por The
Saker, com tradução de btpsilveira
Ao observar o drama que acontece neste
momento nos Estados Unidos, resultado das tentativas de deslanchar uma revolução
colorida contra Trump, o quadro mais amplo acaba passando
despercebido. E olhem que esse quadro mais amplo é espantoso, porque se
prestarmos atenção, perceberemos o que podemos chamar de sinais irrefutáveis de
que o Império está agarrado em algum tipo de bizarra cerimônia em câmara lenta
de seppuku (suicídio ritual praticado por
samurais no Japão, até recentemente, também chamado de harakiri – NT) e a
única dúvida que ainda resta é quem, ou o que, servirá como kaishakunin (samurai encarregado de assessorar o suicida
e que fica encarregado de desferir o golpe de misericórdia – NT) para o
Império (se é que alguém se prestará ao serviço).
Não seria desmedido argumentar que o Império
está empenhado em uma política total de autodestruição em vários e diferentes
níveis, cada qual se acumulando com o anterior para a soma total que leva ao
suicídio. Notem que quando me refiro ao comportamento autodestrutivo não estou
falando daquelas questões de longo prazo tais como o modelo econômico
capitalista insustentável ou as consequências de uma sociedade que não só é
incapaz de diferenciar o certo do errado, mas desceu ao nível de considerar o
comportamento depravado como normal e saudável. Estes são o que chamo de
“barreiras de longo prazo”, nas quais, infalivelmente cairemos, mas que estão
ainda comparativamente longe em relação às “barreiras imediatas”. Permitam-me
listar algumas delas:
Suicídio
politico: a recusa dos neocons de aceitar a eleição de Donald Trump
resultou em uma campanha massiva para que fosse deslegitimado. Mas os Neocons
ou fracassam em perceber ou não estão nem aí, é que ao deslegitimar Trump,
estarão também deslegitimando todo o processo político que levou Trump ao poder
e através do qual os Estados Unidos foram construídos como sociedade. Como
resultado direto dessa campanha, não só milhões de (norte)americanos estão se
sentindo enojados com o sistema político que foram doutrinados para acreditar e
confiar, mas internacionalmente a noção de uma “democracia (norte)americana”
está se tornando uma piada sem graça.
Para tornar as coisas ainda piores, agora a
imprensa corporativa (norte)Americana finalmente está mostrando sua verdadeira
cara feia e admite e assume cinicamente para o mundo inteiro que não só não se
importa com “justiça” ou “objetividade”, mas é uma máquina de propaganda
enganosa 100% prostituída que serve fielmente aos interesses do “estado
profundo” dos Estados Unidos.
Na lavagem cerebral incessante que sofre o
(norte)Americano médio, o acontecimento regular das eleições tem sido um
elemento chave. Esqueça que pelo menos até agora, o resultado dessas eleições
pouca diferença fez, dentro e fora do país, o objetivo nunca foi uma consulta
popular – o objetivo sempre foi e será dar ao povo uma ilusão de democracia, e
de que o poder pertence ao povo. Agora, os Democratas afirmam que os russos
manipularam as eleições e os Republicanos afirmam que quem fez isso foram os
Democratas e seus milhões de eleitores falecidos. Tudo isso torna óbvio que as
eleições nunca passaram de uma palhaçada, uma espécie de “liturgia”, uma
lavagem cerebral ritualística – mas nunca algo real.
Podemos “creditar” à administração Obama a
emergência do conceito de 1%, desde que foi durante esse período que o
movimento “Occupy Wall Street” surgiu e cresceu, mas o verdadeiro
desmascaramento da face maligna do 1% pode e deve ser colocado na conta de Hillary
Clinton, com sua histórica confissão, quando declarou abertamente que quem
se opunha a ela não passava de “uma cesta de deploráveis”. Graças a Victoria
Nuland, já sabíamos o que os líderes AngloSionistas pensam da população da
Europa (“f.da-se a União Europeia!”) e agora sabemos também o que pensam a
respeito do povo (norte)americano: exatamente a mesma coisa.
O negócio é o seguinte: penso que nunca
antes a autoridade moral e a credibilidade política dos Estados Unidos estiveram
em nível tão baixo. Décadas de propaganda através de Hollywood e da máquina de
propaganda dos Estados Unidos foram por água abaixo e ninguém mais quer comprar
esse nonsense alternativo à realidade.
