por James Petras, tradução de btpsilveira
20 de janeiro de 2017 – "Information Clearing House" – As eleições competitivas
disputadas entre candidatos, sem qualquer tipo de restrição pela força ou
violência de instituições estatais permanentes tem sido a norma dos Estados
Unidos capitalistas.
Há evidência de que houve manipulação de votos durante
eleições recentes, como aconteceu na vitória de John F. Kennedy em 1960 e na
vitória de George W. Bush contra “Al” Gore em 2000. Apesar desses resultados
duvidosos, o candidato “derrotado” aceitou a derrota momentaneamente e procurou
registrar sua oposição usando a legislação, luta judicial, pressão de grupos de
influência e protestos pacíficos.
Parece que essas normas não funcionam
mais. Durante o processo eleitoral, e durante o transcorrer das cerimônias de
posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, instituições
federais fundamentais foram desafiadas e aquelas de caráter coercivo foram
ativadas para desqualificar o presidente eleito e pronunciamentos públicos
desesperados ameaçam abertamente toda a ordem eleitoral vigente.
Vamos tentar delinear aqui o processo
usado para minar a ordem constitucional, o processo eleitoral e a transição
para a inauguração do presidente eleito.
É possível que uma "Maidan Americana" esteja em curso? |
Mudança de regime nos
Estados Unidos
As autoridades eleitas nos Estados
Unidos, em tempos recentes sempre utilizaram suas organizações estatais de
segurança para intervenções contra governos estrangeiros, que ousaram desafiar
a busca (norte)americana por dominação global. Isso foi especialmente verdade
nos oito anos da administração do presidente Barak Obama, quando derrubadas de
presidentes e primeiros ministros foram efetuadas de forma violenta, através de
golpes arquitetados pelos Estados Unidos que se tornaram rotina, sob a doutrina
não oficial de “mudança de regime”.
A violação da ordem constitucional e
das normas eleitorais de outros países se tornou prática consagrada na política
externa dos EUA. Todas as estruturas políticas, administrativas e de segurança
do país estão envolvidas nesse processo. Os formuladores das políticas do
Estado (norte)Americano sempre defenderam que existe uma distinção muito clara
entre a salvaguarda das normas constitucionais em casa e a busca de mudanças de
regime violentas e ilegais no estrangeiro.
Hoje, a distinção entre as normas domésticas
e estrangeiras está obliterada pelo aparato estatal e pela imprensa de massa
quase totalmente chapa branca. A estrutura de segurança dos Estados Unidos agora
está ativa na manipulação do processo democrático doméstico da eleição de
líderes e nas transições administrativas.
A passagem decisiva e definitiva para a
“mudança de regime” em casa é um processo que foi continuamente organizado,
orquestrado e implementado por autoridades eleitas ou nomeadas dentro do regime
Obama e por uma multiplicidade de organizações de ação política, que cruzaram
limites ideológicos nunca antes transpostos.
A mudança de regime tem vários
componentes que levam a uma solução final: antes de qualquer coisa, os partidos
políticos buscam deslegitimar o processo eleitoral e o enfraquecimento do
presidente eleito. A imprensa de massa joga um papel crucial ao demonizar o
presidente eleito Donald Trump, espalhando boatos e calúnias pessoais, escândalos
sexuais velhos de décadas e entrevistas e incidentes propositalmente
elaborados.
Ao lado do ataque da mídia, políticos
de esquerda e de direita se juntaram para questionar a legitimidade dos
resultados das eleições de novembro de 2016. Mesmo depois que recontagem de
votos confirmou a vitória de Trump, uma campanha massiva de propaganda foi
lançada pelo impeachment do presidente eleito, ainda antes da posse – ao
afirmar que Trump é um “agente do inimigo”.
O Partido Democrata e uma coleção
variada de militantes anti Trump da direita/esquerda quiseram chantagear
membros do Colégio Eleitoral Especial para mudar seu voto em flagrante violação
do próprio mandato como eleitores estatais. Não houve sucesso, mas a tentativa
nunca fora presenciada antes.
