11 de fevereiro de 2017 – Federico Pieraccini, tradução: btpsilveira
Importantes mudanças mundiais estão acontecendo
dentro do grande triângulo estratégico em curso entre Rússia China e Irã,
enquanto o resto do mundo continua perdendo tempo tentando decifrar ou
assimilar a nova presidência Trump.
Distante do atual caos nos Estados Unidos, grandes acontecimentos estão
acontecendo a pleno vapor, com Irã, Rússia e China coordenados em uma série de
movimentos significativos para o futuro do continente eurasiano. Com uma
população total de mais de cinco bilhões de almas, que constituem cerca de dois
terços da população do planeta, o futuro da humanidade passa obrigatoriamente
através dessa área imensa. Apontando para uma mudança de grande magnitude na
ordem mundial que se baseia atualmente na Europa e nos Estados Unidos, em
direção a mundo multipolar monitorado pela China, Irã e Rússia, os estados
eurasianos estão se preparando para um papel de liderança no desenvolvimento
desse enorme continente. Como parte dos desafios que deverão enfrentar os
líderes desses países multipolares, os eventos prejudiciais que se originam na
ordem mundial Euro/Atlântica construída depois da Segunda Grande Guerra mundial
terão que ser encarados.
Analisando os principais projetos do continente eurasiano, uma coisa que
se destaca é o papel da China, Rússia e Irã nas diferentes áreas sob sua
influência. O projeto One Belt, One Road
(um cinturão, uma estrada, também conhecido como OBOR – ntrad) que foi
proposto por Pequim (com investimento de cerca de um trilhão de dólares dentro dos próximos dez anos); a União
Econômica Eurasiana (Eurasian Economic
Union – ntrad) proposta por Moscou para integrar as antigas repúblicas
soviéticas da Ásia Central e o papel do Irã no Oriente Médio como esforço para
trazer de volta a estabilidade de prosperidade para a região – são todos de
importância crucial para o desenvolvimento eurasiano. Claro que possuindo uma
perspectiva multipolar, todos estes projetos convergem totalmente, e requerem
desenvolvimento conjunto e coordenado para que resultem realmente no sucesso do
continente eurasiano.
Neste sentido, as principais áreas de grande agitação incluem aquelas
sob a esfera de influência destes principais países eurasianos. As principais
concentrações de turbulência podem ser facilmente identificadas no Oriente
Médio e no Norte da África, isso para não fazer menção ao Golfo Pérsico, onde a
guerra criminosa da Arábia Saudita contra o Iêmen continua sem tréguas há 24
meses.
Uma fonte de cooperação: o terrorismo islâmico
A fonte comum de instabilidade no continente eurasiano resulta do
terrorismo islâmico, utilizado pelas grandes potências ocidentais como um
instrumento de divisão e conflito. Assim, o papel de sauditas e turcos,
alimentando e espalhando o Wahhabismo, bem como a Irmandade Muçulmana significa
que eles estão diretamente contra a estabilidade pretendida pela esfera Russa,
Chinesa e Iraniana. Previsivelmente, o papel de Teerã na região se tornou
decisivo, com o apoio total, financeiramente da China e militarmente da Rússia.
Hoje, o Irã é o país no qual a influência sino/russa se manifesta em todos os
níveis, na região e além dela. A deterioração da situação militar na Síria, no
entanto, obrigou Moscou a intervir militarmente para ajudar à Síria, aliado
regional mais importante do Irã na região, mas ao mesmo tempo providenciou uma
desculpa perfeita para conter a influência da Arábia Saudita e da Turquia na
região. O Crescente Xiita em ascensão, que liga Irã, Iraque, Síria e Líbano, é
de importância vital para quem quer estabelecer ou manter a influência de um
mundo multipolar na região. Até agora, Washington tem sido capaz de impor seus
assuntos através de ações levadas a termo por Arábia Saudita e Turquia, seus
submissos ativos regionais, cujos interesses se alinham sempre com os mesmos de
elementos sionistas, neoconservadores e Wahhabis que existem no estado profundo
dos Estados Unidos. Washington claramente quer manter e preservar a ordem
mundial de um mundo unipolar através de seus aliados regionais, com o objetivo
de se manter o principal árbitro nas questões do Oriente Médio, uma área que
reflete a instabilidade desde o Golfo Pérsico até o Norte da África.
