A verdade morreu |
Da irritação à ameaça: o
custo elevado da verdade.
por Paul Craig Roberts, tradução de btpsilveira
É preciso saber que o esforço de quem
oferece seu tempo escasso e a energia de uma vida para um público grande e
desconhecido é suficientemente apreciado para que se sinta compensado pelo
gasto de tempo e energia. Isso é ainda mais verdade quando o compromisso vem
associado a grandes despesas.
A resposta dos leitores ao pedido
trimestral de doações mostrou que valho o suficiente para vocês e justifica a
continuação de meus esforços.
Estou convencido de
que os Estados Unidos e provavelmente todo o mundo ocidental, quer dizer, o Império
(norte)Americano, entrou em uma era na qual não existe mais o respeito pela
verdade, nas instituições privadas quanto públicas. Nós estamos vendo isso
acontecer já há algum tempo. Volte no tempo até 03 de agosto de 2002, por
exemplo, uma data recente nos termos desse problema, mas fora da consciência
política de quem tem menos de 33 anos de idade. No verão de 2002, o mundo
estava sendo preparado pela propaganda enganosa para uma invasão do Iraque
pelos EUA. Em 03 de agosto desse ano, a prestigiosa publicação inglesa The Economist resumiu o consenso que
estava sendo fabricado em apenas duas sentenças: “as escolhas honestas
atualmente são desistir e ceder, ou remover Hussein antes que ele consiga sua
bomba (nuclear). Mesmo sendo doloroso, nosso voto é pela guerra”.
Como Lewis Lapham, eu mesmo e outros
perguntamos naquela época: que bomba? A única evidência sobre uma bomba foi
fabricada e se sabia que era uma mentira. Os inspetores das Nações Unidas
concluíram que as infames informações sobre Armas de Destruição em Massa foram
criação da propaganda enganosa dos Estados Unidos. Mesmo o presidente George W.
Bush tinha o conhecimento eventual de que o Iraque não tinha essas armas. O
Secretário de Estado dos EUA Colin Powell disse que as mentiras que proferiu,
enganado pelo regime Bush, falando nas Nações Unidas sobre as Armas de
Destruição em Massa de Saddam Hussein são uma mancha em sua carreira.
Apesar do conhecimento de que a invasão
do Iraque pelos EUA em 2003 foi baseada em uma mentira, as tropas dos Estados
Unidos ali permaneceram até 2011, e tendo sido expulsos ou não, agora estão de
volta ao Iraque. Nenhum desses fatos teve qualquer influência sobre a boa
impressão que Washington e a imprensa tem sido si mesmos.
Indiferentes, Washington e sua mídia
prostituta (presstitutes, no original,
um neologismo criado por Paul Craig Roberts para a imprensa (norte)americana e
intraduzível em português por ora – NT) mentiram
também sobre a Líbia e destruíram aquele país até então próspero. Mentiram
ainda sobre o “uso por Assad de armas químicas contra seu próprio povo” e
teriam destruído da mesma forma a Síria, se não fosse pela intervenção russa.
Bloqueados pela Rússia, Obama,
Hillary e Victoria Nuland se voltaram contra a Rússia, agindo primeiro contra o
governo eleito democraticamente na Ucrânia, que foi derrubado, fazendo com que
os crimeus votassem quase unanimemente pela reintegração à Rússia. A seguir, o
regime Obama e sua meretrizes na imprensa criaram uma falsa “invasão russa na
Ucrânia”.
Essa acusação falsa, repetida
indefinidamente ainda hoje pela imprensa prostituta ocidental, tornou-se a
justificativa para sanções econômicas contra a Rússia, cuja implementação foi
imposta pelos EUA aos seus vassalos europeus, inteiramente à custa deles
mesmos, o que mostra o grau abjeto de covardia dos dirigentes europeus. Se
Washington mandar: pule! O primeiro ministro britânico, a Chanceler Alemã e o
presidente francês perguntarão apenas: “a que altura?”
Uma das razões que levaram Trump à
Casa Branca foi seu compromisso com a normalização das relações com a Rússia e
a reconsideração d continuação da OTAN, um quarto de século depois que a razão
de sua existência cessou, com o colapso da União Soviética. O compromisso
assumido por Trump constitui uma ameaça direta ao poder e aos lucros do
complexo militar/industrial dos EUA, cujo orçamento de 1 trilhão de dólares
requer uma ameaça de tal magnitude que só a Rússia pode fornecer.
Por consequência, a
Rússia e seu presidente têm que ser demonizados. A propaganda enganosa
(norte)americana e suas mentiras deslavadas espalham o medo da Rússia e de
Putin através do Império (norte)americano. A resposta do Império para aqueles
que confronta suas mentiras com os fatos é denunciar quem faz isso em nome da
verdade como “agentes russos” ou “joguetes de Putin”. O ódio da Rússia que tem sido inculcado
profundamente na alma (norte)americana pelos Neocons e pela imprensa
prostituta, acabou resultando em coisas como o senador Republicano John McCain,
que representa o Arizona (para desgraça dos habitantes daquele estado),
chamando o senador Republicano Rand Paul, que representa o Kentucky, em pleno
salão do Senado de uma pessoa “que agora está trabalhando para Vladimir Putin”
apenas porque Paul se opôs a fazer de Montenegro um membro da OTAN http://news.antiwar.com/2017/03/15/sen-john-mccain-rand-paul-is-working-for-vladimir-putin/
Quando este site foi incluído em uma
lista de 200 sites da internet que seriam agentes/joguetes russos, por um grupo
secreto e não revelado posteriormente chamado PropOrNot, fiquei imaginando de
quem seria o dinheiro por trás dessa entidade mais escondida que uma operação e
lavagem de dinheiro em ilhas fiscais. Fiz uma brincadeira com isso que divertiu
muito os russos.