O ataque explícito contra as normas
eleitorais dos Estados Unidos se transformou em uma virulenta campanha anti
Rússia destinada a prejudicar o presidente eleito (um bilionário da indústria
civil e ícone entre as celebridades dos EUA) tachando-o de “ferramenta de
Moscou”. A mídia empresa e poderosos elementos dentro da CIA, do Congresso e da
administração Obama insistem que as aberturas de Trump na direção de relações
diplomáticas pacíficas com a Rússia são atos de traição.
O presidente Obama tinha mobilizado
toda a liderança de seu aparato estatal de segurança para elaborar “dossiês maliciosos”
ligando Trump ao presidente russo Vladimir Putin, insistindo que Trump não
passa de um joguete, ou pelo menos “é vulnerável a chantagem do KGB”. Os documentos
falsos da CIA (conseguidos através de um antigo funcionário da inteligência
britânica que agora opera como promotor de segurança free lance) já havia
circulado entre a imprensa de grande porte, que se recusou a publicar as
fofocas reveladas. Meses de tentativas frustradas de fazer a imprensa
(norte)americana “morder a isca” do dossiê que efetivamente não cheirava nada
bem não tiveram sucesso. O senador (norte)americano meio gagá John McCain (“herói
de guerra” e histericamente contrário a Trump) então se desesperou e manejou
voluntariamente para fazer o relatório voltar ao colo do diretor da CIA,
Brennan, e exigiu que o governo “fizesse alguma coisa com as revelações vitais”!
Entrando na mira de alça do escrutínio
de vários analistas sérios, como não poderia deixar de ser, o “dossiê da CIA”
se revelou uma falsidade totalmente fabricada sob a batuta do tal antigo
funcionário da inteligência britânica que-agora-está-escondido...! Intrépida,
apesar do descrédito total, o líder da CIA continuou a atacar o presidente
eleito. Trump aparentemente compreendeu de que maneira a liderança da CIA se
envolveu na tentativa de um golpe de estado usando o que chamou de “quadro nojento
de trabalho sujo”, insinuando que o trabalho da CIA pode ser comparado ao modus operandi criminoso dos nazistas.
John
Brennan, diretor da CIA, foi o arquiteto de inúmeras “mudanças de regime”, além
mar, está exibindo agora suas habilidades em casam contra o presidente eleito.
Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um diretor da CIA, acusa
abertamente um presidente ou presidente eleito de estar traindo o país e
ameaçando a pessoa que será o Chefe Executivo da nação. Ele advertiu friamente Trump
para “apenas deixar claro que entendeu que as implicações e impactos (das
políticas de Trump) nos Estados Unidos podem ser profundas”...
O diretor da CIA John Brennan não só
fez a CIA se tornar um poder sinistro e irresponsável que pretende ditar a
política para um presidente eleito dos Estados Unidos, mas também assume claramente
um tom de “Capo” da Máfia, ameaçando a segurança física do próximo líder.
Do arranhão à
gangrena
Nada pode ser catastroficamente pior
para os Estados Unidos que uma conspiração de políticos da direita e da
esquerda, da imprensa corporativa de massa, de websites “progressistas” e de analistas
providenciando cobertura ideológica para uma “mudança de regime” orquestrada
pela CIA.
Se não bastassem as limitações – que são
muitas – de nossas normas eleitorais, elas estão sendo agora degradadas e
descartadas através de uma marcha que envolve um golpe da elite, com elementos
do império militarista e da hierarquia da “inteligência”.
Propaganda massiva, uma aliança de vários
matizes, fofocas sem sentido e acusações de traição (‘Trump, o fantoche de
Moscou’) fazem o cenário político dos EUA se tornar parecido com a atmosfera
que levou à ascensão do estado Nazista na Alemanha. Uma enorme “coalizão” se
juntou com a mais violenta das organizações (a CIA) e a liderança política
imperial, que vê qualquer abertura em direção à paz como alta traição porque
limita sua caminhada na direção do poder mundial e uma ordem política
planetária totalmente sob dominação dos Estados Unidos.
James Petras é professor emérito de
sociologia na Universidade Binghamton, em Nova Iorque. Pode ser encontrado
aqui: http://petras.lahaine.org/
Olá. sempre coloco os links da tradução original no meu blog. O post que estava faltando já foi corrigido. Obrigado. Há traduções originais no meu blog. Sugiro que você confira. (http://choldraboldra.blogspot.com.br/2017/01/a-mudanca-de-regime-chega-em-casa-as.html)
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