Suicídio na Política Externa: vamos dar uma olhada nas
opções que temos à escolha. Embora Trump não queira, os Neocons querem uma
guerra contra a Rússia. No entanto, o pessoal de Trump quer, senão uma guerra,
pelo menos colocar todas as opções sobre a mesa, e desencadear uma confrontação
grave com a China, Coréia do Norte ou Irã, e cerca de metade deles também quer
sim, algum tipo de confronto com a Rússia. Não há ninguém, absolutamente
ninguém, pelo menos entre aqueles que estão no topo, que ouse sugerir a
possibilidade de que um conflito, ou, pior ainda, uma guerra contra China, Irã,
Coréia do Norte ou Rússia possa se tornar um desastre, uma calamidade para os
Estados Unidos. Na realidade, muita gente séria, com credenciais
impressionantes está discutindo solenemente as possibilidades, como se isso
fosse verdade, de que os Estados Unidos poderiam, de alguma forma, prevalecer. É
simplesmente risível. Quer dizer, não, não é. Mas seria, se não fosse tão
assustador e deprimente. A verdade é muito, mas muito diferente.
[Adendo:
mesmo não sendo impossível para os Estados Unidos prevalecer, em termos meramente
militares, contra a Coreia do Norte em uma guerra, os riscos potenciais são
nada menos que imensos. E não estou falando dos riscos representados pelas
armas nucleares do país, mesmo sendo aparentemente bem reais. Quero dizer do
risco de começar uma guerra contra um país que tem Seul ao alcance de sua
artilharia convencional, um exército ativo de bem mais de um milhão de soldados
e 180.000 tropas de forças especiais. Vamos convencionar por um segundo que a
Coreia do Norte não tenha força aérea nem marinha e apenas um exército de 1
milhão ou mais de soldados, 21 mil ou mais peças de artilharia e 180 mil forças
especiais. Como você propõe que lidemos com essa ameaça? Se você propusesse uma
solução fácil e óbvia, você tem assistido muitos filmes de Hollywood.
Provavelmente você também não faz a menor ideia das dificuldades representadas
pelo terreno.]
Mas é claro que a Coreia do Norte é a parte
mais fraca e não posso excluir que as forças do país podem rapidamente entrar
em colapso sob um ataque sustentado pelos Estados Unidos e a Coreia do Sul. Não
estou dizendo que acredito que é isso que vai acontecer, mas que pode
acontecer. Caso isso realmente aconteça, os Estados Unidos podem prevalecer
muito rapidamente, ao menos em termos puramente militares. No entanto, tenham
em mente, por favor, que qualquer operação militar serve sempre para alcançar
um objetivo político e, neste sentido, não posso imaginar qualquer cenário sob
o qual os Estados Unidos lançar e lutar uma guerra contra a Coreia do Norte e
conseguir algo que mesmo remotamente possa ser chamado de “vitória real”. Trata-se
de uma paráfrase de algo que Ho Chi Minh supostamente
teria dito aos franceses nos anos 40 e que gostei
muito. Foi algo assim: “nós matamos
alguns de vocês, vocês matam muitos de nós e então nós vencemos.” Essa é a
maneira pela qual pode se desenrolar uma guerra contra a Coreia do Norte. Chamo
isso de “maldição (norte)americana”: são muito bons para matar pessoas, mas não
são bons para vencer guerras. Ainda assim, no caso da Coreia do Norte existe ao
menos uma possibilidade de uma vitória militar, embora a um custo
potencialmente muito alto. Já com Irã, Rússia ou China nem a possibilidade
existe: uma guerra contra qualquer deles é desastre garantido (escrevi sobre
uma guerra contra o Irã [link para o artigo traduzido aqui – NT] e também sobre
uma guerra contra a Rússia várias vezes). Muito bem. Então por que, quando
temos quatro cenários possíveis de guerra, sendo um deles um desastre em
potencial e os outros três desastres garantidos, isso ainda é discutido como se
fosse uma opção em potencial?!
A razão para isso pode ser encontrada em uma
mistura única de ignorância crassa e covardia política de toda a classe
política dos Estados Unidos. Em primeiro lugar, muitos (a maioria?) dos
políticos dos EUA acreditam na própria propaganda idiota de que as forças
armadas dos Estados Unidos são “a melhor” no “mundo inteiro” (nem é preciso provar!). Mas mesmo aqueles que são espertos o bastante
para entender que isso não passa de um monte de conversa fiada que ninguém nos
Estados Unidos deveria levar a sério, eles também sabem que dizer isso em
público, por mais verdade que seja, seria um suicídio político. Daí eles
fingem, vão em frente, e mergulham na repetição frenética do mantra patriótico
que é mais ou menos assim: “RÁ, RÁ, RÁ, USA, USA, ‘Mérica é número um,
nóis é os melhor!”, etc... Dizem que desde que os Estados Unidos gastam
mais em agressão que o resto do planeta combinado, isso deve significar que as
forças armadas dos Estados Unidos são “as melhores” (seja lá o que quer dizer
isso). Levando-se em consideração que o país é o berço do “grande é melhor”, a
resposta vem por si mesma. Também é completamente equivocada.