Não é de se admirar, portanto, que Moscou tente manter relações
especiais com o governo egípcio que sucedeu a Irmandade Muçulmana de Morsi, com
a intenção de conter a influência saudita/(norte)americana no Cairo e no Norte
da África, especialmente na sequência da destruição da Líbia de Kaddafi. Os
sinais emitidos por Al Sisi são encorajadores e representam um exemplo claro de
um mundo multipolar em construção. O Egito aceitou financiamento saudita
durante a época de elevada tensão entre Doha e Riad, o que representava um
movimento de fraqueza óbvia do Cairo, especialmente depois do golpe que removeu
Morsi, o qual era apoiado pelo Catar, Turquia e Estados Unidos. Hoje, o Egito
está feliz em cooperar com Moscou, especialmente no que diz respeito a
armamentos (a compra de dois navios Mistral da França representa futuras
compras de armamento de Moscou; da mesma forma, é o caso de desenvolvimento de
fontes de energia nuclear, que seria alternativa para a importação massiva de
petróleo da Arábia Saudita, a qual foi suspensa por Riad, logo depois do início
do diálogo entre Cairo e Damasco). O Egito trabalha para estabelecer uma
posição estratégica na região, cada vez mais influenciada pelo triângulo
russo/sino/iraniano (conversações sobre a inclusão do Egito na EAEU [União
Econômica Euroasiática- ntrad] Estão em andamento já há algum tempo), embora
não descarte completamente a contribuição econômica da Arábia Saudita e dos
Estados Unidos. Por outro lado, a influência de Turquia e Irã é rejeitada e
declarada hostil, principalmente por causa do contínuo relacionamento com a
Irmandade Muçulmana, uma das maiores preocupações do país no Sinai.
A estabilidade no Oriente Médio e no Norte da África depende de uma
expansão do papel mediador do Irã; de importantes contribuições financeiras da
República Popular da China (pense um pouco na situação da Líbia e na
reconstrução da Síria); e de uma cooperação militar da Federação Russa. A
importância de focar nestas áreas jamais será superestimada, já que representam
os primeiros passos na direção de uma reestruturação mais fundamental da nova
ordem mundial em partes diferentes da massa continental eurasiana.
Síria, um caso de estudo: o Cáucaso, a Ásia Central e AfPak (região do
Afeganistão/Paquistão – ntrad)
Ao prestarmos atenção nos perigos que representam um Islã politizado e o
extremismo wahhabista, sempre vêm à mente três áreas do continente eurasiano
para considerações: as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central; a
fronteira sempre problemática entre Afeganistão e Paquistão e a área do
Cáucaso. Netas áreas, a cooperação entre China, Rússia e Irã está mais uma vez
desempenhando um papel chave, e estamos presenciando muitas tentativas de
mediação de tensões e conflitos que podem ser potencialmente catastróficos para
o desenrolar de projetos econômicos e de desenvolvimento. Os ataques
terroristas que aconteceram recentemente na cidade de Lahore, capital da
província do Punjab no Paquistão, mostram a verdadeira face da cooperação entre
Afeganistão e Paquistão, decididamente encorajada pela China e pela Rússia.
Logo após uma breve troca de tiros entre militares dos dois países na fronteira
comum, um acordo foi arranjado entre Kabul e Islamabad para reduzir as tensões
e fazer progredir conversações de paz fortemente apoiadas por Moscou e Pequim.
