9/1/2016, Paul Craig Roberts, tradução pelo Coletivo da Vila
Vudu
Estava começando a redigir resenha detalhada e elogiosa do livro de Greg Palast Billionaires & Ballot Bandits quando um amigo pediu-me que "partilhasse" uma emissão, distribuída por Facebook, de documentário no qual Palast expõe "exatamente o modo como Trump e seus bandidos atacaram os direitos de um milhão de votos da minoria, para roubar a Casa Branca".
Vejamos. Trump chegou à presidência porque venceu em 84% do território dos EUA; só perdeu o voto dos negros, hispânicos e brancos de extrema direita; mas roubou a eleição porque não representa o voto de um milhão de negros. Esses negros não vivem no éter. Vivem nos 500 condados que ficaram com Hillary. 2.600 condados preferiram Trump.
Vejam no mapa, que conta toda a história: http://brilliantmaps.com/2016-
Estou desapontado com Palast, tantas vezes bom repórter investigativo, mas compreendo sua frustração.
Palast, apesar das virtudes, tem o mesmo defeito de todos que abraçam a esquerda-do-centro. São obrigados a odiar "conservadores" e qualquer um que eles identifiquem como tal, com motivo ou sem motivo. O principal ponto com o qual discordo no livro de Palast sobre repressão contra eleitores é ele chamar Pat Buchanan, gratuitamente, sem mais nem menos, de "estúpido intolerante."
Como exatamente podemos explicar o erro de avaliação de Palast, contra Pat
Buchanan? Buchanan pôs em risco toda sua sólida carreira no Partido Republicano
quando concorreu contra o próprio partido e as empresas globalistas que vivem
de exportar postos de trabalho de norte-americanos. Buchanan concorreu como
candidato para proteger empregos da classe trabalhadora norte-americana,
brancos e negros. Mas não há qualquer dúvida de que Buchanan acertou quando
disse que os chamados "acordos de livre comércio" eram projetados
para mandar empregos para fora dos EUA e para desmantelar as escadas de
mobilidade social, de baixo para cima, que fizeram dos EUA uma sociedade de
oportunidades. Buchanan estava totalmente certo. A 'globalização' é ferramenta
para enriquecer o 1% e miserabilizar todos os demais. É o único argumento a
favor da globalização que ainda sobrevive.
Poucos lutaram mais ferozmente a favor de mais empregos para a classe trabalhadora nos EUA que Pat Buchanan e eu. Pois mesmo assim há alguns na esquerda-do-centro que nos chamam de "Reaganistas fascistas". Fico pensando para quem trabalha essa esquerda-do-centro? Para as empresas globais e globalistas?
Agora, temos Donald Trump tentando devolver os empregos à classe média norte-americana, lutando por eles a luta de classes contra oligarcas Republicanos e Democratas, e Greg Palast escreve que Trump roubou a eleição! Mas roubou de quem? Roubou para quem, Greg?
Obviamente, Trump roubou a eleição de dentro da mala da CIA, do complexo militar-de segurança, das empresas globais deslocalizadas/pró-
Finalmente os EUA conseguimos um presidente independente da oligarquia reinante, e Palast alia-se à CIA e ao Establishment Reinante, no esforço deles para meter Donald Trump em sete palmos de fundo.
É frustrante ver essa massa da esquerda-do-centro movendo-se em onda como os mais fiéis servidores da elite governante.
Se há país que algum dia precisou de esquerda verdadeira, são os EUA, hoje.
Mas não há esquerda nos EUA. As causas de esquerda encolheram nos EUA, e já não vão além de direitos dos transgêneros, direitos dos homossexuais, direitos das lésbicas, direitos das mulheres, direitos de migrantes ilegais e perseguição a homens brancos heterossexuais que não concordem e falem. Como Jeffrey St. Clair perguntava outro dia, "Mas onde enfiaram a classe trabalhadora?!"
A esquerda nos EUA só faz demonizar e deslegitimar: não afirma nem ensina a fazer coisa alguma que não seja demonizar e deslegitimar. Até a Constituição e a Declaração de Independência foram convertidos em documentos de suprematistas brancos. Thomas Jefferson, que viveu em tempos em que a força de trabalho era constituída de escravos, defendeu o povo contra interesses dos escravistas. Pois a esquerda norte-americana hoje o deslegitima como "proprietário de escravos e estuprador serial."
Donald Trump defende o povo contra interesses das empresas pró deslocalização
de empregos e contra o complexo militar e de segurança. Seria de esperar que a
esquerda norte-americana soubesse defender um presidente tão furiosamente
atacado e ameaçado abertamente pela CIA [e por George
Soros e a revista Fortune [NTs]). Mas não. Trump é
deslegitimado como racista eleito por eleitores racistas. A carta do ódio
sobrepõe-se a qualquer bom-senso. Todo mundo é racista, exceto negros,
hispânicos, povos nativos norte-americanos, migrantes ilegais e a esquerda
norte-americana.
Esse não é programa que tenha eco popular e leve a reformas.
É bem provável que Trump revele-se como mais um desapontamento. Ainda que seja sincero, os interesses organizados são mais poderosos que o presidente. Como Nomi Prins mostrou, bastam os banqueiros, só eles, para derrotar qualquer Casa Branca. Como Robert F. Kennedy revela em suas memórias da Crise dos Mísseis em Cuba, presidente menor que John F. Kennedy teria sido arrastado pelo complexo militar/de segurança para a guerra contra a União Soviética. Ainda existiria mundo se Bill Clinton, George W. Bush ou Obama estivessem lá, no lugar de JFK?
O modo mais fácil para um presidente conseguir governar os EUA é acomodar todas as agendas dos poderosos grupos de interesse. É o que a esquerda espera de Trump? Se não é, por que a esquerda está ajudando os grupos de interesse a encurralarem Trump? [Ou quem sabe a esquerda-EUA prefere ainda acomodar agendas à moda Killary, com seus canibais e harpias? (NTs)].
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