Bannon
O Bárbaro, agora 'termonuclear'
"Bannon O Bárbaro e sua guerrilha termonuclear contra a junta militar que hoje controla a Casa Branca.
Essa afinal é guerra que se pode levar a sério."
Essa afinal é guerra que se pode levar a sério."
"Estou deixando a Casa Branca e vou à guerra por Trump contra os adversários dele – no Capitólio, na mídia e nos EUA empresariais."
Eis o que disse o ex-estrategista-chefe da Casa Branca Steve Bannon, pelo telefone, ao homem que escreveu o livro sobre como Bannon/Maquiavel realmente conquistou a Casa Branca para O Príncipe, Donald Trump.
Imediatamente depois de sair, Bannon já avisou a Av. [Perimetral Interestadual] Beltway – e o mundo – "que esse governo acabou. Será outra coisa. E haverá todos os tipos de lutas, e haverá dias bons e dias ruins. Mas esse governo acabou."
O "novo" governo dos EUA está de fato subordinado a uma tríade: generais do Pentágono; a família Trump ; e Goldman Sachs/Wall Street (Menos regulações! Menos taxas! Está chovendo grana, Aleluia!).
Bannon acrescentou que volta a tomar posse de suas "armas": "Construí uma máquina muito foda em Breitbart. E agora estou voltando, sabendo o que agora sei, e vamos acelerar aquela máquina. Se digo que vamos acelerá-la, é que vamos acelerá-la."
Assim, o Maquiavel Leninista deixa agora O Charco, para trabalhar em seu elemento preferido: lá fora, nas trincheiras da selva. Podem começar a esperar, porque o mundo virá abaixo.
Montar uma armadilha para os Democratas
Torrentes bits haverá para 'demonstrar' que Trump teria entregado Bannon como bode expiatório aos chacais que cercam seu tumultuado governo, mesmo depois de Bannon dizer que desejava ser demitido; fato é que no início de agosto ele já renunciara ao cargo.
Mas o jogo é muito, muito mais nuançado. A lealdade de Maquiavel ao Príncipe é indubitável – e ele com certeza é mais útil a Trump se estiver do lado de fora, olhando para o lado de dentro.
Breitbart será amplificado, praticamente sem limites, como megafone massivo a denunciar a guerra entre, os nacionalistas e a ala "globalista" da Casa Branca. Expoentes top dos "globalistas" são Jared da Arábia – ex-futuro Pacificador do Oriente Médio; sua mulher Ivanka Trump – já sendo adestrada para concorrer em 2024; o sinistro chefe do Conselho de Segurança Nacional H.R. McMaster; e Gary Cohn de Wall Street, diretor do Conselho Econômico Nacional.
Além de alvos seletos no Pentágono, do Departamento de Estado e do Departamento do Tesouro, Breitbart também cairá matando sobre todo o establishment Republicano que está furioso contra o presidente, o qual por sua vez os culpa pelo fracasso de sua agenda legislativa.
Haverá as teses mais alucinadas, a 'demonstrar que Trump, em termos ideológicos, seria um nihilista ao qual Bannon Maquiavel ensinou alguns valores. Trump é tão nacionalista norte-americano quanto Bannon; o que recebeu de Maquiavel foi um mapa do caminho – cuja aplicação como se vê é virtualmente impossível.
Já sabendo que logo estaria fora, e com nada a perder, Bannon já começara a trabalhar no novo papel, numa hoje já famosa que deu a American Prospect; foi um meio de enviar um recado duro aos trabalhadores do Partido Democrata.
"Os Democratas", disse ele, "quanto mais falarem de política de identidades, mais depressa acabo com eles. Quero que falem de racismo todos os dias. Se a esquerda está focada em raças e identidade, e nós entramos com nacionalismo econômico, podemos esmagar os Democratas."
Aí está portanto a chave para compreender as consequências de Charlottesville. Os Democratas caíram na armadilha. Reina a histeria num caso que, essencialmente, é a disputa entre política de identidades X política de classes. A variável chave a observar daqui em diante é como – e se – Trump, auxiliado por Bannon outsider, emergirá talvez como vencedor, finalmente empoderado para implantar seu nacionalismo econômico.
É guerra? Ah, é. Não tenha dúvidas. É. E o plano de batalha já está traçado.
Bannon será ajudado, de dentro da Casa Branca, por Stephen Miller – autor de "Carnificina Norte-americana " [ing. American Carnage], aquele discurso distópico que Trump leu na cerimônia de posse.
A considerar, crucialmente importante, que dois dias antes do fim de sua aventura na Casa Branca, Bannon esteve reunido por nada menos de cinco horas, com o bilionário e doador conhecido do Partido Republicano Bob Mercer na mansão de Mercer em Long Island.
A estratégia política "termonuclear" completa e a estratégia de mídia completa já estão codificadas. Também crucialmente importante a considerar é que, dia seguinte, Mercer jantou com Trump e grupo seleto de doadores Republicanos de alto coturno.
Equivale a dizer que a narrativa segundo a qual o estado profundo dos EUA – que hoje comanda de fato o governo Trump – teria banido Bannon para sempre, exilado para as terras inóspitas dos "deploráveis", é só parte da história. O Charco pode decidir sobre políticas – mas a avançada da guerrilha de Breitbartnão arrastará prisioneiros.
Pode até gerar novo show para as TVs fechadas, do tipo que Trump tanto aprecia: "Vigilantes do Charco" – estrelando, Bannon e o Mooch. Algum interessado?
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