Resultado de imagem para Rússia, China, EUARússia e China reavaliam Trump 


14/1/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu


Comentaristas russos e chineses estão reavaliando as respectivas previsões iniciais sobre o governo Donald Trump. Os russos de início manifestaram cauteloso otimismo sobre as possibilidades de melhores relações com os EUA, com Trump oferecendo uma pausa, no mínimo, nas políticas hostis do governo Barack Obama. Mas o entusiasmo já começa a arrefecer.


As pervertidas sanções do governo Obama contra a Rússia e o ataque desmedido do 'estado profundo' dos EU&A contra o próprio Trump, apresentado como caricatura de presidente miseravelmente vulnerável a chantagens por Moscou parecem ter forçado os russos a reavaliar. Fato indiscutível em tudo isso é que o tango russo-americano jamais antes chegou a tal ponto de degradação.
Ainda que tudo que disseram contra Trump seja verdade, não seria o primeiro presidente dos EUA a ser apanhado em escapadas sexuais em viagem de negócios à Rússia, ou a qualquer lugar. Ainda mais certamente não seria o primeiro presidente americano dotado de forte libido. A robusta vida sexual de John Kennedy envolveu legiões e o falecido presidente parece ter recorrido até à Máfia para satisfazer seus desejos. Nem Kennedy teria sido o único presidente dos EUA a meter-se em escaramuças sexuais sob o teto da Casa Branca. Tudo isso aconteceu nos ainda recentes anos 1990s. E as elites norte-americanas primaram pela mais ilimitada indulgência. Por que no caso de Trump tudo parece tão diferente?

Comentaristas russos mostram-se temerosos de que Trump seja atacado com tal fúria que, em nome da paz, seja obrigado a algum tipo de acordo faustiano com o 'estado profundo'. Afinal de contas, Obama também chegou com muito som e fúria, para acabar servindo cabisbaixo ao establishment. Um 
analista de RT escreve causticamente,

  • Donald Trump "finalmente concede" que a Rússia hackeou a eleição, festejou a mídia norte-americana (...) Essa aparente virada no roteiro de Trump sinaliza que "o Donald" pode estar sendo domesticado pela linha da Washington "oficial". Essa linha gira em torno de os EUA promoverem política de beligerância contra a Rússia. Além disso, no mesmo dia Trump anuncia o próximo secretário de Estado Rex Tillerson, que adota posição de marcado antagonismo diante da Rússia (...). Somadas, a mudança no tom de Trump e de seu novo gabinete na direção de congelar as relações com a Rússia sinalizam que está em curso, pelo establishment de Washington, um processo coercitivo de 'domar' o novo presidente (...). Assim sendo, passadas as eleições, 'o Donald' está sendo 'processado' para que produza o 'resultado' desejado.

Contudo, e muito interessante, comentaristas chineses movem em direção diametralmente oposta. Trump de início os deixou doidos, com aqueles tuítos de provocação sobre Taiwan, Mar do Sul da China e tal e tal. Mas os chineses logo se acalmaram, depois da discreta visita que o Conselheiro de Estado Yang Jiechi fez ao quartel-general de Trump em New York. Não deve haver qualquer dúvida sobre a firmeza com que Pequim defenderá seus interesses, mas a coisa agora está sendo conduzida por linhas racionais. De fato, a China também mobilizou sua capacidade e poder militar ao longo de três semanas de ostensiva 'missão de treinamento' com o porta-aviões Liaoning, de 60 mil toneladas.

Os analistas e comentaristas chineses reagiram com frieza aos ditos espalhafatosos de Tillerson nas audiências na Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA. O jornal estatal China Daily tem dúvidas de que a nomeação de Tillerson seja aprovada pelo Senado. 
Editorial da 6ª-feira observou:

  • Se (Tillerson) for efetivado, ainda faltará ver em que medida o que ele diz contra a China se traduzirá em políticas externas dos EUA. Afinal, tudo que ouvimos (...) são essencialmente as suas inclinações pessoais. Não apenas muitas de suas ideias divergem, até mesmos se opõem, às de Trump em pontos críticos. Ele reconheceu abertamente que ainda deve ter discussões sérias, em profundidade, com Trump sobre imperativos de política externa (...) Nada disso são comentários que valha a pena levar a sério, porque não passam de uma 'salada' de posições simplórias, sem amplitude de visão, velhos e desgastados preconceitos e delírios políticos ingênuos.

A parte boa é que, para o futuro concebível, seja qual for o resultado dos confrontos, brigas e atribulações de Trump com o 'estado profundo' dos EUA, Moscou e Pequim não terão alternativa senão nadar juntos – para conter avanços dos EUA, até que possam prender o poder dos EUA em xeque-mate definitivo e enterrar a obsessão 'unipolar' da elite norte-americana. É altamente improvável que a Rússia baixe a guarda no que tenha a ver com intenções dos EUA, ou que acalente expectativas irrealistas de alguma melhoria dramática nas relações russo-norte-americanas.

Pode-se dizer que, ainda que Trump venha a melhorar as relações com a Rússia, é processo de longo prazo. O golpe do governo Obama, de 
enviar tropas norte-americanas para a Polônia apenas dez dias antes de deixar a Casa Branca só destaca o quanto Obama apostou furiosamente até o último instante, tentando criar condições para uma Nova Guerra Fria.

Quanto à China, é perfeitamente razoável supor que as consultas de Yang Jiechi com a equipe de transição de Trump, mês passado em New York, tenham permitido que Pequim tomasse a real temperatura do que haja de objetivo por trás da retórica de Trump. Não tenho dúvidas de que, por segurança, Pequim já tem traçado seu Plano B, para o caso de Trump sair-se com surpresas desagradáveis.

O jornal People's Daily noticiou na 6ª-feira que a delegação de alto nível que acompanha o presidente Xi Jinping a Davos semana que vem espera ter discussões substantivas com os enviados de Trump.


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