Nova legislação não permite que EUA
interfira em Hong Kong
01
de julho de 2020 – texto de Moon
of Alabama
– trad: btpsilveira
Depois que os Estados
Unidos instigaram tumultos em Hong Kong no último ano, o governo central chinês
viu a necessidade de intervir. Levando em consideração outras medidas contra a
China tomadas pelos EUA, os custos reputacionais de fazer isso se tornaram irrelevantes. Ontem o parlamento
chinês, o Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional, adicionou uma lei de
segurança nacional à lei básica que governa o status especial de Hong Kong. A
lei destina-se a impedir a interferência externa em Hong Kong.
A Lei Básica já tinha
um artigo que estatuía que o parlamento independente de Hong Kong, o Conselho
Legislativo ou Legco, deveria criar uma lei de segurança nacional por conta
própria. Mas 23 anos depois que Hong Kong voltou a ser governada pela China o
parlamento do território autônomo ainda não o fizera. Os estrangeiros
promoveram tumultos violentos ano passado, o que levou à paralisação da economia
de Hong Kong, demonstrando que a lei era necessária. O governo central
finalmente agiu e fez o que o Legco deveria ter feito.
A nova lei, que vige
a partir de hoje, proíbe a secessão, subversão, terrorismo e colusão com país
estrangeiro ou elementos externos que coloquem em risco a segurança nacional.
Seus 66 artigos também proíbem apoio de qualquer maneira a tais atos. As
ofensas são puníveis em graus variados podendo atingir a prisão perpétua. A lei
inclui garantias de direitos humanos e do devido processo legal.
Um Gabinete
Continental para Proteger a Segurança Nacional será instalado em Hong Kong para
assegurar que a lei será seguida. Enquanto casos comuns contra a lei serão
tratados por um novo departamento dentro da polícia de Hong Kong, casos mais
graves, como aqueles que incluem estrangeiros, podem ser processados pelo
gabinete continental e julgados por cortes do continente.
A lei tem alguns
poderes extraterritoriais. Não importa onde os crimes foram cometidos:
O artigo 38 desta lei se aplicará a delito no
âmbito desta lei, cometidos contra a região administrativa especial de Hong
Kong fora da região por pessoa que não é residente permanente da região.
Pessoas que infringirem a nova lei
quando em outro país podem ser presos e acusados assim que pisarem em território
chinês, o qual evidentemente inclui Hong Kong. Membros do congresso devem
considerar esse fato quando promulgam leis em apoio aos baderneiros em Hong
Kong. De repente, as férias em algum cassino de Macau podem durar mais do que
planejado...
O texto completo da
lei (em inglês) está disponível aqui. Sua promulgação em Hong Kong e o
original em chinês podem ser vistos aqui.
A nova lei já mostrou
resultados. Várias organizações estudantis apoiadas pelos Estados Unidos que
lideraram os embates “pró democracia” no último ano encerraram atividades dias
antes que a lei iniciasse sua vigência. Parlamentares “pró democracia” moderaram
o tom.
A Lei de Segurança Nacional já está
mostrando os efeitos desejados, mesmo antes de sua promulgação. No que diz
respeito a Pequim, ela se mostrou mais efetiva que a presença de tanques de
guerra.
Considere-se
as declarações recentes de alguns líderes do movimento de protesto
antigovernamental. Ou estão desistindo ou voltando atrás.
...
Claudia Mo Man-ching (legisladora oposicionista): “se conseguirmos vencer mais que 35 cadeiras (formando maioria nas eleições do Conselho Legislativo em setembro), poderemos sentar todos juntos e negociar algo mais moderado.”
Claudia Mo Man-ching (legisladora oposicionista): “se conseguirmos vencer mais que 35 cadeiras (formando maioria nas eleições do Conselho Legislativo em setembro), poderemos sentar todos juntos e negociar algo mais moderado.”
A
declaração de Mo pode não ser tão sensacional, mas é bem significativa, sabendo-se
que ela representa a visão de outros “moderados”.
No
início do ano, o grande plano era forçar a chefe do executivo, Carrie Lam Cheng
Yuet-ngor a deixar o governo. Para fazer isso, eles teriam que vencer uma
maioria, vetar todas contas governamentais, entre elas o orçamento anual e
forçar Lam a dissolver a sessão do Legco e chamar por novas eleições. Caso Lam
novamente não conseguisse aprovar o orçamento com o novo Legco, deveria
renunciar, pela Lei Básica.
Não
se fala mais sobre esse plano. Mo está pronta a negociar se ganhar novamente em
setembro.
Fico
admirado ao ver que subitamente todos parecem mais razoáveis e moderados.
Mas nem todos se
submetem de bom grado às novas regras. O baderneiro Joshua Wong, amigo especial
do senador Marco Rubio, colocou-se como mártir voluntário. Convocou
manifestações para hoje, que não foram autorizadas pela polícia:
Joshua
Wong 黃之鋒 @joshuawongcf
Estamos
novamente na rua contra a lei de segurança nacional. Nunca nos renderemos. Não
está na hora de desistir.
Cerca de mil estudantes
protestaram hoje contra a lei e a polícia prendeu cerca de 370 deles. Alguns
serão processados sob a nova legislação. Um policial foi esfaqueado quando
alguns manifestantes tentaram liberar uma pessoa presa.
Os Estados Unidos
financiaram alguns grupos de protestos através das organizações National
Endowment for Democracy e o Open Technology Fund, ligados à CIA. Se os Estados Unidos
quiser continuar a instigar tumultos em Hong Kong deve mover esses programas
para a CIA e distribuir o dinheiro secretamente. Os fundos do OTF para Hong
Kong já foram congelados pela administração Trump..
O governo britânico
prometeu dar passaportes britânicos para 3 milhões de moradores em Hong Kong
que nasceram quando a cidade ainda estava sob o controle do Reino Unido.
Imagina-se o que os apoiadores do Brexit pensarão sob esse novo e enorme fluxo
de pessoas do estrangeiro para a Inglaterra.
O congresso dos
Estados Unidos vai resmungar e gritar contra a nova lei e Trump inventará
algumas sanções novas mas será apenas isso. Não será fácil refazer a
infraestrutura da CIA para criar nova “revolução colorida” em Hong Kong. Os
Estados Unidos perderam sua supremacia e suas interferências em Hong Kong não terão
mais nenhum efeito.
Hong Kong continuará
a desfrutar de seu status administrativo especial e de sua liberdade econômica.
Mas a influência de ingleses e (norte)americanos na cidade diminuirá muito.
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