De vez em quando inevitavelmente acontece
alguma besteira sem tamanho. Como na Líbia, onde o Departamento de Estado tinha
uma política, o Pentágono outra e a CIA uma terceira. O resultado dessa
dissonância cognitiva foi resolvida engatando um duplipensar clássico: “tá bom, a gente faz besteira uma atrás da
outra, mas ainda somos os melhores”. Ironicamente, esse tipo de mentalidade
está no coração da inabilidade dos (norte)americanos de aprender com os
próprios erros do passado. Se a escolha for entre uma avaliação honesta de
operações passadas e um expediente político, o último prevalecerá (pelo menos
entre os civis, os soldados dos Estados Unidos são sempre capazes de avaliação
crítica, especialmente nas patentes de coronel para baixo. O problema é que nem
os civis nem os generais os escutam).
O resultado é um caos total: a política
externa dos EUA é totalmente dependente de sua habilidade de ameaçar o uso de
força militar, mas a dura realidade é que cada país que teve a ousadia de
desafiar os Estados Unidos só o fez depois de se certificar que o Tio Sam na
realidade não tem os meios de esmagá-los militarmente. Em outras palavras,
apenas os mais fracos, que já são colônias de fato dos EUA os temem. Colocado
de outra maneira, os países que desafiam os Estados Unidos são os fortes (o que
seria totalmente previsível, mas os políticos dos Estados Unidos nada sabem
sobre Hegel ou dialética). Para tornar as coisas ainda piores, não existe uma
política externa verdadeira dos EUA. O que existe é apenas uma soma de
influências das diferentes políticas externas desejadas por vários agentes mais
ou menos ocultos do “estado profundo”, agências e indivíduos. O que resulta
dessa “soma de vetores” só funciona mesmo no curto prazo, presa numa abordagem
de resolução rápida, e incapaz de levar em conta qualquer coisa mais complexa.
Vamos falar da diplomacia (norte)Americana?
A “diplomacia” nos EUA simplesmente não existe. Você não precisa de diplomatas
para fazer exigências, subornos, ultimatos e ameaças. Você não precisa de
pessoas educadas. Nem de pessoas que tenham algum tipo de compreensão sobre o “outro”.
Tudo o que você necessita é de um agressor arrogante que “se acha” e um
intérprete (já que normalmente os diplomatas dos Estados Unidos não falam a
linguagem local. E por que falariam?). O exemplo mais claro do total rigor mortis em que está o corpo
diplomático dos Estados Unidos foi que 51 “diplomatas”
dos Estados Unidos exigiram que Obama bombardeasse a Síria. Enquanto isso, tudo o que o
resto do mundo pode fazer foi observar boquiaberto, triste, surpreso e
totalmente enojado.
Resumindo, não há “diplomacia” nos Estados
Unidos. O país deixou que este campo de suas atividades atrofiasse ao ponto de
quase deixar de existir. Quando alguns observadores desconcertados tentaram entender
como a política externa dos EUA estava funcionando na Ucrânia e na Síria,
incorreram em um erro fundamental, que foi o de pensar que existe uma política
externa dos Estados Unidos. Poderíamos mesmo argumentar que a política externa
dos Estados Unidos morreu lenta e calmamente, algum tempo depois de James Baker
(o último diplomata verdadeiro dos EUA, aliás, com brilhantismo).
Suicídio
militar: O exército dos Estados Unidos nunca foi particularmente
impressionante, mormente quando comparado com os exércitos da Inglaterra,
Rússia ou Alemanha. Mas tem alguns pontos fortes, entre eles a capacidade de
produzir muitas inovações técnicas que tornam possível produzir novas armas,
algumas delas realmente revolucionárias. Pode-se dizer sem medo de errar que o
histórico dos Estados Unidos em operações no solo é bem modesto, mas os EUA
provaram ser um dos mais duros adversários no mundo quando se trata de guerra
aérea e naval. Não acho que se possa negar que na maioria dos anos que se
seguiram ao fim da II Guerra Mundial os Estados Unidos tinham a mais poderosa e
sofisticada Marinha e Força Aérea do mundo. Então, gradualmente, as coisas
começaram a se degradar, enquanto os custos dos caríssimos navios e aviões
estouravam com força total o teto dos já absurdos orçamentos. Ao mesmo tempo, a
qualidade dos sistemas parece ter piorado gradativamente. Sistemas de armamento
que se revelaram nada menos que espantosos em laboratório e campos de testes,
se mostraram quase inúteis nas mãos de seus usuários finais: os soldados no
campo de batalha. Afinal, o que aconteceu? Como pode ser que um país que já
construiu coisas maravilhosas como o UH-1 Huey ou o F-16 de repente começou a
produzir coisas como Apaches e F-35s? A
explicação é dolorosamente simples: corrupção.
