Resultado de imagem para Crazy TrumpRússia, cuidado com as reviravoltas de Trump

por Finian Cunningham, traduzido por btpsilveira

23 de janeiro de 2017 – Information Clearing House, Sputnik – a Rússia acolheu favorável e cautelosamente a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, mas Moscou ainda está adotando uma postura de esperar-para-ver se pode trabalhar com o novo ocupante da Casa Branca para fortalecer relações internacionais.


O propagado desejo de Trump de restaurar amigavelmente as relações com a Rússia e seu comentário na última semana de que poderia confiar no líder russo Vladimir Putin tanto quanto em Angela Merkel, da Alemanha, são aparentemente passos bem vindos na direção de uma política externa mais saudável dos Estados Unidos.

Entretanto, grandes questões sobre a confiabilidade de Trump no transcorrer do tempo ainda permanecem.

As aparentes aspirações de Trump pela normalização das relações com a Rússia certamente são mais promissoras que a agressiva Russofobia que tem sido a norma das políticas de Washington sob o governo de seus antecessores, Barak Obama e George W. Bush. Mas o antigo gigante dos negócios poderá realizar o que pretende?

Há mais que uma sensação de desconfiança de que o bilionário da construção civil, depois que virou político disse um monte de coisas que depois desdisse. Não está claro se isso é devido a enganos constantes, ou menos maliciosamente, a uma falha de atenção, pouca atenção no que diz. De qualquer maneira, isso abre uma brecha para que se possa questionar a integridade de caráter.

No final de semana, na sequência da posse de Trump como 45º presidente dos Estados Unidos, tivemos mais um pouco do sabor de seu estilo vacilante.

No sábado, início de sua presidência, o primeiro movimento de Trump foi uma visita oficial ao quartel general da CIA, em Langley, Virgínia, do outro lado do Rio Potomac, a partir da Casa Branca, sua residência em Washington DC.

Ali ele saudou a agência com louvor e gratidão, dizendo que está apoiando a organização “1.000%” em seu trabalho de inteligência. Trump também brincou com os órgãos de imprensa que afirmaram que ele estaria em conflito com a CIA. “Ninguém apoia vocês mais que eu”, disse Trump perante os aplausos de funcionários da agência.
Agora, espere um pouco. Trump estava sim, tocando uma batalha pública com a CIA e outras agências de inteligência dos Estados Unidos antes e depois das eleições em novembro. Inicialmente, ele denunciou suas afirmações de que a Rússia teria hackeado as eleições como “ridículas” Mais tarde, ele meio que se retratou disso, concordando com as alegações contra a Rússia.

Semanas antes da posse, Trump bateu duramente na CIA, afirmando que esta usaria “práticas nazistas” sobre o vazamento para a imprensa do que a agência havia lhe comunicado sobre as alegações de chantagem russa.

Alguns observadores haviam notado essa atitude ousada de Trump para com a CIA com aprovação, pois indicaria independência saudável em relação aos centros sombrios do poder não eleito nos Estados Unidos, conhecidos como Estado Profundo.
Mas em vez dessa independência o que vimos no final e semana foi o presidente Trump tornar sua prioridade afagar os que tornam o Estado Profundo tão poderoso. Lembrem-se da frase: “estou 1.000% com vocês”. Bem diferente de John F. Kennedy, que prometeu “quebrar a CIA em mil pedaços”.

A CIA é a mais assassina e criminosa agência secreta em toda a história do mundo – e tem sido essencial para projetar o poder (norte)americano. Está envolvida em quase tudo. De assassinatos de líderes estrangeiros à derrubada de governos democráticos para colocar em seu lugar regimes assassinos, até o fornecimento de armamento para terroristas que usa para alcançar seus propósitos.

Vendo Trump se dirigir apressadamente para Langley como seu primeiro ato, no primeiro dia no Gabinete Oval e exaltar uma agência conhecida informalmente como “Assassinato & Cia”, temos um sinal perturbador de suas prioridades.

Os casos a seguir não pretendem ser uma lista abrangente das reviravoltas de Trump, mas são o suficiente para provocar dúvidas sérias acerca de seu caráter.

Logo depois de seu juramento como presidente no Capitol Hill, Trump foi recepcionado em um almoço no Congresso na sexta feira. Por ocasião dos brindes logo após, ele apontou Hillary Clinton e seu marido, e ex-presidente Bill Clinton, presentes no local, como sendo “gente boa” e pediu que se levantassem para receber os aplausos das centenas de convidados.