A necessidade de interromper a escalada de tensões entre Paquistão e
Afeganistão é um dos principais objetivos de Rússia e China, naquela que é uma
das regiões mais instáveis do mundo e pela qual deverão transitar os futuros
projetos liderados pela aliança Irã/Rússia/China. A instabilidade dessa área em
particular depende em grande parte do papel que Índia, Arábia Saudita, Estados
Unidos e Turquia pretendem desempenhar para colocar um contrapeso ao papel do
trio eurasiano. Assim, não é por coincidência que Moscou está tentando várias
formas de entendimento complexo com cada um desses atores. A Arábia Saudita e a
Turquia são os centros de controle e administração do terrorismo internacional,
e a influência negativa de Riad e Ancara é sentida desde a Líbia e a Síria, até
o Paquistão, Afeganistão e o Cáucaso. Aqui, o fator determinante não é exercido
pelos Estados Unidos, embora Washington não tenha nenhum pejo em encorajar
quaisquer esforços destrutivos diretos contra a integração do continente
eurasiano.
No papel representado por Rússia e Turquia, o primeiro ponto positivo de
entendimento parece ser a Síria, e pode, caso seja encontrado um resultado
positivo para o conflito, representar a pedra fundamental sobre a qual se
poderá construir uma cooperação estratégica em áreas como AfPak e Ásia Central.
Neste sentido, os incentivos do corredor energético representado pelos
oleogasodutos, nos quais o principal empreendedor é a Rússia, não pode ser
subestimado, como é o caso, por exemplo, do Turkish Stream. Também no Cáucaso,
que é outra área de instabilidade acentuada, o papel desempenhado pela Rússia e
Irã foi decisivo durante os quatro dias da Guerra em Nagorno-Karabakh.
Em relação ao campo energético, é certamente um grande fator de interesse
para a Arábia Saudita, que está há tempos observando a diversificação do setor
energético com atenção, em especial a energia nuclear civil, campo no qual a
Rússia tem posição de liderança mundial. Moscou diversifica seu jogo,
valorizando suas cartas ao prover cooperação econômica e militar com seus
parceiros mais próximos (Irã, China, Síria, Cazaquistão, Tajiquistão e
Quirguistão); fortalecendo as alianças bilaterais através de incentivo na forma
de cooperação em sistemas de armamentos (Índia, Paquistão e Egito); e
cooperação no setor de energia com países tão distantes como Catar, Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita, na intenção de abrir brechas que lhe permitam alcançar
acordos geopolíticos mais amplos.
Toda a estratégia das três principais nações eurasianas dirige-se
primariamente para a consolidação de suas fronteiras nacionais com os países
das regiões mais turbulentas. A recente viagem de Putin ao Cazaquistão,
Tajiquistão e Quirguistão tinha o objetivo de fortalecer a parte mais
vulnerável da Federação Russa, ao eliminar a ameaça e influência do terrorismo
islâmico radical, permitindo a expansão da cooperação econômica na União
Eurasiana. Embora não seja uma tarefa fácil, há o encorajamento da perspectiva
de ganhos de parte a parte para as nações envolvidas, com acordos bilaterais
mutuamente vantajosos, em vez de imposições. De certa forma, é o que a
República Popular da China também está tentando fazer na Ásia Central, uma das
regiões mais voláteis do planeta, esforçando-se para estabelecer acordos e
expandir o conjunto de seus recursos energéticos, como ocorreu recentemente no
Turcomenistão. Outro exemplo da redução de ameaças no continente eurasiano pode
ser visto na província chinesa de Xinjiang, onde a China colocou seus esforços
um uma área onde existe a necessidade urgente de minimizar as tensões políticas
e sociais, caso se queira evitar o sucesso de esforços estrangeiros para
desestabilizar a China, a partir principalmente da Turquia, através de seu
aliado Turcomenistão.
Neste contexto, o papel mais difícil de entender é o desempenhado pela
Índia, encaixotada dentro de sentimentos contrários a Paquistão e China, bem
como uma antiga sujeição aos Estados Unidos e uma boa amizade histórica com a
Federação Russa. As ações de Nova Deli nesta parte do mundo são as mais
difíceis de decifrar, vendo-se os inescrutáveis esforços da Índia para avançar
na direção de seus objetivos estratégicos. A importância estratégica de Moscou
e Teerã é essencial para equilibrar a posição da Índia. Historicamente, a Índia
é um parceiro importante da URSS, e em anos mais recentes o exército hindu
continua a desenvolver projetos militares importantes com a Federação Russa.