Não só o aparato industrial/militar dos
Estados Unidos está inchado além de qualquer coisa razoável, mas além disso
cobriu-se de camadas sobre camadas de segredo, até tornar a corrupção massiva
inevitável. Quando falo de corrupção massiva não estou falando de milhões de
dólares. Falo de bilhões e eventualmente até de trilhões de dólares. Como? Ora,
é simples – o Pentágono afirma que não tem serviços de contabilidade capazes de
fazer a contabilidade apropriada do dinheiro perdido e que assim, o dinheiro
não está na realidade “sumido”. Outro truque: sem contratos de licitação. Ou
ainda: contratos que cobrem quaisquer despesas dos contratados, não importa que
alturas ridículas atinjam. A operação Tespestade no Deserto foi um tempo de
bonança para o Complexo Industrial/Militar, da mesma maneira que 11/09 e a
Guerra Global contra o Terrorismo (Global
War On Terrorism – ntrad). A partir de coisa nenhuma, bilhões de dólares
foram impressos, distribuídos (a maioria sob a cobertura da alegação de
segurança nacional), escondidos (segredo) e roubados (por todos que estavam na “cadeia
alimentar”). O frenesi era tão grande que um de meus professores na SAIS (School of Advanced International Studies – Faculdade de Estudos
Internacionais Avançados – ntrad) admitiu, claro que oficiosamente, que
nunca viu um sistema de armas de que não gostasse ou ao qual não quisesse
comprar. Esse homem, que não vou dizer quem é, foi um antigo diretor da Agência
(norte)Americana de Desarmamento e Controle de Armas. Sim, você leu
corretamente. Ele estava empenhado em DESarmamento. Você pode imaginar
como pensariam os encarregados de armamento (sem DES)...
Com o crescimento da corrupção até a estratosfera,
o general típico dos Estados Unidos passou daqueles que ainda se lembravam da
Guerra do Vietnã (onde tinham sempre perdido membros da própria família, aparentados
ou amigos), para gente como David Petraeus, um
merdinha lambe-botas. Em menos da metade de um século, os
generais dos Estados Unidos passaram de guerreiros para gerentes e políticos. É
contra esse pano de fundo decepcionante que mesmo uma personalidade
inexpressiva como o General James Mattis pode parecer, ao menos para algumas
pessoas, um bom candidato para o cargo de Secretário da Defesa.
Resumo da ópera: as forças armadas dos
Estados Unidos são fantasticamente caras e ainda assim não são bem treinadas, equipadas
ou comandadas. Ainda assim, são muito mais capazes do que a maioria dos
exércitos europeus (que não passam de uma piada), mas definitivamente não são o
tipo de forças armadas necessárias para impor e manter uma hegemonia mundial. A
boa notícia para os Estados Unidos é que suas forças armadas são mais que
adequadas para defender os EUA contra qualquer ataque hipotético. Mas como a
espinha dorsal do Império – estão bem perto da inutilidade total.
Eu poderia listar muitos outros tipos de
suicídios, incluindo um suicídio econômico, outro social, o suicídio
educacional, cultural e claro, o suicídio moral. Mas outros analistas já o
fizeram (Dmitry Orlov fez isso magistralmente
no livro “Os Cinco Estágios do Colapso”, já disponível em língua portuguesa,
pela Editora Revan – ntrad), muito melhor do eu poderia fazer aqui. Assim,
quero colocar apenas mais uma forma de suicídio que acredito seja comum ao
Império AngloSionista e a União Europeia: o
“Suicídio pela negação da realidade”: que é a
mãe e pai de todas as outras formas de suicídio – a negação inflexível de ver e
aceitar a realidade e o fato de que “a festa acabou”. Quando vejo a
determinação terrível dos políticos dos Estados Unidos (muitos deles fazem
parte da equipe que apoia Trump) em continuar a fingir que a hegemonia dos EUA
está aqui e ficará para sempre, quando vejo como veem a si mesmos como os
líderes do mundo e como acreditam sinceramente que precisam se envolver em
qualquer conflito, em qualquer lugar do planeta, só posso chegar à conclusão de
que o colapso inevitável será extremamente doloroso. Para ser justo, temos que
dizer que Trump tem momentos de lucidez sobre essa questão, como, por exemplo, quando
declarou recentemente ao Congresso
Nações
livres são o melhor veículo para expressar as vontades do povo – e os Estados
Unidos respeitam o direito de todas as nações de escolher seu próprio caminho.
