Manlio Dinucci, traduzido por José Reinaldo Carvalho, Editor do Site “Resistência”
Originalmente publicado em REDE VOLTAIRE http://www.voltairenet.org/article194837.html
Às vésperas da transmissão de poder na Casa Branca, o ano de 2017 se
abre com o massacre terrorista na Turquia, duas semanas depois do assassinato
do embaixador russo em Ancara, perpetrado um dia antes do encontro em Moscou
entre Rússia, Irã e Turquia para um acordo político sobre a Síria. Encontro do
qual os Estados Unidos foram excluídos.
Nos últimos dias da administração Obama, os EUA
estão empenhados em criar a máxima tensão possível com a Rússia, acusada
inclusive de ter subvertido, com os seus “malignos” hackers e agentes secretos,
o êxito das eleições presidenciais que Hillary Clinton deveria ter vencido.
Isto teria assegurado a continuidade da estratégia neocon, da qual Clinton foi
a artífice durante a administração Obama.
Esta termina sob o signo do fracasso do principal
objetivo estratégico: a Rússia, jogada às cordas pela nova guerra fria
desencadeada com o golpe na Ucrânia e pelas decorrentes sanções, pegou
Washington de surpresa intervindo militarmente em apoio a Damasco. Isto impediu
que o Estado sírio fosse desmantelado como o líbio e permitiu às forças
governamentais libertar vastas áreas controladas durante anos pelo Isis (o
chamado Estado Islâmico na sigla em inglês), Al Nusra e outros movimentos
terroristas funcionais à estratégia dos EUA e da Otan. Abastecidos com armas,
pagos com bilhões de dólares pela Arábia Saudita e outras monarquias, através
de uma rede internacional da CIA (documentada pelo New York Times em março de
2013) que chegavam à Síria através da Turquia, posto avançado da Otan na
região.
Mas agora, diante do evidente fracasso da operação,
que custou centenas de milhares de mortos, Ancara se retira, abrindo uma
negociação com o intento de obter o máximo de vantagem possível. Com essa
finalidade, recostura as relações com Moscou, que estavam a ponto de ruptura, e
toma distância de Washington. Uma afronta para o presidente Obama. Este, porém,
antes de passar o bastão de comando ao recém eleito Trump, dispara o último
cartucho.
Escondida nas dobras da autorização das despesas
militares para 2017, assinada pelo presidente, está a lei para “contrastar a
desinformação e a propaganda estrageira”, particularmente atribuída à Rússia e
à China, conferindo ulteriores poderes à tentacular comunidade de informação,
formada por 17 agências federais. Graças também a uma alocação de 19 bilhões de
dólares para a “cyber-segurança” essas agências podem silenciar qualquer fonte
de “falsas notícias”, segundo o incontestável julgamento de um “Centro”
especial coadjuvado por analistas, jornalistas e outros “experts” recrutados no
exterior. Torna-se realidade o orwelliano “Ministério da Verdade” que o
presidente do parlamento europeu, Martin Schultz, prenuncia como algo que
deveria ser instituído pela União Europeia.
Ficam assim potenciadas pela administração Obama
também as forças especiais, que estenderam as suas operações secretas de 75 países
em 2010 para 135 em 2015.
Nos seus atos finais a administração Obama
reafirmou em 15 de dezembro o próprio apoio a Kiev, à qual fornece armas e
cujas forças treina, inclusive os batalhões neonazistas, para combater os
russos na Ucrânia.
E em 20 de dezembro, com propósitos antirrussos, o
Pentágono decidiu fornecer à Polônia mísseis de cruzeiro de longo alcance, com
capacidade de penetração anti-bunker, equipáveis também com ogivas nucleares.
Do democrata Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz,
fica para a posteridade a sua última mensagem sobre o estado da União: “A
América é a mais forte nação da Terra. Dispendemos para o setor militar mais do
que dispendem as oito seguintes nações somadas. As nossas tropas constituem a
melhor força combatente na história do mundo”.
Tradução
José Reinaldo Carvalho
Editor do site Resistência
José Reinaldo Carvalho
Editor do site Resistência
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