Mais recentemente, a República Islâmico da Irã contribuiu muito para a
diversificação dos suprimentos de energia da Índia. O fato de que Teerã é um
parceiro privilegiado do Pequim mostra como se parece um mundo multipolar, e
também ajuda a equilibrar o sentimento de antipatia contra a China,
profundamente enraizado no establishment hindu. Neste caso, Rússia e Irã estão
claramente desempenhando papel de mediadores entre China e Índia. O fato de que
tanto a Índia quanto a China são compradores importantes de gás do Irã, bem
como o fato de que tanto China quanto Índia estão cooperando com a Rússia em
termos militares, ajuda a compreender como Moscou e Teerã estão pouco a pouco
eliminando Washington e amenizando o sentimento contra a China na Índia.
As tensões dos fás de Washington na Índia estão sendo cada vez mais
afastadas, não apenas porque trazem dificuldades para a necessidade do país de
criar um ambiente confiável de desenvolvimento sem excluir qualquer
oportunidade de parceria. O maior e mais difícil desafio é o processo de paz
entre Afeganistão e Paquistão, o qual vai contra os interesses geopolíticos da
Índia na região, nesta questão alinhados com a posição (norte)americana. Para
amenizar a situação, é necessária grande cooperação conjunta. A SCO – Shanghai
Cooperation Organization (Organização de Cooperação de Xangai – ntrad) tentará
construir um quadro dentro do qual se discuta e se encontre acordos possíveis
entre todos os participantes envolvidos. Mais uma vez, uma conversação regional
entre poderes eurasianos não incluirá a velha ordem mundial composta por Europa
e Estados Unidos.
Não se pode declarar que o esforço exercido por China e Rússia na Ásia
Central são exagerados por causa da importância dos recursos energéticos
potencialmente disponíveis. Isso para não mencionar a futura possível
cooperação entre duas áreas econômicas gigantescas, como a União Europeia e
Ásia, que deverá fluir através da Ásia Central, transformando a União Eurasiana
em uma ponte dourada ligando a Europa e a Ásia. Até agora, a Organização do
Tratado de Segurança Coletiva (CSTO – Collective Security Treaty Organization –
ntrad) se portou apenas como uma organização nos moldes da SCO, que tem a
tendência de priorizar a luta contra o terrorismo; mas cada vez mais estás
sendo vista como um lugar disponível para conversações, uma organização que
pode oferecer um caminho para a cooperação econômica e que oferece
prioritariamente as bases para a estabilização territorial da região. Nesta
área do planeta, a prosperidade econômica depende profundamente da estabilidade
militar e política.
Resumindo, trata-se do principal desafio que a Rússia, China e Irã estão
encarando, nomeadamente, arrefecer as zonas quentes (Oriente Médio, Golfo
Pérsico e Norte da África) através da erradicação do problema do terrorismo, e
evitar nova escalada de tensões em regiões vizinhas que se situam dentro de sua
esfera de influência (o Cáucaso, Afeganistão/Paquistão e Ásia Central). Assim,
estarão evitando uma desestabilização destrutiva.
Somente quando um quadro
internacional estiver implementado firmemente nestas áreas, estabilizando-a
totalmente, será possível uma grande e abrangente cooperação econômica que terá
significação histórica. Neste sentido, a admissão da Índia e do Paquistão na
SCO foi o primeiro passo de um acordo complicado arranjado pela China e Rússia
e que cobriu uma dúzia de nações. A mesma situação será observada com a futura
entrada do Irã na SCO, com o objetivo específico de aumentar a influência da
SCO em áreas instáveis como o Golfo Pérsico me o Oriente Médio. Da mesma forma
as discussões relativas à entrada do Egito na SCO como membro efetivo é
destinada a expandir a influência positiva da SCO em lugares tão longínquos
quanto o Norte da África.