Como ninguém sabe o que ou quem é o
PropOrNot, o site não tem qualquer credibilidade. Assim as forças em guerra
buscaram a Biblioteca da Universidade de Harvard. O site da instituição postou
algo que era essencialmente a lista do PropOrNot. Mas a Universidade de Harvard
não disse se a lista foi verificada ou porque alguém deveria acreditar nela. A
lista foi atribuída posteriormente a Melissa Zindars, uma professora assistente
de comunicação e mídia de alguma instituição também não revelada. É uma lista,
disse ela, usada nas aulas que ministra para ensinar os estudantes a evitar
“notícias falsas e mentirosas”. Em outras palavras, a lista reflete apenas a
sua própria ignorância e preconceitos.
Como bem notou um leitor, Melissa
obteve toda a sua doutrinação através da imprensa prostituta (norte)americana,
vassala da CIA: “”Leio/Ouço/Vejo largamente as fontes da mídia corporativa (The
New York Times, The Washington Post, The Boston Globe, The Wall Street Journal,
Forbes) bem como The Atlantic, National Public Radio e várias fontes locais e
alternativas com perspectivas políticas diferentes (Verdade)”.
Conclusão: nós temos então que o
mundo ocidental está sendo informado pela Harvard University Library que seus
parâmetros para uma leitura segura foram baseados na ignorância e nos preconceitos
de uma jovem. As leituras seguras são as mentiras da imprensa prostituta que
serve à causa da guerra e do estado policialesco.
Quando você testemunha o nível de
corrupção total daquela que se supõe ser uma das melhores universidades dos
Estados Unidos, e que está montada na aprovação dos 24 anos de nada mais que
mentiras dos últimos três presidentes deste país, os quais são todos
responsáveis por ter matado e/ou deslocado milhões de pessoas em vários países,
não tendo sido responsabilizados por nenhuma destas mortes, você não pode
evitar a percepção de que para os Estados Unidos e seus estados vassalos, a
VERDADE é uma coisa que tem que ser evitada
qualquer custo.
Quando Trump desabou sob a pressão e
exonerou seu Assessor para a Segurança Nacional, General Flyyn, ele imprudentemente
ratificou a acusação de que todos e qualquer um que pensem que seria uma coisa
boa a normalização das relações com a outra grande potência nuclear no mundo
são “agentes russo”, e que ser um “agente russo” significa que você é culpado
de traição e merece ser barrado nas suas pretensões de ser o presidente dos
Estados Unidos.
A consequência da remoção de Flyyn de
seu gabinete foi capacitar as forças russófobas para definir como traição a
vontade de normalizar as relações com a Rússia. Caso isso tivesse sido imposto
aos presidentes dos EUA durante a primeira guerra fria, provavelmente a vida na
Terra não existiria atualmente.
O que mais assusta nos Estados Unidos
e na Europa não é apenas a ingenuidade e a displicência de uma grande
porcentagem da população. O mais aterrorizante é a disposição da mídia, dos
governos, do exército e de membros de organizações profissionais de mentir para
proteger suas carreiras. Tente encontrar algum constrangimento, um pouquinho de
vergonha entre os mentirosos cujas mentiras expõe a humanidade à aniquilação
termo nuclear. Você não encontrará um sequer. Eles não querem nem saber. Querem
mais é usar uma Mercedes e ter uma mansão por mais um ano.
Um dos melhores observadores da cena
mundial, The Saker, disse que a Revolução Colorida que está sendo conduzida
pelos neoconservadores, o Partido Democrata, a imprensa prostituta, os da
esquerda/progressistas/liberais somados a alguns republicanos contra o
Presidente Trump está “deslegitimando todo o processo (democrático) que levou
Trump ao poder e sobre o qual os Estados Unidos foram construídos como
sociedade” http://www.informationclearinghouse.info/46658.htm
(já traduzido para o português AQUI). A CONSEQUência, diz o Saker, é que a “ilusão
de democracia e do poder do povo” está sendo destrui´[ida não só dentro dos
Estados Unidos, mas também no estrangeiro. O quadro propagandístico “Democracia
(norte)Americana” está perdendo sua credibilidade. Á medida que a falsa pintura
desaparece, o mesmo acontece com o poder apoiado na autoridade construída pela
propaganda. O Saker pergunta: vamos passar por um horror sem fim ou encontrar
um fim terrível?
Como bem disse George Orwell décadas
atrás “em um tempo de mentira universal, dizer a verdade é um ato
revolucionário”.
Mas a maneira que os criminosos que
nos governam e a mídia prostituta que lhes pertence é diferente. Se você diz a
verdade nos Estados Unidos ou você é um espalhador de notícias falsas ou talvez
um traidor.
Enquanto vocês estiverem apoiando
este site, nós vamos arrostar este estado de coisas e suas consequência. Quem
sabe algum Neo (provável referência ao
personagem Thomas A. Anderson, apelidado de “Neo” do filme Matrix – NT) apareça?
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