Dizer o que? Durante a campanha eleitoral contra a rival do partido Democrata Hillary Clinton, Trump a apelidou ferozmente de “Crooked Hillary” (Hillary Corrupta, desonesta – NT), por causa de suas ligações muito estreitas com Wall Street. Também prometeu iniciar investigações criminais contra Clinton e encorajou seus apoiadores nos comícios a cantar: “Prenda-a!, Prenda-a!, Prenda-a!”.

Outra das promessas de Trump durante seus comícios na campanha eleitoral foi a de “Drenar o Pântano” em Washington, dos grandes interesses empresariais, de lobistas e de politiqueiros. Mas até agora, inchou seu gabinete com indicações que são nada menos que a personificação do pântano em Washington, indicando financistas de Wall Street para posições de predominância nas finanças governamentais e na economia do país.

Agora, uma coisa mais leve mas também esclarecedora, foi a raiva de Trump de atriz de Hollywood Meryl Streep. Depois de arrasar com Trump na cerimônia de premiação do Globo de Ouro no início do mês, ele rebateu com a mesma força ao descrever a estrela de cinema como “supervalorizada”. Ora, há apenas dois anos, Trump havia declarado que Meryl Streep é uma de suas artistas favoritas.

Voltando para assunto mais sério, na última semana, Trump concedeu uma entrevista abrangente para a imprensa britânica e alemã, onde ele denunciou abertamente a Rússia pela intervenção na Síria e culpou Moscou por ter desencadeado uma “crise humanitária”.

Isso marca uma clara mudança de tom de Trump sobre sua visão das ações russas na Síria, pois anteriormente ele havia louvado a luta da Rússia contra o Estado Islâmico (também conhecido como ISIS/ISIL/Daesh) e outros grupos terroristas.

No mesmo final de semana que tirou para adular a CIA, Trump esteve seguindo os patéticos salamaleques dos seus indicados para o gabinete durante as audiências de confirmação do Congresso nas últimas duas semanas. Todos eles, um após o outro, incluindo o escolhido para a secretaria de defesa, General James “Cachorro Louco” Mattis, e sua escolha para a nova direção da CIA, Mike Pompeo, adotaram covardemente a linha exigida pelo establishment de que a Rússia representa uma ameaça direta para a segurança dos Estados Unidos.

Depois de tudo isso, além do que não está aqui, surge a questão: dá para confiar em Trump?

Quando Trump afirmou que a OTAN, aliança militar liderada pelos EUA é obsoleta, o que ele quis dizer de verdade? Que a máquina de guerra de 28 nações deve ser desmantelada. Ou ao contrário, ao chamar de “obsoleta”, a mente indevassável de Trump quer significar que a máquina de guerra necessita ser renovada e reforçada?

Há poucas dúvidas que é melhor uma presidência Trump que uma presidência Hillary. Sua hostilidade aberta contra a Rússia e a disposição para uma confrontação militar poderia ser desastrosa.

Por contraste, a disponibilidade de Trump de participação conjunta e positiva com a Rússia e uma partida bem vinda para a política beligerante que vige em Washington.

Todavia, há sinais fortes de que Trump não passa de um falastrão desenfreado que diz o que lhe vem à cachola, só para desdizê-las mais tarde.

Talvez seja verdade que Trump deseja restaurar relações com a Rússia. Talvez ele vá em frente e se reúna pessoalmente com Putin em breve.

Até agora, a atitude de Moscou tem sido a saudar cautelosamente a presidência Trump. Mas Putin e outros líderes russos sabem muito bem que a razão da sistemática beligerância dos EUA contra a Rússia correm em um nível muito mais profundo que aquele que um homem só pode confrontar.

Além disso, dado o comportamento errático de Trump, há terreno para a suspeita de que o sistema do Estado Profundo nos Estados Unidos possa manipular o novo presidente para que adote a sua agenda. Com relação à Rússia e outros países percebidos como rivais globais, a atitude tem sido sempre de hostilidade e conflito – não de parceria. É assim que o poder capitalista dos EUA funciona.

Em qualquer caso, a Rússia faz bem em ser prudente e cuidadosa com a administração Trump. Esperança pelo melhor, mas sempre na expectativa de uma das reviravoltas de Trump a qualquer hora.


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