Meu trabalho não é representar o mundo. Meu trabalho é representar os Estados
Unidos da América. Sabemos que os Estados Unidos estão bem quando se envolvem
em menos conflitos – não em mais.
São palavras realmente impressionantes e
devemos aplaudir Trump em pé por estas afirmações, onde ele chega bem perto de
admitir formalmente que os EUA devem abandonar seus sonhos de hegemonia e que a
partir de agora o presidente dos Estados Unidos não representará mais os
interesses das plutocracias transnacionais e sim os interesses do povo
(norte)americano. Esse tipo de linguagem é nada menos que revolucionário, seja
Trump capaz de agir de acordo ou não. Diferente de todos os outros, Trump não
parece sofrer da síndrome do “suicídio pela negação da realidade”, mas quando
se olha o pessoal em volta dele (esqueça o congresso prostituído) fico
matutando se ele será em algum dia capaz de agir conforme seus instintos pessoais.
Está claro que Trump é o melhor homem da
administração Trump, pois ele parece conservar seu coração no lugar certo e,
diferente de Hillary Clinton, ele parece consciente do fato de que as forças
armadas dos Estados Unidos então em más condições. Mas um coração forte e bom
senso não são suficientes para lidar com os Neocons e com o estado profundo.
Você precisa também de uma vontade férrea e uma determinação total para esmagar
a oposição. Infelizmente até agora Trump não mostrou qualquer boa qualidade. Em
vez disso, parece estar empenhado em mostrar como pode ser um “cara duro” ao
declarar que vai varrer o Estado Islâmico e dando ao Pentágono 30 dias para
apresentar um plano para isso. Infortunadamente (para Trump) não há maneira de
esmagar o Estado Islâmico sem trabalhar em conjunto com aqueles que já têm
tropas no terreno: os iranianos, os russos e os sírios. Simples assim. Qualquer
general (norte)americano de verdade sabe disso. Mas mesmo assim estão todos
tentando estabelecer hipóteses de que haveria possibilidades para os EUA de
derrotar o Estado Islâmico sem estabelecer antes uma parceria com a Rússia, a
Síria e o Irã (Erdogan bem que tentou. Levou umas pauladas. Agora está
trabalhando com Rússia e Irã). Será que as pessoas não insanas no Pentágono
encontrarão coragem para dizer a Trump que “Senhor presidente, não podemos
fazer isso sozinhos, necessitamos dos russos, iranianos e sírios”? Duvido
muito. Dessa forma, provavelmente estaremos batendo de frente com um caso de
negação da realidade, talvez não um caso suicida, mas com certeza significante.
Não é bom.
E então, quem será o kaishakunin do Império?
Alexander Solzhenitsyn costumava dizer que
todos os estados podem ser colocados em um continuum que vai desde estados cuja
autoridade é baseada em seu poder até estado cujo poder é centrado em sua
autoridade. Penso que podemos concordar que a autoridade dos Estados Unidos
está bem perto do zero. Quanto ao seu poder, ainda é bem substancial, mas não o
suficiente para manter o Império. No entanto, é mais do que apropriado para
proteger os interesses dos Estados Unidos, desde que o país aceite que
simplesmente já não tem os meios para permanecer como potência hegemônica.
Caso os neocons tenham sucesso nas suas
tentativas de derrubar ou pelo menos paralisar a administração Trump, então o
Império poderá escolher entre uma tragédia sem fim ou um fim horrível. Desde
que os Neocons na realidade não querem uma guerra contra a Coreia do Norte, com
a qual não simpatizam mas que não lhes provoca um ódio irracional como o Irã,
meu palpite é que o Irã será o alvo número um. Se os AngloSionistas tiverem
sucesso em desencadear uma Guerra entre o Irã e o Império, o Irã será o kaishakunin do Império. Mas se esses
doidos falharem em suas tentativas de começar uma guerra de grandes proporções,
o Império provavelmente poderá entrar em colapso sob a pressão intensa das
contradições internas da sociedade (norte)americana. Finalmente, se Trump e os
(norte)Americanos verdadeiramente patriotas que não querem sacrificar seu país
no altar do Império puderam “drenar o pântano em Washington” e por fim derrubar
os Neocons, será então possível uma transição de “Império” para “Grande
Potência”. Mas o relógio está andando. Rápido.
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