As fundações desenvolvimentistas que Rússia, China e Irã estão
arquitetando destinam-se a tornar irrelevantes os Estados Unidos em seus
esforços para esticar seu momento unipolar. Ao combinar o desenvolvimento
econômico e demográfico dessas áreas com a população do continente eurasiano, é
fácil entender como, no espaço de duas décadas, se tanto, a área que vai de
Portugal à China e que inclui dúzias de nações em todas as latitudes e
longitudes e que se estende desde as regiões Árticas da Federação Russa até as
praias da Índia no Golfo Pérsico, deverá ser o pivô central a girar a economia
mundial. A combinação dos corredores de mar e terra fará do continente
eurasiano o coração do mundo, não apenas em termos de produção mas também em
negócios e consumo, devido ao crescimento da riqueza da classe média dessas
áreas do planeta.
Numa visão estratégica que historicamente incorporou décadas de
planejamento, Teerã, Moscou e Pequim conseguiram compreender totalmente que a
estabilidade é o objetivo principal a ser conquistado para promover
desenvolvimento econômico efetivo que beneficie todas s nações envolvidas. Na
Ásia, a ASEAN (Association of Southeast Asian Nations – Associação das Nações
do Sudeste Asiático – ntrad) começou a agir de forma menos beligerante com a
China. Embora Pequim continue a assegurar seus interesses estratégicos com a
construção e militarização de ilhas artificiais no Mar do Sul da China. O
presidente Duterte, das Filipinas, parece ter compreendido os ganhos potenciais
de uma cooperação multipolar, e a recente guinada estratégica efetuada por seu
país está mostrando o caminho para todas as nações asiáticas, especialmente na
sequência do fracasso do projeto de livre comércio denominado TPP
(Trans-Pacific Partnership), abandonado por Washington, que o projetara.
Pertence ao futuro o papel que deverá ser representado pelo velho continente
europeu, desde que continua amarrado à estratégia (norte)americana, focada em
isolar a Rússia, China e Irã e comprometido em promover a hegemonia de
Washington a qualquer custo, mesmo que isso envolve uma espécie de suicídio
econômico, como pode ser visto nas sanções contra a Federação Russa motivadas
pelos acontecimentos na Ucrânia.
Embora não se possa predizer, não se pode da mesma forma excluir uma
mudança de direção pela Europa, como resultado direto das políticas fracassadas
de se ajoelhar perante os interesses dos Estados Unidos em detrimento dos
interesses dos cidadãos europeus. Não é por acaso que muitos partidos europeus,
considerados populistas ou nacionalistas, têm mesmo a intenção de se voltar
para o oriente, na busca de uma cooperação que por longo tempo vem sendo
evitada pela estupidez das elites ocidentais.
China, Rússia e Irã parecem ter mesmo a intenção de acelerar o projeto
de uma cooperação global e não mostram disposição para fechar a porta a
qualquer ator de fora da Eurásia, especialmente em um mundo cada vez mais
globalizado e interconectado. Dê uma olhada nas ligações da República Popular
da China com projetos de desenvolvimento em países da América Latina para
entender como a dimensão ciclópica dessa vontade de incluir todas as nações sem
exceção. É sobre essa fundação que a nova ordem mundial multipolar está
assentada, e cedo ou tarde as elites europeias e (norte)americanas terão que
entender. O dilema que a elite ocidental tem uma dificuldade enorme de
assimilar é o fato de que seu papel será diminuído na futura ordem mundial: os
Estados Unidos e a Europa não mais serão protagonistas, e sim atores em pé de
igualdade no elenco internacional. A ordem multipolar está a todo o vapor,
deixando sem tempo e em crise o mundo unipolar. Como reagirão europeus e
(norte)americanos? Aceitarão o papel de fazer parte do elenco em pé de
igualdade ou rejeitarão a mudança histórica inexorável, relegando-se ao papel
de um doloroso processo de aniquilação e esquecimento?
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