Querem ajudar a Síria? Acabem com as sanções!


Texto por Finian Cunningham – tradução de btpsilveira

Julho de 2020 Information Clearing House – Há uma crise humanitária cada vez mais grave na Síria. A melhor maneira de aliviar o sofrimento do país é acabar com todas as sanções econômicas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e União Europeia.


Depois de nove anos de guerra e milhões de pessoas mortas, feridas ou deslocadas, Washington e Bruxelas insistem em impedir a reconstrução da Síria ao estender sanções econômicas e diplomáticas sobre a nação árabe. Alguém ainda duvida que o país esteja encurralado?

Assim, a recente disputa por causa da ajuda humanitária no Conselho de Segurança da ONU entre países ocidentais foi um espetáculo vergonhoso de hipocrisia. Ironicamente, Rússia e China foram acusados de exacerbar o sofrimento da Síria porque vetaram projetos de resoluções apresentadas pela Alemanha e Bélgica e apoiada pelos Estados Unidos, Inglaterra e França, a qual deveria manter dois corredores de ajuda da ONU a partir da Turquia para a Síria.

No final, o Conselho de Segurança aceitou a proposta da China e da Rússia para que apenas uma rota de suprimentos entre em operação através da fronteira entre os dois países.

A embaixadora (norte)americana para as Nações Unidas, Kelly Craft, criticou os vetos da China e Rússia, como “uma nódoa na humanidade”. Outros diplomatas ocidentais fizeram declarações alarmistas de que milhares de sírios morreriam por inanição.

O nível de hipocrisia aqui é impressionante. As sanções unilaterais impostas contra a Síria pelos EUA e União Europeia estão destruindo o país, mas ainda assim as potências ocidentais as migalhas da assim chamada ajuda humanitária como uma maneira de se mostrarem “magnânimos” e “preocupados” em evitar mais sofrimento.

A Rússia e a China estão corretas. A maneira mais correta e efetiva de ajudar a Síria é respeitar a soberania do país e coordenar a ajuda com o governo em Damasco. Mas fazer isso é contradizer a imposição ilegal de sanções unilaterais pela América do Norte e Europa contra a Síria.

O problema é que nem Washington nem Bruxelas respeitam a soberania da Síria, o que é uma grave violação da Carta das Nações Unidas. As potências ocidentais tomaram a iniciativa de não reconhecer o presidente Bashar al-Assad e o governo em Damasco como legítimos. Ocorre que essa posição dos Estados ocidentais é ilegítima, comparável à posição também insustentável e arbitrária de não reconhecer Nicolás Maduro, presidente eleito da Venezuela.

Na realidade, o que os tais corredores de “ajuda” estão fazendo é minar a autoridade do governo sírio e a integridade de seu território nacional. O que Moscou e Pequim alegam é que essas rotas deveriam ser extintas. Já existiam quatro rotas a partir da Turquia, Iraque e Jordânia, agora reduzidas a apenas uma.

Não há razão logística justificável pela qual a ajuda humanitária para a Síria não deva ser endereçada ao governo central. Graças aos princípios da intervenção militar da Rússia e Irã na guerra que já dura nove anos, o governo sírio recuperou o controle de grande parte de seu território.

O último reduto dos “rebeldes” localiza-se no noroeste do país. Estes “rebeldes” são composto em sua maioria por grupos terroristas proscritos. Até os comandantes militares dos EUA admitem o fato publicamente.

É certo que ainda existem muitos civis presos no território diminuto em poder dos militantes. Mas o meio mais efetivo de lidar com estes problemas humanitários é permitir que o governo sírio reclame seu território de volta e coloque um fim nessa insurgência sem sentido.

Aliás, essa insurgência foi criada e apoiada secretamente por potências ocidentais, que colocaram mercenários terroristas no país para tentar mudar o regime na Síria. Suspeita-se que a agenda real por trás desses “corredores humanitários de ajuda” é manter viva uma insurgência que de qualquer forma já está praticamente derrotada.

O verdadeiro teste de integridade para os governos ocidentais é o levantamento das sanções bárbaras impostas à Síria. Sua atitude neocolonial de acusar a liderança do país de ilegítima é parte do problema. Sua pregação sobre o “sofrimento sírio” é asquerosa.


Finian Cunningham escreve extensivamente sobre assuntos internacionais, com artigos publicados em várias línguas.


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