportagens
ou declarações feitas por políticos europeus como Poroshenko, reflita.
Martin
Berger é um jornalista freelance e analista geopolítico, exclusivamente para
a revista “New Eastern Outlook.”
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